Entrevista

CEFOJOR caminha para a formação de excelência

Edivaldo Cristóvão

Jornalista

O director do Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR), Ikuma Bamba, anunciou o arranque, este mês, do curso de jornalismo investigativo, por vídeo-conferência, com especialistas do Brasil e Portugal

30/04/2021  Última atualização 07H25
© Fotografia por: DR
O Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) em Luanda, aumentou, nos últimos meses, o número de cursos, passando de 14 para 39, com o objectivo de dar resposta às insuficiências na comunicação em todos os sectores.
O director-geral do CEFOJOR, Ikuma Bamba, explicou que, além dos 39 cursos disponíveis, a instituição está preparada para realizar formações específicas, em função das solicitações, desde que o foco seja comunicação.

O centro sofreu uma reestruturação significativa, dispondo agora de salas de aula apetrechadas e climatizadas e laboratórios devidamente equipados com tecnologia de última geração.
Apesar desse investimento, Ikuma Bamba assegurou que o preço de cada curso está abaixo dos 100 mil kwanzas, além de estarem a ser feitas promoções, nesse período. Realçou que as formações podem ainda ser realizadas "on Job” ou em online.

O CEFOJOR tem capacidade para acolher 115 formandos por cada ciclo formativo, em sete salas disponíveis. Nesta altura, mais sete salas estão a ser apetrechadas para aumentar a capacidade da instituição.
"Neste momento, estamos a preparar um curso de jornalismo investigativo, que começa no fim deste mês, no auditório do CEFOJOR, por vídeo-conferência, com especialistas do Brasil e Portugal”, anunciou.

Ikuma Bamba considera que o curso profissional de jornalismo sempre foi a maior referência do CEFOJOR, mas está a ser redesenhado para adequá-lo às normas da Lei de Imprensa.
A instituição, realçou, tem explorado mais a componente prática do jornalismo, na medida em que a parte teórica tem sido da responsabilidade das universidades com o curso de Comunicação Social.
Além disso, Ikuma Bamba referiu que estão a ser implementados outros cursos de superação contínua, para atender às deficiências que as redacções têm apresentado, principalmente na escrita, por ser um dos requisitos fundamentais para o exercício da profissão, quer seja em jornal, rádio ou televisão. Neste quesito, foi introduzido o curso de titulação e legenda.

Ikuma Bamba sublinhou ser necessário aperfeiçoar as técnicas de reportagem, fundamentalmente no jornalismo investigativo, bem como componentes ligados à rádio e televisão, concretamente a sonoplastia, cenografia, técnicas de locução e de apresentação. "Estamos numa profissão bastante desafiadora, por isso precisamos acompanhar a evolução, para que a nossa capacidade de resposta não esteja aquém daquilo que vemos pelo mundo”, frisou.


Gabinetes de Comunicação Instituicional e Empresarial

Além dos 39 cursos, o CEFOJOR tem, também, realizado encontros e palestras sobre a importância da comunicação institucional. No 30 de Março, foi realizada uma oficina subordinada ao tema "A importância estratégica dos gabinetes de comunicação institucional e imprensa”.
Ikuma Bamba frisou que o CEFOJOR tem responsabilidades acrescidas, que não se limita apenas ao jornalismo, mas envolve também a comunicação institucional e empresarial. 

"Os responsáveis dos gabinetes de comunicação institucional e empresarial são fontes privilegiadas e autorizadas, mas, por desconhecimento das técnicas de comunicação, acabam por não cumprirem bem o seu papel”, disse, acrescentando que, quando "o jornalista é mal alimentado do ponto de vista de informação, acaba por não fazer bem o seu trabalho, por isso, o CEFOJOR tem dado também uma atenção especial às relações públicas”.

Desta forma, foram implementados os cursos sobre comunicação institucional, assessoria de imprensa, redacção de documentos oficiais, secretariado executivo, média training, fake news, entre outros.
A formação em multimédia constitui, igualmente, um dos grandes desafios do CEFOJOR, pelo facto da sociedade hoje ser mais digitalizada e haver um défice de técnicos capazes de produzir vídeos, designers e gestores de páginas digitais das instituições. "É uma componente que, para algumas pessoas, parece insignificante, mas é importante para o empreendedorismo”, referiu.
Jornalismo freenlancer

Ikuma Bamba considera que o jornalismo freelancer ainda é pouco explorado em Angola, por isso, defendeu que é importante começar a evoluir por este caminho. "O Jornal de Angola, por exemplo, pode ter nas zonas mais recônditas, onde não existe uma delegação, jovens que podem escrever para o jornal. O mesmo pode suceder com a rádio e televisão”, explicou.
O director-geral do CEFOJOR defendeu a necessidade de se fazer um caminho diferente do ponto de vista da comunicação social, no sentido de ser mais valorizada na sociedade de forma transversal, reconhecendo que muitos problemas nas empresas do sector resultam da ausência de uma comunicação sólida e transparente.

