Cultura

Antologia de poesia angolana com edição alargada

A antologia inclui “formas de arte verbal ou oratura” com poemas recolhidos das tradições Kikongo, Kimbundu, Kwanyama e Umbundu e os primeiros documentos literários (poéticos), que remontam ao século XVII.

18/04/2021  Última atualização 06H00
© Fotografia por: DR
Os precursores José da Silva Maia Ferreira, Cândido Furtado, Cordeiro da Mata, Pedro Félix Machado, e outros, que produziram no século XIX, têm igualmente os seus poemas referenciados. O grosso dos poetas (e seus poemas) está, obviamente, recenseado sob o capítulo "Modernidade e Contemporaneidade – Continuidades e Descontinuidades Séc. XX-XXI). Estes são, enfim, os poetas do nosso tempo.

Organizados alfabeticamente, estão aí Abreu Paxe, Adriano Botelho de Vasconcelos, Agostinho Neto, Aires de Almeida Santos, Amélia Dalomba, Ana Paula Tavares, António Pompílio, Conceição Cristóvão, Gonguita Diogo, João Tala, John Bella, José Luís Mendonça, José Eduardo Agualusa, Lopito Feijó, Manuel Rui, Manuel António, Ondjaki, Sapyruka… Para atestar da abrangência dos poetas antologiados, desafiamos o leitor a pensar num poeta angolano qualquer, de qualquer geração, e apostamos que estará certamente neste livro de mais de mais de 600 páginas. Estamos a falar da edição publicada em 2011. 


Modificações profundas

Irene Guerra Marques disse ao Jornal de Angola que a nova edição sofreu profundas modificações em relação à de 2011, pois trata-se de uma edição revista, acrescentada e actualizada.  "As alterações introduzidas dizem respeito à inserção de novos dados, novas informações, novas notas explicativas e novos poetas que contribuíram para o alargamento do corpus”.
Ainda segundo a investigadora foram respeitadas as grafias originais (sécs. XVII e XIX), bem como as traduções em língua portuguesa. "Como novidade esclarecemos a questão da autoria de um poema do séc. XVII, considerado no anonimato até agora. A Introdução foi alterada com vista ao fornecimento de mais informações sobre as gerações que integram a antologia e o prefácio é de Francisco Soares, especialista em literatura e estudos literários”.
A inclusão de poetas do século XXI, que o crítico literário João Fernando André considera como pertencendo à Geração da Insana Idade, marca igualmente a diferença em relação à edição anterior.

Carlos Ferreira, co-organizador, igualmente contactado por este jornal, reiterou a existência de diferenças substanciais entre as duas edições. "No domínio dos autores lembro o acrescento de Carlos Pedro, Job Sipitali e Helena Dias, entre outros”, afirmou, acrescentando que a revisão de todo o trabalho foi bastante melhorada, pois "a edição de 2011 tinha bastantes erros, fruto de uma falta de revisão aturada”. A segunda edição  da antologia "Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor” só foi possível, segundo Carlos Ferreira, graças à empresa DST, que a patrocinou.


Dupla chancela
"Esta nova edição que é da Guerra & Paz editores, mas também da Mayamba, tem mais cerca de 70 páginas e alargou a poetas contemporâneos o arco temporal coberto pela antologia. A capa, o layout do miolo, são completamente novos. Usámos, a pedido dos organizadores, ilustrações do Mestre José Rodrigues, mas optámos por uma imagem diferente da que se usou na edição de 2011, escolhendo uma imagem mais feliz e optimista - a de 2011 tinha como símbolo mais forte a lágrima - e mais cósmica, com sol e lua, o que joga com o título da antologia”, explicou Manuel Fonseca, responsável editorial da Guerra & Paz. "Por outro lado, pintámos à mão as três faces do miolo, num tom ‘bordô’ que casa com o bordejamento da mesma cor da capa e da contracapa. Julgo que fizemos um trabalho decente, porque a recepção tem sido muito boa”, completou.

O Jornal de Angola tentou contactar a editora Mayamba, na pessoa do seu responsável Arlindo Isabel, para, entre outros aspectos, saber quando a nova edição de "Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor” será posta a circular em Angola, lamentavelmente sem sucesso.

Isaquiel Cori

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