Opinião

A crença tem limite

Matias Adriano

Jornalista

Em leves pinceladas, traçadas, aqui mesmo, neste espaço, na edição de ontem, tratei, mais palavra menos palavra, de tipificar a posição do Ministério da Juventude e Desportos, de acudir à crise financeira da FAF e permitir a Selecção Nacional realizar os jogos com a Gâmbia e com o Gabão, como uma lufada de ar fresco.

13/03/2021  Última atualização 10H40
A desistência transformaria, pois, o país em vítima de acerbas críticas, para lá das consequências punitivas com que iria arcar.
Faltou dizer que todo exercício, que se venha a fazer, visa apenas salvaguardar o bom nome e honra de Angola, respeitando o  que prescrevem os regulamentos da Confederação Africana de Futebol. Não fosse, pouco ou nada valeria o esforço, porque, honestamente falando, os jogos em falta não deixam de ser para mero cumprimento de calendário.

De resto, acreditar na possibilidade de qualificação ao CAN'2022, como apregoa o seleccionador Pedro Gonçalves, é no mínimo ser detentor de uma crença sem limite. Ainda que do ponto de vista matemático seja possível, na mesma não deixa de ser uma hipótese demasiado remota.  Além disso, devemos convergir que pelo nível de futebol, sofrível, explanado, Angola tem andado muitos furos a baixo dos seus concorrentes de grupo.

O esforço que está ser conjugado pelo Minjud para realizar as duas últimas jornadas, devia excluir a convocatória de jogadores que actuam no estrangeiro, como forma de evitar despesas desnecessárias, mais a mais agora que com os testes à Covid-19, nos actos de embarque e de desembarque, as viagens passaram a ser mais onerosas e enfadonhas.
Acusem-me, de alguma leviandade, se for caso para tanto. Mas sou daquele para quem este exercício seria mero desperdício de verbas. Os Palancas Negras já passaram ao largo da qualificação, por falta de ousadia competitiva e, se calhar, de auto-estima. O que vem pela frente, reitero, não é senão mero cumprimento de calendário, e tentar evitar o último lugar do grupo. Claro está,  houve vezes em que se logrou a qualificação "inextremis”. Mas Deus não tem BI angolano.

Sou apologista da ideia de Paulo Tomás, para quem perdida a qualificação, Pedro Gonçalves devia aproveitar, nos próximos dois jogos, rodar jogadores da Selecção Sub-20, já na esteira da renovação que se impõe, para os próximos compromissos, sendo um destes o torneio de apuramento ao Mundial do Catar.
O que fica evidente, é que o nosso futebol carece de profundas mudanças, para voltar a ser futebol, no sentido autêntico da palavra. A complexidade do processo pode exigir sacrifícios. Mas se a solução passa pela troca de tudo e de todos  não se deve tergiversar. O nosso futebol, acamado na Unidade de Cuidados Intensivos,  precisa de rumo...  

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