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Bobi Wine pede “acções fortes” contra o Governo

O opositor ugandês Bobi Wine apelou, ontem, à comunidade internacional para apoiar as preocupações dos ugandeses com os resultados eleitorais no país através de “acções fortes” contra o governo do Presidente Yoweri Museveni.

06/02/2021  Última atualização 13H07
Cantor e deputado opositor contesta a derrota nas presidenciais contra Yoweri Museveni © Fotografia por: DR
Segundo a Efe, Bobi Wine, que contesta ter perdido as eleições presidenciais de Janeiro, para o líder de longa data Yoweri Museveni, disse que espera "que o mundo se mantenha com o povo do Uganda”.
"O general Museveni, como todos os ditadores, não se comove com palavras”, afirmou Wine, cantor e deputado de 38 anos, cujo verdadeiro nome é Kyagulanyi Ssentamu. O ex-candidato falou através de ligação vídeo da sua casa, na periferia da capital ugandesa, Kampala, onde disse que continua, efectivamente, em prisão domiciliária.

"Esperamos que haja mais acção na sequência das declarações fortemente formuladas”, sublinhou Wine, sobre a condenação internacional das eleições. Neste momento, os laços de Museveni com o Ocidente parecem arrefecer à medida que crescem as críticas sobre alegados abusos por parte das suas forças de segurança, bem como sobre a sua prolongada permanência no poder.

Museveni acusa Wine de ser um agente estrangeiro, e afirmou que a ingerência estrangeira no Uganda "não será tolerada”. Esta semana foi tornado público que ordenou a suspensão de um fundo multimilionário, apoiado pelas nações europeias que sustenta o trabalho de dezenas de grupos locais - incluindo agências governamentais - centrando-se na boa governação, direitos humanos e responsabilidade.

Recentemente, a embaixadora dos EUA, Natalie E. Brown, manifestou "profunda e contínua preocupação com a detenção extra-judicial de membros de partidos políticos da oposição, com o alegado desaparecimento de vários apoiantes da oposição, e as contínuas restrições” do partido de Wine. Os advogados ugandeses de Wine apresentaram esta semana um requerimento ao Supremo Tribunal do Uganda, procurando anular a vitória de Museveni e impedi-lo de voltar a candidatar-se à Presidência, mas ainda não está claro quando começarão os argumentos orais. Museveni nunca perdeu nos tribunais, e os analistas prevêem que o painel de nove juízes não irá provavelmente decidir contra o Presidente reeleito.

O advogado de Bobi Wine, Bruce Afran, disse que tinha compilado um relatório com provas das irregularidades generalizadas que Bobi Wine alegou terem sido cometidas a favor de Museveni. O relatório foi partilhado com membros da comunidade internacional, afirmou. Uma das provas da alegada fraude eleitoral, frisou, são as vitórias de Museveni por 100 por cento em várias mesas de voto nos seus bastiões.

  Provas das alegadas irregularidades


Bobi Wine disse que a sua equipa jurídica possui provas de 20 mil das 34 mil mesas de voto do país da África Oriental. Provas de que pelo menos 10 mil outras foram confiscadas por agentes de segurança que efectuaram rusgas nocturnas ou assaltos a agentes da oposição, sublinhou.

O seu partido referiu que três mil dos seus membros estão detidos, e que houve soldados, alegadamente, a encher urnas, a lançar boletins de voto para as pessoas e a expulsar os eleitores das assembleias de voto.
Museveni venceu as eleições de 14 de Janeiro com 58 por cento dos votos, enquanto Bobi Wine obteve 35, de acordo com os resultados oficiais, mas ficaram marcadas pela violência antes do dia da votação, bem como pelo encerramento da Internet, que permaneceu em vigor até quatro dias após a votação.

Os 'sites' de meios de comunicação social continuam com restrições. Museveni rejeitou as alegações de fraude eleitoral, afirmando que esta eleição foi "a mais isenta de fraude” desde a independência do país da Grã-Bretanha, em 1962.

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