Desporto

Angola “salva a honra” com vitória pragmática

Paulo Caculo

Jornalista

A história da vitória de Angola, ontem, frente ao Gabão, resume-se a dois golos de belo efeito e a períodos de imensa disputa pela posse de bola e ocasiões para marcar. O jogo foi pontuável à última jornada do grupo D das eliminatórias de acesso ao CAN dos Camarões, em 2022.

30/03/2021  Última atualização 07H55
Jogadores tiveram atitude irrepreensível e fizeram a festa no final do jogo no 11 de Novembro © Fotografia por: José Cola | Edições Novembro
Os golos foram marcados por Show, aos 63 minutos, e Loide, aos 68', que deram corpo a uma vitória. Pressionado pela necessidade imperiosa de conquistar os primeiros três pontos, para, ao menos no último jogo, se despedirem com brilho na campanha fracassada, os angolanos entraram melhor no jogo.

Empurrados pelo futebol veloz e endiabrado de Vá, Angola deu, aos 25 minutos, o primeiro sinal de que pretendia vencer o jogo. O remate de Ary Papel levava o caminho do golo, mas foi travado pelo poste esquerdo da baliza dos gaboneses.
A reacção dos palancas não ficou por aí. No minuto 44 seria o estreante Mbala Nzola a protagonizar um dos maiores falhanços da equipa.

Durante largos períodos da etapa inicial, a partida estava dominada pela alternância da posse de bola e de ocasiões de golo, embora com maior volume de oportunidades para Angola, fruto, também, da enorme pressão que submetia o Gabão à defesa.

Segunda parte
Na segunda parte, o conjunto nacional voltou mais forte, mais incisivo e com futebol pragmático.
Era, na maioria das vezes, pelos pés de Vá, Fredy e Ary Papel que se via as jogadas muito mais esclarecidas, com princípio, meio e fim, capaz de provocar sérios calafrios ao último reduto dos gaboneses.

Fruto deste estado de coisas, acabou sendo, com alguma naturalidade, que Show chegaria ao golo inaugural, na sequência de uma jogada muito bem produzida por Vá e Fredy, com este último a cruzar atrasado para Show finalizar com perfeição.
A vencer, por 1-0, Angola acreditou ainda mais e procurou pelo segundo golo. Com os jogadores a reagirem em conformidade, sentia-se a presença de arte e engenho às suas jogadas do combinado nacional para, com isto, descobrir caminhos de acesso à baliza contrária e incomodar o guarda-redes.

O golo de Loide - puto promissor do Sporting B de Portugal - viria a confirmar a redenção dos Palancas, numa campanha que defraudou às expectativas.
A dada altura, custava acreditar que do outro lado estava o Gabão que nos criou imensas dificuldades no jogo passado e que "roubou" a Angola o lugar de qualificação ao CAN, porque surgiu revigorada, espelhou  força colectiva e sinais de que ainda se pode acreditar nos novos talentos que ganham oportunidade na selecção e, obviamente, no futuro promissor.

Para esta vitória, Angola pressionou quanto bastou e revelou eficácia ofensiva. E, diga-se mesmos que, nesse aspecto, mais pragmáticos no ataque, com o trio composto por Vá, Ary Papel (foi substituído por Herenilson) e Mbala Nzola a serem os principais "desmancha prazeres" da defensiva gabonesa, que nem a motivação da qualificação ajudou a acrescentar muito de novo ao seu futebol.

Os dois golos rubricados pela Selecção Nacional chegaria para colocar em evidência a superioridade demonstrada pelo ataque, cuja eficácia esteve durante toda a campanha ofuscada.
Diante do Gabão, ontem, Angola podia até construir uma vitória muito mais dilatada, não fosse os desperdícios de Ary Papel e Mbala Nzola na primeira parte e de Anderson na segunda, um dos quais numa jogada individual na pequena área do adversário, em que faltou calma e serenidade suficiente  para finalizar com êxito.

De resto, os pupilos de Pedro Gonçalves deixaram transparecer a imagem de que, com maior trabalho e outras "mais valias" em sectores fundamentais da manobra ofensiva do conjunto, Angola pode encarar com maior optimismo o próximo compromisso de tentar alcançar o Mundial do Qatar.   


  Ministra dos Desportos testemunha triunfo
A ministra angolana da Juventude e Desportos, Ana Paula do Sacramento Neto, foi ontem a assistente VIP do jogo entre as selecções de Angola e do Gabão.
A governante testemunhou a vitória dos Palancas Negras.

Durante quase todo o jogo, a ministra esteve bastante atenta à exibição dos angolanos, tendo vibrado a cada golo. A presença de Ana Paula do Sacramento Neto no  Estádio Nacional 11 de Novembro pode ter servido de factor de motivação, tendo ajudado os pupilos de Pedro Gonçalves a conquistarem a única vitória no fecho da campanha qualificativa  ao CAN do próximo ano.

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