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Chefias militares condenam a violência

Os comandantes militares de vários países condenaram, ontem, a violenta repressão de sábado em Myanmar, quando morreram, pelo menos 107 pessoas, incluindo vários menores de idade, em acções das forças de segurança, que abriram fogo contra os manifestantes.

29/03/2021  Última atualização 06H25
© Fotografia por: DR
Myanmar é cenário de caos desde o golpe militar que derrubou o Governo civil de Aung San Suu Kyi, o que gerou grandes protestos no país a favor da democracia.

A Junta governante fez uma demonstração de força no sábado, Dia das Forças Armadas. O balanço de vítimas fatais desde o golpe militar de 1 de Fevereiro, subiu para 423, segundo uma ONG local.
Os comandantes militares de várias nações, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e Alemanha, condenaram o uso de força letal contra manifestantes desarmados em Myanmar.

"Um militar profissional segue padrões internacionais de conduta e é responsável por proteger - não agredir - as pessoas às quais serve”, afirmaram em um comunicado conjunto, no qual fazem um "apelo” às Forças Armadas birmanesas para que "cessem a violência e trabalhem para restaurar o respeito e a credibilidade ante a população de Myanmar”.

 
Funerais
Ontem aconteceram os funerais de algumas vítimas do dia mais violento desde o golpe de Estado.
Em Mandalay, a família de Aye Ko, pai de quatro filhos assassinados durante a noite, organizou uma cerimónia religiosa.  "Estou muito triste de perder meu marido, assim como meus filhos. Estou com o coração partido”, declarou à AFP a esposa Ma Khaing. Os parentes de um adolescente de 13 anos, Sai Waiyan, atingido por tiros no sábado quando brincava diante da sua casa em Yangon, não conseguiram conter as lágrimas durante o acto de sepultamento.

Apesar do risco, os manifestantes voltaram às ruas, ontem, em algumas áreas de Yangon, incluindo Hlaing, e nas cidades de Dawei, Bago, Myingyan e Monywa.
"Uma jovem apanhou um tiro na cabeça e morreu no hospital. Dois jovens foram mortos a tiro no protesto”, afirmou à AFP um funcionário das equipes de emergência de Monywa.
Em Myingyan, uma mulher morreu e duas ficaram feridas, segundo uma fonte médica.
Em Hlaing, um jovem de 16 anos perdeu uma das mãos ao tentar devolver uma granada lançada pelas forças de segurança contra os manifestantes.


'Ações vergonhosas e covardes'
No sábado, os militares reprimiram de maneira brutal os manifestantes em mais de 40 pontos do país. As regiões de Mandalay e Yangon registraram a maioria das mortes, segundo a ONG Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).
"As acções vergonhosas, covardes e brutais dos militares e da Polícia, que foram filmados disparando contra os manifestantes enquanto fugiam, e que nem sequer perdoaram as crianças, devem ser interrompidas imediatamente”, afirmaram duas altas conselheiras das Nações Unidas, Alice Wairimu Nderitu e Michelle Bachelet, num comunicado conjunto.

Os rebeldes do Estado de Karen, Leste de Myanmar, afirmaram que foram alvos de ataques aéreos no sábado à noite, pouco depois deste grupo étnico armado assumir o controlo de uma base militar.
Hsa Moo, da etnia karen e activista dos direitos humanos, disse que três pessoas morreram e oito ficaram feridas.

Ontem, novos ataques aéreos provocaram a fuga de duas mil pessoas de duas povoações do Estado de Karen através da selva. Elas atravessaram a fronteira com a Tailândia, de acordo com Hsa Moo.
No sábado, a junta organizou um grande desfile de tropas e veículos militares na capital, Naypyidaw, onde o líder do Governo, general Min Aung Hlaing, defendeu o golpe e prometeu ceder o poder após novas eleições. Ao mesmo tempo, no entanto, fez uma ameaça ao movimento de protesto contra o golpe ao declarar que eram inaceitáveis os actos de "terrorismo que possam ser prejudiciais para a tranquilidade e a segurança do Estado”.

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