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“A variante sul-africana é mais complicada”

A directora executiva da Agência Europeia do Medicamento afirma que há ainda dúvidas por esclarecer quanto à eficácia das vacinas sobre algumas das novas variantes do coronavírus.

01/02/2021  Última atualização 08H30
Nova Variante sul-africana © Fotografia por: DR
Emer Cooker admite que, em relação à variante britânica, os testes laboratoriais apontam para uma possível eficácia. Mas, em relação a outras variantes, a realização de testes "é mais complicada”.

"Até agora, têm sido testes invitro. E a indicação inicial é de que estas vacinas vão continuar a ser eficazes, pelo menos da variante do Reino Unido”, afirmou, admitindo, porém, que "a variante sul-africana é mais complicada. Precisamos de trabalho adicional para determinar a eficácia destas vacinas nas populações”. Ouvida terça-feira no Parlamento Europeu, a especialista disse que está em diálogo com 15 laboratórios para novas vacinas, incluindo até com o fabricante russo da Sputnik 5.

"Estamos em conversações com a empresa responsável por essa vacina”, adiantou, acrescentando que os responsáveis da primeira empresa a anunciar a descoberta de uma substância capaz de imunizar contra a Covid-19 "levantaram uma série de questões em termos de aconselhamento científico. E isso determinará como a avaliação poderá avançar no futuro”.

A directora executiva da agência responsável pela avaliação de medicamentos na União Europeia esclareceu, porém, que "não houve qualquer pedido de avaliação, nem de autorização comercial”, no que respeita à empresa russa.
Neste momento, a União Europeia dispõe de duas vacinas com autorização comercial e tem outras duas em fase de testes "avançados”. Para já, não há data para a conclusão da verificação da vacina da Johnson & Johnson. Mas a expectativa é que, até ao final da semana, haja luz verde para a vacina da AstraZeneca.

"Recebemos o pedido de autorização comercial de emergência para a vacina da AstraZeneca a 11 de Janeiro. O nosso comité de especialistas vai reunir-se esta semana. A avaliação está a ser finalizada. Tenho a esperança de que esteja concluído até ao fim desta semana”, admitiu.

A Comissão Europeia promete não criar entraves à autorização e tem como horizonte um prazo de 48 horas para conceder a autorização comercial, logo que a Agência Europeia do Medicamento recomende o uso da vacina.

Mas em relação ao produto desenvolvido pela multinacional farmacêutica, em parceria com a Universidade de Oxford, já foram programados atrasos na entrega das doses contratualizadas com a União Europeia.
O anúncio "surpreendente” da empresa sediada no Reino Unido foi já classificado como "inaceitável”, pela comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides.

Na sexta-feira passada, a empresa AstraZeneca informou à Comissão e aos Estados-Membros da União Europeia que pretende fornecer, nas próximas semanas, "um número consideravelmente menor de doses do que o combinado e anunciado”.

"A União Europeia quer saber exactamente quais doses foram produzidas pela AstraZeneca e onde está exactamente até agora e se ou para quem foram entregues”, afirmou a comissária, lembrando que "o desenvolvimento e a produção da vacina” foi financiado com dinheiro público europeu e a União Europeia "quer ver o retorno”.

"A União Europeia apoiou o rápido desenvolvimento e produção de várias vacinas contra a Covid-19 num total de 2,7 mil milhões de euros”, apontou, exigindo "clareza nas transacções e total transparência no que diz respeito à exportação de vacinas da UE”.
A directora executiva da Agência Europeia do Medicamento condenou os referidos atrasos programados para as entregas das vacinas da AstraZeneca, mas espera que a questão seja ultrapassada.

Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembrou que "a Europa investiu milhares de milhões para ajudar a desenvolver as primeiras vacinas da Covid-19 no mundo, (...) e agora as empresas devem responder”.
"Devem honrar os seus compromissos”, disse a presidente da Comissão Europeia, anunciando a criação de "um mecanismo de transparência na exportação de vacinas”.

Variante inglesa

A variante inglesa mais contagiosa do novo coronavírus também parece estar ligada a uma mortalidade mais elevada, disse o Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, na semana passada. "Agora, também parece que há sinais de que a nova variante, aquela que foi identificada pela primeira vez em Londres, e no Sudeste (de Inglaterra), pode estar ligada a um grau mais alto de mortalidade”, avançou, durante uma conferência de imprensa na residência oficial em Downing Street.

O Reino Unido registou 1401 mortes devido ao vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, nas últimas 24 horas, superior às 1.290 mortes notificadas na véspera. Entre 16 e 22 de Janeiro de 2021, foram registadas 8.686 mortes, o que equivale a uma média diária de 1.241 e a um aumento de 16,4% em relação aos sete dias anteriores.
No total, desde o início da pandemia da Covid-19, o Reino Unido contabilizou 95 981 mortes confirmadas da doença.

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