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África do Sul pondera uma intervenção militar em Palma

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reuniu-se sábado à noite, de emergência, com altos responsáveis da Defesa devido ao ataque no Norte de Moçambique que resultou na ocupação da cidade de Palma e na morte de, pelo menos, um sul-africano, além de vários desaparecidos, noticiou a televisão estatal, que admite a hipótese de uma intervenção militar caso ela seja solicitada pelas autoridades de Maputo.

29/03/2021  Última atualização 07H53
O Presidente sul-africano aguarda o pedido de Maputo para intervir militarmente no conflito © Fotografia por: DR
A Lusa, referiu que o canal público sul-africano avançou ainda que "suspeitos militantes do Estado Islâmico atacaram civis em fuga e ocuparam Palma", salientando que os grupos armados "tomaram" a cidade moçambicana apesar de persistirem combates na área. A Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) está a considerar o destacamento de forças especiais para ajudar a conter a situação de guerra no Norte do país vizinho, referiu, por seu lado, uma fonte da segurança ao portal sul-africano News24.

A África do Sul reforçou ainda no sábado a sua missão diplomática em Moçambique na sequência do ataque na cidade de Palma, junto aos projectos de gás no Norte do país onde trabalham centenas de sul-africanos, anunciou o Governo de Pretória.
Pelo menos, um empreiteiro sul-africano foi morto e vários encontram-se desaparecidos, avançou, também, ontem, a imprensa sul-africana, em resultado do ataque contra um hotel onde cerca de 200 trabalhadores expatriados de várias nacionalidades foram instruídos a refugiarem-se.

Só no Amarula Lodge estão cerca de duas centenas de trabalhadores de diversas nacionalidades. E, segundo relatos das agências noticiosas, uma tentativa de resgate de parte dos expatriados correu mal, tendo sido interceptada pelos rebeldes. Segundo uma fonte dos Serviços de Segurança que operavam na região, citada pelo "The Times”, há "muitas vítimas”, porque de um total de 17 veículos que saíram do Amarula para tentar levar parte dos cidadãos que aí se encontravam apenas sete viaturas escaparam.

"Um barco com 1.800 pessoas que fugiram dos ataques em Palma está ao largo da ci-dade de  Pemba, onde deverá atracar em breve", disse à Lusa uma fonte que acompanha as operações.
Segundo a mesma fonte, a embarcação partiu no sábado de Afungi com destino ao porto de Pemba, encontrando-se já ao largo da capital provincial de Cabo Delgado.

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique pediu apoio para o resgate de cerca de 600 funcionários do Estado que estão nas proximidades de Palma.
A violência está a provocar uma crise humanitária no Norte do país, com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.

 
O ataque
Dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma, norte de Moçambique, foram mortos pelo grupo armado que atacou a vila na quarta-feira, disse, ontem,  o Ministério da Defesa moçambicano.
"Um grupo de terroristas penetrou, dissimuladamente, na vila sede do distrito de Pal-ma e desencadeou acções que culminaram com o assassinato cobarde de dezenas de pessoas indefesas e danos materiais em algumas infra-estruturas do Governo", afirmou Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional de Moçambique.

Omar Saranga fez o rescaldo dos ataques a Palma, iniciados na quarta-feira, num comunicado de im-prensa que leu aos jornalistas, em Maputo, sem direito a perguntas.
"As FDS [Forças de Defesa e Segurança] registaram com pesar a perda de sete vidas de um grupo de cidadãos que se precipitou numa coluna de viaturas saída do Hotel Amarula, que foi emboscada pelos terroristas”, declarou.

As FDS, prosseguiu, reforçaram a sua "estratégia operacional” para conter as inves-
tidas dos atacantes e repor a normalidade em Palma, tendo nos últimos três dias executado acções focadas no resgate de centenas de pessoas, nacionais e estrangeiros, e na protecção de cidadãos e seus bens.



cobarde por parte dos terroristas era o de aterrorizar as populações da vila sede do distrito de Palma e ameaçar o desenvolvimento de infraestruturas que vão propiciar uma melhoria das condições de vida no país e das populações locais, em particular", enfatizou Omar Saranga.
Saranga assinalou que a actuação das FDS está a ser conduzida com estrito respeito pelos direitos humanos.

O ataque desencadeado na quarta-feira em Palma é o mais grave junto aos projectos de gás que estão em desenvolvimento na região, após três anos e meio de insurgência armada na zona.
Um número incalculado de pessoas está desde então a fugir para a península de Afungi.
Um grupo mais restrito, de cerca de 200 cidadãos de diferentes nacionalidades, refugiou-se no hotel Amarula, de onde muitos foram sendo resgatados por terra e mar para a área controlada pela petrolífera Total.




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