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“Atletas sabem que os jogos com o Petro são para vencer”

Em véspera de acolher, pela primeira vez, a Supertaça Babacar Fall em andebol sénior feminino, marcada para 22 do mês corrente, no Pavilhão Paulo Bunze, o presidente de direcção do 1º de Agosto destacou o prestígio que representa, para o país e para o clube que lidera, albergar a prova continental, que marca a abertura da época da Confederação Africana da modalidade (CAHB).

18/05/2021  Última atualização 06H00
© Fotografia por: Paulo Mulaza | Edições Novembro
Desde as condições já asseguradas para o jogo, ao orçamento, recursos humanos mobilizados, actual estado da modalidade, investimento no sector masculino, etc. Carlos Hendrick respondeu a todas as questões que despertam a curiosidade dos aficcionados, durante a conversa amena mantida numa das salas da Cidade Desportiva.


Como a direcção do clube encara a organização da Supertaça? 

É um prémio da Confederação Africana. Somos detentores do título africano e mundial. Ninguém nos tira esse mérito. O primeiro campeão do mundo de clubes é o 1º de Agosto. A CAHB neste
caso nos premeia. Estamos satisfeitos e dispostos a organizar a prova.  Os primeiros passos já foram dados. Não é difícil realizar a Supertaça. Temos alojamento para atletas e árbitros. O Petro de Luanda é a equipa adversária e esse facto torna tudo mais fácil. Tudo se resolve sem muito dinheiro e dentro da Cidade Desportiva.   

Já deram a conhecer à entidade superior, o Ministério da Juventude e Desportos? 


Todo o trabalho de casa já foi feito. A Federação de Andebol já encaminhou toda a documentação ao Minjud, a fim de receber autorização. A data está próxima. Espero que as coisas sejam rapidamente resolvidas. Não haverá qualquer dificuldade ou risco de biossegurança.  

Qual é o orçamento da Babacar Fall? 

Não vamos gastar muito dinheiro. Temos de comprar os bilhetes de passagem para os dirigentes e árbitros da Confederação. Um pouco menos ou mais de dez milhões de kwanzas.  

É relevante para o clube realizar essa prova? 


É importante para o país. Não somente para o 1º de Agosto. Demonstra a organização do nosso país, capacidade de acolher competições continentais. É um prestígio para todos que trabalham no Desporto e no Executivo. O mo-mento é oportuno. As duas melhores equipas de África disputam o troféu em casa.  

Já havia interesse de albergar alguma competição continental? 

Neste momento só podemos realizar a Supertaça. Mas o nosso objectivo é ter a Cidade Desportiva pronta para albergar um Campeonato Africano, ou a Taça dos Clubes Campeões. Podemos ter as equipas alojadas aqui, cerca de 200 atletas, com preços não muito altos. Mas em função do actual quadro mundial, será muito difícil organizarmos uma competição desta envergadura.   

Quantas pessoas estão envolvidas na organização? 


Temos um cronograma de actividades, com vista à realização do jogo. Tudo já está acautelado. Houve uma mobilização para o efeito. A nossa rádio e a área de Marketing têm passado a mensagem. No cômputo geral estão envolvidas cerca de 50 pessoas.   

Nesta fase têm contacto permanente com os membros da CAHB? 

Temos a sorte de ter no país um vice-presidente da Confederação, o senhor Pedro Godinho.  Falamos com regularidade e nos tem dado as devidas orientações nesse sentido. É uma pessoa experiente no capítulo de organização de competições.  

A jogarem pela primeira vez em casa, que mensagem a direcção do clube passa às jogadoras? 

A mensagem é a mesma em todas as modalidades. O objectivo é sempre o mesmo: ganhar. Todos os dirigentes e atletas sabem que a mensagem é única. Não há outra. Somos um clube grande, das Forças Armadas Angolanas.  Não pode ser diferente. Cada jogo é um jogo e podem surgir dificuldades. Temos tido bons resultados com o Petro e elas sabem que os desafios com as petrolíferas são para vencer. Em função do actual contexto, Isabel Guialo, Carolina Morais e Albertina Kassoma falham a disputa da Supertaça, por terem ainda compromissos com os actuais clubes. Só regressam em Junho.  

Haverá reforços para a Su-pertaça? 

Não haverá. Vamos jogar com o mesmo grupo que disputou o Nacional. Se reforçarmos, a nossa equipa ficará muito forte...(risos). Com a Kassoma, Guialo e Carolina seríamos quase imbatíveis... (risos).  

O que se passa com a Cristiane Mwasessa? 

Tem problemas de fórum pessoal, por isso foi dispensada. Mas continua a ser nossa jogadora. Pode chegar a qualquer momento.   

