Economia

BDA reforça financiamento ao sector agrícola nacional

O ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, deslocou-se, ontem, a Ndalatando, capital da província do Cuanza-Norte, onde testemunhou o lançamento de quatro novos produtos financeiros ao sector agrícola, desenvolvidos pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)

28/03/2021  Última atualização 10H40
Ministro de Estado da Coordenação Económica esteve em Ndalatando © Fotografia por: José Cola | Edições Novembro
O banco de capitais públicos, que foi criado, em 2006, com os fundos oriundos da exploração petrolífera para alavancar a diversificação da economia – objectivo ainda longe de ser concretizado – criou produtos específicos para apoiar a campanha agrícola, a compra de máquinas e equipamentos, o desenvolvimento de infra-estruturas de apoio à produção e a formulação de projectos de investimento. O objectivo é atingir um tecto máximo de 250 milhões de dólares em financiamento aos sectores primário e secundário da economia. 

Este valor faz parte de uma linha de crédito bilateral, de mil milhões de dólares, negociada pelo Estado junto doDeutsche Bank, da Alemanha, em 2019. Apesar de o acordo ter sido concretizado há praticamente dois anos (Maio de 2019), até agora foram aprovados poucos acordos de financiamento ao sector privado nacional, no âmbito da iniciativa.
"É necessário acelerar a utilização da linha de crédito do Deutsche Bank”, reconheceu Manuel Nunes Júnior durante a cerimónia.
Os financiamentos estão abertos a empresas de todas as dimensões mas com especial atenção às micro, pequenas e médias empresas. 


Os quatro produtos, ontem apresentados, abrem a possibilidade de os empresários solicitarem empréstimos parcelados e com objectivos concretos e segmentados, ao invés de serem obrigados a apresentar propostas integradas que englobem toda a cadeia de valor (desde as sementes, à produção, embalagem e distribuição). "São condições mais favoráveis que pretendem abrir espaço para o aumento contínuo da produção nacional”, defendeu Manuel Nunes Júnior, que sublinhou que a missão do Governo é "mudar definitivamente a estrutura económica de Angola”.


"Temos de ser capazes de transformar a riqueza potencial em riqueza material e tangível, com mais e melhor educação, saúde e infra-estruturas”, defendeu o ministro de Estado. Henda Inglês, presidente da Comissão Executiva do BDA, reconheceu "algum desencanto” em relação à forma como a instituição tem vindo a financiar a economia (devido aos altos níveis de crédito malparado).  
Para mudar esta realidade, o gestor angolano explicou que o banco está a implementar "uma nova organização para acesso ao crédito”, com novos procedimentos, mais rapidez, juros bonificados e menos burocracia.  
Também para cumprir os desejos de alguns empresários, serão abertos cinco novos balcões regionais do BDA, de modo a descentralizar a sua actuação.


Brevemente, devem também ser anunciados produtos bancários específicos para a pecuária, silvicultura,comércio, pesca marítima e indústria transformadora. Desde 2006, o BDA financiou mais de mil projectos num total de 315 mil milhões de kwanzas (mais de 500 milhões de dólares ao câmbio actual). A província do Cuanza-Norte implementou 20 iniciativas apoiadas pelo BDA, que correspondem a 2,5 mil milhões de kwanzas. Além da cerimónia de lançamento dos produtos financeiros, na qual estiveram presentes o governador local, Adriano Mendes de Carvalho, o ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos, empresários e membros da sociedade civil, a comitiva visitou alguns projectos empresariais na região.


Fábrica de ração animal
Uma fábrica de ração animal, localizada no município do Lucala, província do Cuanza Norte, foi inaugurada ontem pelo ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior. O investimento privado, da responsabilidade do Grupo WM (por via da empresa Gestpec, sua participada), visa a produção de vários tipos de ração animal e representa uma aposta de cerca de 8,5 milhões de dólares. Com cerca de 30 colaboradores, na primeira fase do investimento, a unidade industrial está localizada numa fazenda com mais de 1400 hectares. 400 dos quais estão a ser preparados para a produção de soja e milho para serem transformados em ração animal para suínos, frangos, galinhas e bovinos.

A fábrica tem uma capacidade de 20 toneladas por hora e, para já, a soja é importada.  
"O farelo de milho e de trigo é de origem local,  mas nos próximos tempos estaremos preparados para comprar a produção dos pequenos, médios e grandes empresários, além da nossa produção própria”, realçou Rogério Leonardo, proprietário do Grupo WM.
No final da visita, Manuel Nunes Júnior lembrou a importância deste tipo de investimentos privados, que vão "permitir aumentar a produção nacional e substituir as importações”.

Sobre o desempenho do sector agrícola, o governante frisou que registou um crescimento de 5 por cento, em 2020, mesmo com os efeitos da Covid-19.  "Em relação ao presente ano, a seca que afectou várias províncias coloca em causa os objectivos de crescimento, que estão a ser reavaliados”, disse Manuel Nunes Júnior. O Grupo WM está presente em várias províncias, com diversas linhas de actuação, sobretudo no sector da construção civil e obras públicas.

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