Opinião

A concertação regional

A mini-cimeira da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), convocada pelo seu presidente em exercício e Chefe de Estado angolano, João Lourenço, tem-se mostrado como uma plataforma política e diplomática importante para os problemas da sub-região.

21/04/2021  Última atualização 06H55
Atendendo aos níveis de insegurança que a região vive, particularizando-se aqui a situação na República Democrática do Congo (RDC), a fragilidade política e militar na República Centro Africana, que é o cerne da cimeira convocada, as lideranças da sub-região são chamadas a concertar e coordenar a actuação face aos desafios comuns. A desestabilização da RCA, por força das acções dos seis grupos rebeldes que tentam a todo o custo a tomada do poder pela força, deve ser alvo de respostas à altura.Em Janeiro do ano corrente, os Chefes de Estado e de Governo da CIRGL reuniram-se igualmente aqui em Luanda, no âmbito do processo de consulta e partilha de informações, esforços para melhor coordenarem as possíveis acções de ajuda à RCA.

Hoje, a situação política e militar naquele país agravou-se significativamente na medida em que as forças rebeldes, curiosa e estranhamente comandadas por antigo Presidente da República, têm sob controlo mais de dois terços do território do país. Os avanços contra a cidade de Bangui, a capital da RCA, têm sido contrariados pela presença e acção das forças militares do Rwanda e conselheiros militares russos, que evitam o derrube do Governo democraticamente eleito.

A convocação da mini-cimeira, além da tradicional concertação política e coordenação de acções, atendendo à fragilidade da conjuntura actual naquela país, deve envolver a tomada de medidas consentâneas com a realidade. Os efeitos de uma eventual desestabilização da RCA, que caminha perigosamente para engrossar a lista dos chamados Estados falhados, não aconselham o cruzar dos braços por parte das elites políticas regionais.O Presidente João Lourenço, enquanto líder em exercício da organização sub-regional, pretende que os Estados-membros transformem os desafios de desestabilização da RCA como problemas de todos.

E como solução sustentável, tal como tem defendido o Chefe de Estado angolano, há toda a necessidade de as elites políticas, ali onde existirem focos de instabilidade política e militar, formalizarem processos amplos de concertação, iniciativas inclusivas e redução da marginalização política, social e económica.Ao lado dos esforços para combater a rebelião armada na RCA, é necessário criar condições para a saída política dos actuais problemas naquele país que não têm solução militar. É preciso coragem e sentido de Estado, como demonstrados pelo Presidente da RCA, Faustin Archange-Touadéra, para promover um processo político inclusivo em todo país, desafiando os seus adversários para o diálogo, concertação e reconciliação. 

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