O facto de as duas melhores equipas serem angolanas é motivo de satisfação? 


Estamos num país onde se dá muita importância ao andebol feminino. Portanto, não podia ser diferente e é bom que assim seja. Durante muito tempo, o Petro dominou as diferentes competições e depois o 1º de Agosto tomou as rédeas da situação. Trabalhamos muito. Apostámos na formação, algumas vezes fomos buscar atletas do ASA e do Petro. Actualmente somos o clube que mais forma e fornece jogadoras às selecções nacionais, nas diferentes categorias.

Contam com o apoio de outras instituições na organização da Supertaça? 


Esperamos que a partida seja transmitida pelos diferentes Órgãos de Comunicação Social. São nossos parceiros.  

Já agora, que condições estão criadas para os jornalistas?

Basta irmos ao Pavilhão. Com certeza estão criadas as condições para trabalharem. Vamos testar os jornalistas, ou seja, vão entrar num meio seguro, a nossa cidade, com as condições de biossegurança.   

Os jornalistas vão pagar pelos testes? 

Não. Os testes serão grátis. Quanto mais facilitarmos melhor será. Teremos várias equipas médicas do clube e do Centro Nacional de Medicina do Desporto. Por outro lado, o Centro vai responder por todas as questões inerentes à biossegurança.  

Relativamente à Taça das Taças, o 1º de Agosto vai participar?

Já tínhamos comunicado à CAHB a nossa desistência e fomos informados que a renúncia acarreta punição. Não se deve recusar a participação. Acho que vários clubes não confirmaram presença, por isso remarcaram para Agosto. Talvez possamos participar. 

Caso se efective a desistência, qual é o valor da punição?


Dez mil euros.

Como avalia o actual estado da modalidade? 


O actual estado advém de uma situação não muito boa. O campeonato é jogado a dois, Petro e 1º de Agosto. O Petro talvez tenha deixado de formar ou não tem a mesma qualidade. A direcção do clube tricolor devia preocupar-se, embora isso não me diga respeito, acho que houve um desinvestimento em relação ao andebol. Temos melhores condições e mais jogadoras, cerca de 250, em diferentes categorias.   

O que se pretende com o envio de jogadoras para a Europa? 


Somente melhorar o nível competitivo. Mas há também o orgulho pessoal, jogadoras serem cobiçadas por equipas europeias. É uma mais-valia para o clube e Se-lecção. Apoiamos a saída e os resultados são visíveis. Em relação à Aznaide, Carolina, Guialo e a Kassoma nota-se outra qualidade.  

Quando podemos dar o salto qualitativo em mundiais e Jogos Olímpicos?


Precisamos de pensar internamente. Melhorar as nossas competições internas e trazer treinadores estrangeiros para formar dez a 30 técnicos nacionais.  Só assim vamos ganhar competições fora. Devemos criar as condições para formar aqui os nossos jogadores. O estrangeiro forma e deixa o "know how”.  Foi assim que fizemos no futebol, numa parceria com o Sporting FC de Portugal. Bito, Zine, Melono, Cirino, Mário e Fernando são resultados deste investimento. Somos os únicos a desejar que a formação seja uma realidade no país. Para alcançarmos isso,  precisamos de bons professores ou treinadores, rigor, disciplina e dinamismo. São necessários dez anos para formar um bom profissional e dez mil horas de trabalho. Se não tivermos bons professores ou treinadores, então não teremos bons atletas.  

 Por que não se faz o mesmo investimento no andebol masculino?


Investimos. Eles têm e tiveram oportunidades. O Gama conta com dois campos e um ginásio. As condições estão criadas. Filipe Cruz está há muito tempo connosco.  Por outro lado, há diferença na morfologia do homem e da mulher. Elas crescem rápido, comparativamente aos masculinos. É provável que haja alguma falta de conhecimento por parte dos treinadores. Hoje, os atletas de andebol têm uma altura elevada. Pelo menos é assim nas selecções e equipas do Norte de África. Mas na região subsaariana a realidade é bem diferente.   

Por este motivo não disputam a Taça dos Clubes Campeões? 

São vários os motivos. A Covid-19 afectou muito os clubes, do ponto de vista financeiro. Já não temos as mesmas condições que tínhamos antes da pandemia.  

Ainda existe disparidade salarial entre o masculino e feminino? 

Não. Mas já houve. Nós normalizámos essa situação. Agora é pelo desempenho de cada atleta. Temos uma folha salarial estável. 

PERFIL


Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva

Data de Nascimento
30-01-1948  

Estado Civil:
 
Casado                                             

Ocupação

Presidente do 1º de Agosto. Desde 2011 a cumprir  o terceiro mandato   


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