Economia

Aposta na exploração de calcário pretende potenciar a agricultura

Hélder Jeremias

Jornalista

O Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, em parceria com o da Agricultura e Pescas, pretende massificar o uso do calcário dolomítico na correcção da acidez dos solos, para aumentar a produção agrícola do país, sobretudo de cereais e hortícolas, conforme fez saber, ontem, em Luanda, o ministro Diamantino Pedro Azevedo.

20/04/2021  Última atualização 10H50
Ministro Diamantino Pedro Azevedo presidiu ontem ao II Workshop © Fotografia por: Vigas da Purificação | Edições Novembro
Para o efeito, uma comissão composta por técnicos de ambos os sectores, especialistas e empresários deverá ser criada para efectuar estudos aprofundados que permitam encontrar as melhores vias para o incremento produtivo e o acesso menos oneroso de calcário dolomítico (com maior concentração de óxido de cálcio e magnésio) às unidades produtivas e agricultores familiares.O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás falava, durante o  II Workshop sobre o Uso de Calcário Dolomítico, realizado no Centro de Convenções de Talatona, nas comemorações da Jornada do Mineiro, alusiva ao Dia do Mineiro, a ser celebrado dia 27 deste mês. O dia de ontem ficou também assinalado pela realização do Encontro de Mulheres de Ciências e Geoengenharias.

De acordo com o ministro, o facto de existir em Angola a ocorrência de calcário dolomítico (com maior concentração de óxido de cálcio e magnésio) é uma premissa para colocar-se este importante recurso ao serviço da agricultura nacional, com o propósito de fornecer alimentos cada vez mais baratos as populações. Isso passa pelo contributo daqueles que dominam os pormenores técnicos da cadeia de produção e distribuição, assim como as instituições bancárias responsáveis pela concessão de créditos para alavancar o sector.

No evento em que participaram representantes do Instituto de Geologia de An-gola, do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), a Empresa Calcária da Huíla, a Associação Industrial de Angola (AIA), empresários e vários técnicos, ficou-se a saber de aspectos sobre os custos de produção, preço do calcário no mercado, requisitos para o acesso aos financiamentos, impacto na agricultura e a legislação para a exploração.

"Todas as informações e troca de experiências com pessoas que dominam a ma-téria levam-nos a concluir que criaremos, em breve, uma comissão para tratar de matérias ligadas à cadeia de produção, porque só com a aplicação de conhecimentos sobre os recursos, poderemos alcançar as metas desejadas, tal como a redução dos custos de produção. Temos ainda um programa de estudos hidrológicos que vão incidir sobre os aquíferos e todo potencial de reservas de água existente”, informou.
52 empresas licenciadas
Dados avançados pelo ministério de tutela revelam a existência no país dum universo de 52 empresas licenciadas para explorar Calcário Dolomítico, mas apenas cinco estão a desenvolver esta actividade. A maior parte dedica-se à exploração do mineral para fins de construção de estradas.

Há também escassez de recursos financeiros como razão da exígua aplicação no processo produtivo devido a falta de conhecimento sobre as vantagens do mesmo.A utilização do calcário dolomítico, de acordo com o representante do BDA, Clemente Paulo, eleva a produção de feijão para nove vezes mais do que com o uso de simples fertilizantes, mantendo um custo de produção na ordem dos 5,0 por cento, facto que serve de estímulo para um investimento mais segmentado, desde que os empresários reúnam os requisitos para o acesso aos créditos, através de projectos exequíveis.

O gestor principal da Em-presa Calcária da Huíla, João Teixeira, apontou a falta de linhas de financiamento como o principal entrave para incrementar os níveis de produção actual, tendo garantido que com um crédito de cinco milhões de dólares e subvenção da transportação, aquela unidade produtiva poderia fornecer matéria-prima suficiente para atender as necessidades do país, acabando, desta forma, com as importações.

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