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Arranca “super ano eleitoral” com futuro político em aberto

As votações regionais nos estados de Bade-Vurtemberga e Renânia-Palatinado, que decorrem amanhã, assinalam o início de um “super ano eleitoral” na Alemanha, com o resultado das legislativas de Setembro ainda indefinido.

13/03/2021  Última atualização 12H03
Resultados das eleições na Alemanha aguardadas com grande expectativa na União Europeia © Fotografia por: DR
São as primeiras duas regiões a escolher um novo Governo, seguindo-se os estados da Alta Saxónia, a 6 de Junho, e Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, Turíngia e Berlim, no mesmo dia das legislativas, a 26 de Setembro.
Além disso, decorrem ainda eleições municipais em Hesse, no domingo, e na Baixa Saxónia a 12 de Setembro.

Em declarações à Lusa, o politólogo Thomas König, diz que a situação na Alemanha é "muito volátil”.
Já Thorsten Benner, co-fundador e director do Global Public Policy Institute (GPPi), assume que as próximas eleições federais são as que apresentam um cenário "mais em aberto” na história recente do país. O professor de Ciência Política, Lothar Probst, admite que os resultados de Setembro são "difíceis de prever”.

"A subida de popularidade da União Democrata-Cristã de cerca de 10 por cento nas sondagens, devido à crise provada pela pandemia de Covid-19, já praticamente se desvaneceu. Uma combinação de fracasso político dos principais ministros da CDU (Saúde e Economia) com fracasso moral (corrupção de deputados) cria enormes problemas para o partido de Merkel a caminho das eleições”, define à Lusa o politólogo Thorsten Benner.

E se durante algum tempo "parecia claro” que o próximo chanceler "viria da CDU-CSU”, agora "já não se pode ter a certeza”, sentencia, justificando que as sondagens dão ao novo líder dos democratas-cristãos, Armin Laschet, resultados "muito fracos”, levando até vários elementos do partido a dizer que "ele não tem o que é preciso para ser o próximo chefe do Governo”.

"Os eleitores estão muito desiludidos com a forma como o Governo alemão - liderado pela CDU e pelo SPD (Partido Social-democrata da Alemanha), com Angela Merkel como chanceler, e os responsáveis dos 16 estados federais - administrou a crise, gerindo a vacinação, a testagem e confinamento”, admite o professor da Universidade de Manheim, Thomas König, em declarações à Lusa.

"Antes, a União beneficiava de um grande apoio devido à forma como geriu a crise, mas, entretanto, a Alemanha ficou para trás”, acrescenta.
Como consequência, os resultados são uma incógnita, acredita Benner, traçando uma previsão para o futuro dos principais partidos a votos.

"Os Verdes podem tirar partido da fraqueza da CDU, mas ainda têm de nomear o seu candidato. Os liberais do FDP também têm a ganhar porque oferecem a alternativa mais consistente ao método corona da CDU/CSU!, explicou, realçando que o SPD é, ainda, uma incógnita.
"Não sabemos como é que os social-democratas se vão sair: eles têm um candidato respeitado, Olaf Scholz, mas a sua campanha ainda não conseguiu descolar”, acrescentou.

Já as perspectivas do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) são "incertas”, já que não têm sido capazes de "capitalizar tanto as fraquezas do Governo, uma vez que têm as suas próprias fraquezas internas”, dando o exemplo dos negacionistas e cépticos da vacinação que integram esta formação.

Lothar Probst, politólogo da Universidade de Bremen, comenta os números divulgados nas mais recentes sondagens, acreditando que eles demonstram um "desconforto crescente” dos eleitores com a forma como a "grande coligação” que forma o Governo está a gerir a actual crise.

"É devastador para o SPD conseguir 16 por cento. Apenas para os Verdes as previsões parecem ser muito boas. Eles conseguem chegar aos 20 por cento e vão concorrer, pela primeira vez na sua história, com um candidato (homem ou mulher) para a chancelaria”, salientou à Lusa, duvidando  a capacidade da AfD conseguir atrair o eleitorado que está contra as políticas de confinamento decretadas pelo Governo.

Mas há ainda outras incógnitas que podem determinar o ano político e, sobretudo, a escolha do sucessor de Angela Merkel.
"CDU e Verdes ainda têm de escolher os seus candidatos e ninguém sabe se a pandemia vai lentamente desaparecer no Verão depois de uma vacinação bem-sucedida”, destacou, admitindo que uma coligação entre a CDU e os Verdes seja o cenário "mais provável”, não descartando outras formações.

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