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China e Irão assinam acordos estratégicos

China e Irão assinaram, no fim-de-semana, na capital iraniana, um acordo de cooperação estratégica e comercial em que Pequim se compromete a investir 400 mil milhões de dólares ao longo de 25 anos em vários sectores como as telecomunicações, os transportes ou a tecnologia da informação, em troca do acesso ao petróleo iraniano.

29/03/2021  Última atualização 07H00
Representantes da China e do Irão momentos depois © Fotografia por: DR
O acordo reforça a influência chinesa no Médio Oriente e atenua o isolamento a que Teerão foi condenado depois de os Estados Unidos terem abandonado o acordo nuclear de 2015 sob a Presidência de Donald Trump.

Joe Biden já tentou regressar ao diálogo, apelando a um esforço concertado para que o Irão possa regressar aos termos do acordo, com os norte-americanos a levantarem gradualmente as sanções económicas que têm sufocado a economia do país asiático. O Governo iraniano, no entanto, exige que os norte-americanos dêem o primeiro passo com o levantamento das sanções. Uma posição que é apoiada pela China.

O Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, esteve, recentemente, em Bruxelas para reforçar os laços com a União Europeia e com a OTAN, após quatro anos bastante tensos ao nível das relações entre a UE e os Estados Unidos.

 "Não se trata de agir em conjunto contra a China. Não se trata de tentar parar a China ou de contê-la. Trata-se de defendermos juntos os interesses e valores que partilhamos”, defendeu Blinken.
A China é a maior parceira comercial do Irão e era uma das principais compradoras do petróleo iraniano, antes das novas sanções americanas contra o sector de energia de Teerão em 2018, o que provocou a queda das vendas do país no exterior.


Histórico
O início do projecto aconteceu durante a visita do Presidente chinês Xi Jinping a Teerão em Janeiro de 2016. Na ocasião, ele e o homólogo iraniano Hassan Rohani decidiram fortalecer os laços entre os dois países. Teerão e Pequim comprometeram-se, na época, a "estabelecer negociações para a assinatura de um acordo de cooperação ampliado de 25 anos” e a "cooperar e ter investimentos recíprocos em diversas áreas, como os transportes, os portos, a energia, a indústria e os serviços”.
Para a China, a assinatura do acordo é parte do amplo projecto de infra-estruturas que o gigante asiático iniciou em mais de 130 países.

A aproximação do Irão com a China acontece em um momento de desconfiança da República Islâmica a respeito dos países ocidentais, assim como de tensões entre Estados Unidos e China.
A denúncia unilateral por Washington em 2018 do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, e a incapacidade dos países europeus de ajudar Teerão a evitar as sanções americanas restabelecidas no mesmo ano, acabaram por convencer o Executivo iraniano que os países ocidentais não são um sócio "digno de confiança”, nas palavras de Khamenei.

Num artigo publicado pela agência oficial Irna, Mohamad Keshavarzadeh, embaixador do Irão na China, afirmou que Pequim é de facto "o sócio comercial de Teerão há mais de 10 anos”.
Mas ele constata que "a imposição de severas sanções” por Washington e "as restrições provocadas pelo coronavírus reduziram consideravelmente o comércio entre os dois países”.
O director da Câmara de Comércio sino-iraniano em Teerão, Majid-Reza Hariri, afirmou que o volume de negócios entre Pequim e Teerão caiu a 16 biliões de dólares em 2020, contra 51,8 biliões em 2014.

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