Por isso, Ikuma Bamba sublinhou que estão a ser implementados cursos de Chefia e Liderança, Oratória e Atendimento ao Público, que tem sido um grande problema nas instituições. Realçou que está também à disposição iniciativas inéditas, como cursos de comunicação e diálogo para noivos, pelo facto da família ser a base fundamental da sociedade. "Quanto mais houver famílias equilibradas, melhor será a sociedade”, frisou.

A duração dos cursos varia de acordo com as suas especificidades. Por isso, existem cursos de uma semana, 15 dias, um mês e podem ir até seis meses.
O director-geral do CEFOJOR considera que todas as profissões devem estar agregadas à comunicação, por constituir uma das ferramentas mais importantes de trabalho. "No caso dos médicos, têm uma linguagem não muito adequada ou a mais recomendada, que acaba por piorar o estado do paciente. O CEFOJOR entendeu assumir também o seu papel na publicidade, sendo uma das especialidades das Ciências da Comunicação Social, concretamente para os angariadores e a sua importância nos variados domínios.

Em relação aos estágios profissionais, o CEFOJOR tem recebido recém-formados das universidades, alguns deles são hoje grandes referências no jornalismo angolano.


Jornalistas reformados

O CEFOJOR conta, actualmente, com 27 formadores nacionais, mas Ikuma Bamba disse que a ideia é aumentar em função da demanda. Para o efeito, revelou, está em curso o recrutamento de jornalistas reformados para transmitirem conhecimentos e formarem a nova geração de profissionais de comunicação social.

Além disso, o CEFOJOR conta, também, com a colaboração de formadores estrangeiros, mas somente naqueles casos em não encontra especialistas nacionais para determinados cursos.
"Os formadores são pagos com receitas próprias. Temos tentado encontrar algum equilíbrio entre o que os formandos pagam e as solicitações de bolsas que recebemos por mês, o que dificulta no processo”, esclareceu.

Ikuma Bamba admitiu que o CEFOJOR recebe uma verba do Orçamento Geral do Estado (OGE), mas que serve para assegurar a manutenção das infra-estruturas e outras despesas correntes. A instituição tem, neste momento, 78 trabalhadores, dos quais 24 são pagos com a verba do OGE e os restantes em função das receitas.

No quadro da política de formação, avançou, o CEFOJOR começa a criar condições para, a partir deste mês, implementar um projecto que inclui a deslocação de  formadores  às províncias, atendendo às necessidades.

O director-geral do CEFOJOR anunciou, ainda, a construção do Cefojor Huambo como um o grande desafio do momento, que já está construído em cerca de 50 por cento e com a previsão de ser inaugurada no final deste ano.

Objectivos do Cefojor
O CEFOJOR tem a missão de assegurar a qualificação e o aperfeiçoamento de profissionais e colaboradores da Comunicação Social, nas áreas de Imprensa Escrita, Rádio, Televisão, Digital, Multimédia, Relações Públicas e Cinema, bem como garantir o curso técnico e prático para os licenciados interessados em exercer jornalismo.

O centro desenvolve pacotes de formação intensiva para os sectores da Saúde, Educação, Cultura, Turismo e Ambiente, Banca, Petróleos, Diamantes, Seguros, telefonia Móvel, Governos Provinciais e Administrações Municipais. O CEFOJOR, enquanto órgão tutelado pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, está certificado e acreditado para ministrar formação profissional nas mais diversas áreas, no domínio da Comunicação Social.  
O centro tem parceria com algumas instituições e conta com certificações de reconhecimento internacional, como o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFP) de Moçambique e a Direcção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) de Portugal.


Perfil

Ikuma José Bamba
é natural de Luanda, município do Cazenga

Licenciada
em Ciências da Comunicação Social, pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.
É mestrando em Governação e Gestão Pública pelo Centro de Pesquisa da Faculdade de Direito.Do ponto de vista profissional, começou a dar os primeiros passos no CEFOJOR, considerando-se filho da casa, sente-se bem por abraçar este desafio, mas  teve de deixar para atender outros projectos.

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