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Barragem sobre o Nilo continua sem acordo

Egipto, Sudão e Etiópia não conseguiram, no domingo, avanços nas conversações, lideradas pela União Africana, para resolver a disputa sobre a controversa barragem que as autoridades de Addis Abeba estão a construir sobre o rio Nilo, disseram os três países num comunicado divulgado ontem e ao qual a Reuters teve acesso.

12/01/2021  Última atualização 10H15
Pormenor da reunião tripartida sob a égide da África do Sul © Fotografia por: DR
Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Água dos três países reuniram-se ‘on-line’, pela segunda vez numa semana, para tentar encontrar uma abordagem acordada para retomar as conversações centradas no enchimento e funcionamento da Grande Barragem Renascentista da Etiópia.

Na reunião, realizada por videoconferência, os três países não conseguiram encontrar um terreno comum para avançar mais, "devido a divergências sobre como retomar as conversações e os aspectos processuais relacionados com a negociação”, disse o Ministério egípcio dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

O Cairo e Addis Abeba rejeitaram a proposta do Sudão, afirmou o ministério egípcio dos Negócios Estrangeiros. O Ministério etíope dos Negócios Estrangeiros também disse que o Sudão rejeitou uma proposta da África do Sul para se reunir separadamente com peritos da Unoão Africana.

O ministro sudanês de Irrigação, Yasser Abbas, disse que o seu Governo insiste em maximizar o papel dos peritos da UA, para que estes facilitem as negociações e colmatem as lacunas entre os três países, de acordo com a agência sudanesa de notícias Suna.
Em Novembro, o Sudão boicotou as conversações, convocadas pela África do Sul, país que tem actualmente a presidência rotativa da UA, e argumentou que a abordagem negocial para resolver a disputa se revelou infrutífera.

As questões-chave nas negociações continuam a ser a quantidade de água que a Etiópia vai libertar à jusante, se ocorrer uma seca de vários anos, e como é que os três países vão resolver quaisquer disputas futuras.

O Egipto e o Sudão apelam a um acordo juridicamente vinculativo sobre o enchimento e funcionamento da barragem, enquanto a Etiópia insiste em directrizes.

A Etiópia está a construir a barragem no Nilo Azul, que se junta ao Nilo Branco no Sudão para formar o rio Nilo, e cerca de 85 por cento do caudal do rio provém da Etiópia. As autoridades esperam que a barragem, agora mais de três quartos completa, atinja a plena capacidade geradora de energia em 2023, ajudando a tirar milhões de pessoas da pobreza.

O Egipto, o país mais populoso do mundo árabe, com mais de 100 milhões de habitantes, considera a barragem uma ameaça existencial e receia que reduza a sua quota de água do Nilo. O país depende quase inteiramente do Nilo para fornecer água à agricultura e à população. O Sudão, entre a Etiópia e o Egipto, adverte que a barragem afectaria as suas próprias barragens, embora o país possa beneficiar do acesso a possível electricidade barata.

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