Opinião

As ligações fronteiriças

A aposta nas ligações fronteiriças, que viabilizem a livre circulação de pessoas e bens, constitui dos verdadeiros ganhos dos Estados modernos, quer por força dos processos de integração, quer por obra de acordos bilaterais, entre outras iniciativas. Angola tem uma grande vantagem em termos de contiguidade territorial com os seus vizinhos, um activo que pode servir positivamente para promover negócios, incrementar oportunidades entre ambos os povos.

20/03/2021  Última atualização 09H31
Há quem defenda, com justificada razão, a necessidade de ligações rodoviárias transfronteiriças para ligar os principais pontos de entrada e saída com os países limítrofes, como forma de acelerar as trocas comerciais. Na verdade, essa realidade está em consonância com os esforços continentais, no âmbito da implementação da Zona de Livre Comércio Continental Africana, que entrou em vigor a partir de um de Janeiro de 2021. Logo, faz todo o sentido que os Estados façam proveito da contiguidade territorial, criando corredores que facilitem a circulação de pessoas e bens como pressuposto para  erradicar a pobreza, o desemprego e outras realidades que inviabilizam maior aproximação entre os povos e culturas.

Somos de opinião de que os corredores rodoviários, ligando Angola aos países vizinhos, se devidamente operacionais, servindo os processos de circulação de pessoas e bens, são, também, verdadeiras garantias de aumento do comércio transfronteiriço, dentro dos marcos legais dos respectivos ordenamentos. Ao lado das trocas comerciais, está igualmente a perspectiva de maior conexão entre Angola e a sua diáspora, nos países vizinhos que, combinada, perfaz o maior bloco de cidadãos nacionais fora das fronteiras angolanas. Não há dúvidas de que, com corredores rodoviários para as ligações transfronteiriças acabaremos por maximizar os ganhos que resultam desta importante realidade.

É salutar ouvir que há iniciativa no sentido de recuperação da ligação rodoviária entre Angola e a Zâmbia, facto que levou ao último uma delegação de empresários angolanos para estudar com as autoridades zambianas a participação nas obras de reabilitação dos principais troços.
Com os quatro países vizinhos, com os quais Angola possui excelentes relações políticas, diplomáticas e trocas comerciais, nalguns casos ainda residuais, a existência de corredores rodoviários poderá transformar-se numa espécie de  cereja no topo do bolo dos laços económicos e comerciais.

As oportunidades ao longo das fronteiras são monumentais e, não raras vezes, por falta de uma estratégia bilateral ou multilateral que ajude na regulação, funcionamento e na produção de vantagens mútuas, acabam por ser "sequestradas” pelos contrabandistas. Seguramente, a ausência de circulação de pessoas e bens num formato que proporciona maior transparência, maior fiscalização, ganhos mutuamente vantajosos e  limite o espaço de manobra ao contrabando de mercadorias. As ligações fronteiriças não têm que servir como trampolim para contrabandistas, traficantes, em suma pessoas em conflito com a lei e em fuga, mas estar voltada à aproximação dos povos, das oportunidades de  negócios, dos laços culturais e do bem-estar entre os países vizinhos.

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