Desporto

Alunos enaltecem legado do técnico André Quitongo

Pedro Futa

Jornalista

Após cinco dias da morte do antigo professor de Educação Física e treinador de atletismo, André Tavares Quitongo, várias figuras ligadas à modalidade e ex-estudantes lembram com nostalgia os momentos vividos com o mestre.

27/02/2021  Última atualização 09H20
O malogrado professor André Quitongo teve forte contribuição na formação do homem desportista © Fotografia por: Edições Novembro
Em declarações ao Jornal de Angola, o antigo maratonista da selecção nacional, João Tyamba lembrou o primeiro momento e o último em que participou nas Olimpíadas, com o técnico André Quitongo. "Vivemos uma história linda. A minha primeira participação nos Jogos Olímpicos, em Seul, Coreia do Sul, em 1988, foi com o treinador André Quitongo e também, ele esteve presente na minha última olimpíada, em Beijing, China 2008, foram momentos de muita emoção e lembro-me com nostalgia”,frisou.

João Tyamba agradeceu o legado deixado pelo mestre. "Tudo que sei foi graças a ele, ensinou-me a treinar três vezes ao dia e não tinha hora para dormir. Incumbiu-me uma missão de ganhar a São Silvestre e concretizei. Era um treinador exigente e polivalente Forjou-me dos 800 metros à maratona”, explicou o antigo fundista.

O também antigo velocista dos 110 e 400 metros barreiras, José Aleixo, hoje nas vestes de dirigente desportivo, no Petro de Luanda, disse que teve a sorte de crescer na mesma zona do malogrado. "Fomos vizinhos de bairro e foi quando ele descobriu as minhas qualidades para o atletismo, desde o início da carreira até ao fim conquistei várias medalhas. Numa altura em que eu estava sem condições financeiras para continuar os estudos, André Quitongo colocou-me no Instituto Médio de Educação Física, onde ele foi director. Também impulsionou-me a fazer o curso superior na mesma área, num projecto de Rui Mingas, na Universidade Lusíadas. Ganhei experiência na administração e dirigismo desportivo com ele”, agradeceu.

O jornalista Fernando Cunha, jornalista colocado na Delegação do Jornal de Angola, no Huambo, mostrou-se consternado com o falecimento do seu antigo professor. "Conheci o mestre André Quitongo em Outubro de 1991, quando o meu amigo e também docente Orlando Bonifácio "Gira”, e o meu saudoso camarada António Ferreira Gonçalves "Aleluia”, levaram-me para o Instituto Normal de Educação Física (INEF), onde me formei e tornei-me professor”.

Prosseguindo: "Foi uma amizade de três décadas, sem interrupção de contactos, mesmo quando mudei-me para o Huambo, por razões profissionais. Soube da partida para a eternidade deste grande homem do desporto, figura singular do atletismo e exemplar académico, por intermédio do meu contemporâneo do INEF, Miguel Ângelo de Oliveira Ganga e logo desatei em lágrimas”,lamentou.

O presidente da Federação Angolana de Atletismo (FAA), Bernardo João, antigo atleta de André Quitongo, disse que o malogrado deixa um legado à Nação. "O professor deixa um legado para os angolanos, ele chefiou as selecções nacionais em que fiz parte, nos Jogos de Seul, onde o António Santos conseguiu a medalha de ouro no triplo salto. Ele foi sempre um pai e de trato fácil, soube sempre ultrapassar as dificuldades, além de meu treinador, impulsionou-me a candidatar-me à FAA e deu todo apoio nos dois mandatos. Quase toda franja de desportistas angolanos passou por ele, mormente, Mariano de Almeida, Alcher Mangueira (governador do Namibe), Gertrudes Sepúlveda e tantos outros”,explicou.

O treinador das camadas jovens do Petro de Luanda, Santana João, considerou André Quitongo como um pai. "Ele descobriu-me no Sporting de Luanda, em 1995 e transferiu-me para o Petro de Luanda, durante 10 anos foi o mentor das minhas melhores marcas nos 100, 200 metros, salto em comprimento e triplo salto. A ideia de ser treinador das camadas jovens partiu dele e hoje temos resultados positivos, todos os anos sobem sempre atletas para os seniores”,esclareceu.

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