Opinião

Calendários da vida

Luciano Rocha

Jornalista

A roda da vida, feita de instantes, nem sempre previsíveis, que formam vidas contadas em folhas de calendários constituídos em ciclos de 12 meses, prossegue, desde sempre, espalhando alegrias e tristezas, vida e morte.

04/01/2021  Última atualização 08H53
A roda da vida é assim, desde sempre, com os tempos feitos pelos astros, ventos e marés,  marcados em troncos de árvores, rochas, nas paredes de prisões. Também nos (ainda) tradicionais calendários de parede ou secretária, nas agendas de bolso, nas (já) tradicionais novas tecnologias.

A roda da vida, independentemente das circunstâncias, prossegue a caminhada indiferente a métodos usados para medir e avaliar os ciclos que a constituem. Na quinta-feira fechou-se, no nosso país e em muitos outros ( há nações, nas quais os calendários são diferentes) mais um. No fim de cada 12 meses, há quase sempre a sensação de não se ter feito tudo que se planeava fazer. Mas, 2020 ultrapassou, em contramão, tudo quanto era previsível, com o surgimento de um estranho vírus - detectado anteriormente por alguns cientistas - desconhecido do comum dos mortais. 

E foi o que se sabe e não sabe por esse mundo inteiro. Angola não foi poupada e Luanda, não apenas a capital, mas a província toda, foi a primeira região do país a ser atingida e não fosse terem sido tomadas atempadamente uma série de medidas, que Estados mais antigos e melhor preparados do que o nosso vieram a adoptar posteriormente, os resultados entre nós podiam ser incalculáveis. Isso, mas, também, o acatamento, pela maioria da população, das ordens estipuladas para enfrentarmos o inimigo, mesmo nem sempre percebendo algumas delas por falta de esclarecimento de quem devia dar.

As dificuldades sentidas no país comprovaram, também elas, o que não tínhamos e devíamos ter e continuámos a não ter por nos terem desbaratado o erário. Acima de tudo por essa razão, mas, igualmente, por não se fazer agora o que se pode fazer, como limpar o espaço público de Luanda, que é o que a lente do Periscópio alcança. Este é um dos problemas a solucionar urgentemente se não queremos voltar a "marcar passo”, que é o princípio de começar a andar para trás. O momento é de todos, cada qual em trincheira própria, cerrarmos fileiras, sem medir esforços,  gastar tempo em conversa, nem olhar para relógio ou calendário, sequer esperar benesses.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Opinião