A ideia, segundo regedores da região, é evitar  cenários sangrentos como os ocorridos no mês passado, na vila mi-neira de Cafunfo, município do Cuango, Lunda-Norte, na resposta das forças de Defesa e Segurança ao ataque a uma esquadra policial.
Durante o encontro, realizado no centro turístico Isabel Matuca, em Saurimo, o regedor de Cacolo, Armin-do Satxicapo, considerou que o "desentendimento entre as linhagens que estruturam a hierarquia e normas de acesso ao poder tradicional na região” potencia a violência.

Armindo Satxicapo disse que os participantes deviam propor ideias viáveis para "a identificação dos autores das confusões” aproveitadas por João Filipe Malaquito, líder do protectorado Lunda-Tchokwe, uma organização não reconhecida. Satxicapo concordou com as manifestações pacíficas, nos termos da Constituição da República, e incentivou os de-mais regedores a proporem ideias que ajudem o Governo a combater as assimetrias no desenvolvimento da Região Leste.

Pela Lunda-Norte, o regedor de Comboio, Celestino Camuapo, defendeu maior protagonismo das autoridades tradicionais nas áreas de jurisdição. O soba defendeu, também, que o soberano Lunda Tchokwe deve realizar visitas regulares para auscultação nas regedorias e localidades afins,  para a região deixar de ser palco de mortes desnecessárias.

O regedor de Muatxanda, em Capaia, município de Lucapa, lamentou a miséria em que o povo vive e criticou a  passagem diária de efectivos das FAA e Polícia Nacional em viaturas militares, transportando grupos de nacionais e estrangeiros, para trabalharem nas zonas de garimpo de diamantes.

O soba Alberto Caxala, em representação da província do Moxico, criticou a falta de um representante tradicional da Região Leste no Conselho da República, ao contrário das regiões Norte e Sul. O soba Mupila Txamocomoco criticou o tribalismo que desponta pelo "desprezo aos Tchokwe, na província do Moxico”.

Para o porta-voz do encontro, Guilherme Martins, as conclusões seriam distribuídas aos governos das três províncias que integram a Região Leste.
No dia 30 de Janeiro, cerca de 300 membros do protectorado Lunda-Tchokwe tentaram invadir a esquadra policial de Cafunfo para colocar a bandeira do referi-do movimento. A reacção das forças de Defesa e Segurança resultou na morte de seis pessoas.

Adão Diogo e Kamuanga Júlia | Saurimo