Política

Angola pede mais dinheiro para o Golfo da Guiné

Edna Dala

Jornalista

Angola defendeu, ontem, maior financiamento dos países membros da Comissão do Golfo da Guiné, para garantir um combate eficaz contra o terrorismo e outros males que ameaçam a paz e a segurança na região.

19/01/2021  Última atualização 08H09
Esmeralda Mendonça admitiu que o financiamento é, ainda, um problema na organização © Fotografia por: Cedida
O posicionamento foi manifestado, em Luanda, pela secretária de Estado para as Relações Exteriores, Esmeralda Mendonça, depois da cerimónia de apresentação do secretário executivo adjunto para os Assuntos Políticos da Comissão do Golfo da Guiné, o diplomata angolano Afonso Evaristo Eduardo "Inguila”.

Esmeralda Mendonça defendeu que os Estados-membros devem traçar estratégias para pôr fim a todo este movimento que assola o Oceano Atlântico. Uma das estratégias, esclareceu, passaria pela concertação, entre os países do Golfo da Guiné, de algumas acções, bem como pelo financiamento, que os permitiria munirem-se de meios para combater o terrorismo marítimo.
A secretária de Estado lamentou que, nos últimos tempos, o Golfo da Guiné tem sofrido vários ataques, com destaque para a pirataria marítima e outros ilícitos. Com efeito, apelou à concertação dos Estados-membros para fazer face à situação. Afirmou que essa acção contribuirá, de certa forma, para o desenvolvimento da região.

Para tal, é preciso dinheiro, mas Esmeralda Mendonça admitiu que o financiamento é, ainda, um problema na Comissão do Golfo da Guiné. Garantiu, entretanto, que tem-se trabalhado para inverter o quadro.
Lembrou que a paz e a segurança são objectivos não só a nível do Golfo da Guiné, mas também da África Central e da Região dos Grandes Lagos. "É nisso que estamos a trabalhar, no sentido de vermos o continente com paz e segurança para o seu desenvolvimento", disse.

Segundo a governante, a indicação do embaixador Afonso Eduardo, para o cargo de secretário executivo adjunto da Comissão do Golfo da Guiné, demonstra a importância que as autoridades angolanas atribuem à organização.
A indicação, acrescentou, é, também, o compromisso de Angola continuar a cooperar com a organização na busca de soluções para os problemas conjunturais que afligem os países-membros, de forma particular, os que podem constituir-se numa ameaça generalizada para a região.

Por intermédio da Comissão do Golfo da Guiné, disse, os Estados-membros podem desenvolver competências que permitam a exploração racional e concertada dos recursos energéticos e marítimos da região para o benefício das respectivas populações.
O director administrativo da Comissão do Golfo da Guiné concordou com a secretária de Estado para as Relações Exteriores, ao afirmar que a disponibilização de meios humanos, financeiros e logísticos para o funcionamento normal não tem sido o ponto forte da organização.

Benjamin Mibuy disse que, apesar das deficiências a este respeito, os funcionários continuam a ser incentivados a trabalhar para a melhoria e reafirmação da organização.
Mibuy, que falou em nome da secretária executiva da Comissão do Golfo da Guiné, Florentina Adenike Ukonga, agradeceu ao Presidente João Lourenço, pelo permanente apoio humano, financeiro e logístico à organização.

Os desafios de Eduardo Inguila

Depois da apresentação, Afonso Evaristo Eduardo "Inguila" disse que um dos grandes desafios passa por convencer os demais países-membros a seguirem o mesmo caminho para se atingir o principal objectivo de transformar o Golfo da Guiné numa área de paz e segurança.  
Eduardo Inguila, que substitui o embaixador Gilberto Veríssimo, que agora exerce o cargo de secretário executivo da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), disse que 90 por cento da criminalidade ao longo do Oceano Atlântico regista-se no Golfo da Guiné, cifra que considerou preocupante.

O diplomata referiu-se, ainda, a outras acções a serem realizadas, mesmo com a Covid-19. "Todos os esforços serão conjugados para garantir um trabalho de qualidade, apesar da pandemia que assola o mundo", garantiu Inguila, defendendo que "temos que aprender a trabalhar com a pandemia, lutando contra ela e outros males que afectam a região".

Afonso Evaristo Eduardo, nomeado recentemente ao novo cargo, pelo Chefe de Estado da Nigéria e presidente em exercício da organização sub-regional, Muhammadu Buhari, é quadro do Ministério das Relações Exteriores há 41 anos. Exerceu ao longo da carreira várias funções, com destaque para director para África, Médio Oriente e Organizações Regionais do Ministério das Relações Exteriores e de director-geral do Protocolo de Estado. Como diplomata, teve passagem em várias missões diplomáticas do país.

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