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ADI contesta a candidatura presidencial de Delfim Neves

A Acção Democrática Independente (ADI), líder da oposição política em São Tomé e Príncipe, contesta a candidatura presidencial de Delfim Neves, presidente da Assembleia Nacional, noticiou, ontem, a Lusa.

02/05/2021  Última atualização 08H15
Delfim Neves (à direita) anunciou candidatura à Presidência da República são-tomense © Fotografia por: DR
A ADI anunciou, ontem, que vai apresentar duas providências cautelares, na Comissão Eleitoral Nacional e no Tribunal Constitucional, contra a candidatura a Presidente da República de Delfim Neves.
 "O incidente de impedimento não só vai para os juízes do Tribunal Constitucional (TC)  avaliarem a candidatura do actual presidente da Assembleia Nacional, como também impedir que eles avaliem a candidatura do engenheiro Carlos Vila Nova, apoiado pela ADI”, justificou o porta-voz do partido.

O porta-voz explicou, ainda, que a razão do seu partido tem a ver com o facto de o grupo parlamentar da ADI "ter pedido, num passado recente, a destituição do cargo do presidente da Assembleia Nacional por causa de vários negócios consigo próprio.
Este incidente que o partido pretende suscitar junto do TC também "tem a ver com o facto de o presidente do Tribunal Constitucional, Pascoal Daio, ter sido o advogado do actual pré-candidato e também um juiz que é seu cunhado”.”Foi o actual pré-candidato que, embora nos termos da lei, empossou os actuais juízes do Tribunal Constitucional, que foram escolhidos a dedo”, referiu.

Outra das razões explicadas pelo porta-voz do maior partido da oposição prende-se com a postura de Delfim Neves enquanto presidente do segundo mais importante órgão de soberania do país.  "Um presidente da Assembleia que está no poder é para fazer melhor. Por conseguinte, se decide ser candidato e decide não suspender o mandato, não pode estar a recordar aos outros que o outro também fez”, acrescentou o responsável. Para a ADI, isso é um "facto que não pode ser descurado”, até porque foi eleito e prometeu fazer melhor”.

A Acção Democrática Independente criticou, também, Delfim Neves por ter-se deslocado a Marrocos e negociar em nome do país sem o conhecimento dos outros responsáveis do Parlamento.
"O actual presidente da Assembleia Nacional viaja a Marrocos sem sabermos se foi em visita oficial ou não, sentou-se com os representantes do Marrocos e disse que o Reino pode contar com a Assembleia de São Tomé e Príncipe para defender os seus interesses em vários fóruns internacionais e a sua causa nacional, nomeadamente no que tem a ver com a anexação do Sahara Ocidental”.

O porta-voz da ADI criticou dizendo ser preciso ter em atenção que o "presidente da Assembleia emana de um órgão colegial, não é chefe dos deputados, ele é o representante máximo dos deputados. Não pode, jamais, viajar sozinho, sentar sozinho, sem os líderes parlamentares de todos os partidos e comprometer São Tomé e Príncipe e hipotecar a política externa” do país.

"O actual presidente da Assembleia está a pouco mais de um ano do fim desta legislatura e nós não conseguimos entender como é que ele pode estar a fazer promessas desse tipo, a não ser que já tenha garantia que vai ser o futuro Presidente da República, mas só pode ter esta garantia se tiver a intenção de o ser na secretaria, porque nas urnas, quem decide é o povo soberano”, acrescentou.

O presidente da Assembleia Nacional são-tomense anunciou, a 12 de Abril, a candidatura às eleições presidenciais, no final de um encontro com o Chefe de Estado, Evaristo Carvalho. O partido de Delfim Neves, Partido da Convergência Democrática (PCD), anunciou, dias depois, o apoio à sua candidatura. O PCD integra, com as outras forças políticas  uma coligação com o Movimento pela Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), que apoia o Governo são-tomense, liderado por Jorge Bom Jesus.

O MLSTP já anunciou que apoiará a candidatura do antigo Primeiro-Ministro, Guilherme Possér da Costa, mas alguns militantes do partido já manifestaram a intenção de avançar com candidaturas independentes às eleições de 18 de Julho, nomeadamente a antiga Primeira-Ministra e candidata nas presidenciais de 2016, Maria das Neves, o antigo líder social-democrata Jorge Amado, a ex-ministra dos Negócios Estrangeiros do actual Governo, Elsa Pinto, e o coronel na reserva Victor Monteiro.

O maior partido da oposição, Acção Democrática Independente (ADI), anunciou apoio à candidatura de Carlos Vila Nova, antigo ministro das Obras Públicas do anterior Executivo, chefiado por Patrice Trovoada (2014-2018).
O Presidente, Evaristo Carvalho, foi apoiado pela ADI em 2016 e está a terminar o primeiro mandato.

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