Opinião

“Bye bye” Camarões

Matias Adriano

Jornalista

Se ainda restava alguma esperança de Angola lograr, miraculosamente, qualificação ao CAN' 2022, esta desvaneceu com a derrota (1-0), ontem, em Banjul, diante da Gâmbia.

26/03/2021  Última atualização 14H19
O último jogo, a 29 deste, diante do Gabão, mais não será, senão para mero cumprimento de calendário, um brinde, indigesto, servido aos menos capazes. O que concorreu para uma campanha, tão desastrosa, não encontra explicação em exíguas linhas de um artigo de  jornal, que deve obediência a um número de caracteres estipulado, mas num relatório mais expansivo, capaz de destapar a podridão que vegeta pelos esgotos do nosso futebol.

Por que será que a sina é sempre a mesma? É que, com excepção da primeira qualificação, em 1995, para o CAN'96, todas as demais foram sofríveis. Angola sempre chegou à última jornada de calculadora à mão e na dependência de terceiros, o que não é digno de um concorrente que se preze, acabando por consentir mácula à imagem e belisco à honra.

No presente torneio, entrou mal, e,  ao que nos permite a leitura dos sinais, sairá pior. Mais do que isso, intriga  é  saber que o sorteio tem sido simpático para o nosso país. Tempos houve em que na roleta da sorte calhava sempre selecções como Camarões, Ghana, Nigéria ou os colossos do Magrebe.
Hoje, houve uma inversão das coisas, e, regra comum, Angola partilha o grupo com adversários do seu nível. Ainda assim, incapaz de impor a sua autoridade competitiva, quando pelo seu histórico já não podia ser um 'saco de pancada''.

Estará o mal nos atletas, carentes de eficácia recomendada para a alta competição? Estará na superestrutura, que peca nos critérios de planificação? Vezes sem conta, questionamos se se avaliam as consequências de uma convocatória tardia e de uma preparação em cima do joelho. Nisto, diga-se de passagem, Angola é useiro e vezeiro.

A verdade é que, futebolisticamente falando, vai-se de mal a pior. Posto isto, talvez reste agora virar as atenções para o Catar, 2022, sendo, ao que se depreende, o foco do seleccionador nacional, olhando pela sua estratégia de injecção de sangue novo na equipa, no quadro da renovação que se impõe.

É urgente a revisão da estrutura do futebol nacional, tentar melhorias que conduzam à correcção da condição actual, sob pena de ficarmos até às próximas quatro/cinco gerações a falar do Mundial'2006 como feito de maior grandeza histórica. É o que pode acontecer na falta de capital competitivo para outra(s) presença(s) na maior montra do futebol mundial.

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