Opinião

Chuvas e danos

A chuva ocorre todos os anos e, nas zonas menos preparadas para as enxurradas, causa os mesmos danos, razão pela qual contra a mesma pouco podemos fazer para contrariar ou inverter o seu ciclo.

24/04/2021  Última atualização 06H25
De ano para ano, vai continuar a chover e, seguramente por força das alterações climáticas, provavelmente assistiremos a crescentes cargas pluviométricas   por cada metro quadrado.
Há dias, a cidade de Luanda e arredores assistiu a morte de dezenas de munícipes por causas directas e indirectas da chuvas que se abateram sobre a capital, realidade que nos deve levar à reflexão e tomada de medidas.

Vale dizer que, em Luanda, e ,de uma maneira geral na periferia das sedes provinciais das outras dezassete províncias, sempre choveu e só nos últimos tempos é que temos assistido a mortes. Há cinquenta ou quarenta anos, grande parte das casas na periferia de Luanda eram erguidas tendo como base paus, fitas e barro, daí a designação de casa de pau-a-pique.

Numa altura em que eram praticamente inexistentes as chamadas valas de micro e macro drenagem, as linhas naturais de passagem das águas, os terrenos baldios que funcionavam como espécie de bacias improvisadas de retenção de água, entre outras realidades daquela altura, funcionavam em pleno. E, naquela conjuntura de imensa precariedade no que dizia respeito às estruturas habitacionais, não havia relatos de perdas de vidas humanas por causa das chuvas.

Hoje, o crescimento desordenado da periferia da cidade de Luanda, ao lado da obstrução das linhas naturais de passagem das águas, da deposição de resíduos sólidos nas valas de drenagem, entre outras inconformidades, estão a causar os problemas que assistimos.

Acreditamos que vamos ainda a tempo de inviabilizar o quadro arquitectónico e de desordenamento territorial que, a acentuar-se numa altura em que Luanda caminha para albergar mais de 10 milhões de habitantes, apenas vai acabar por aumentar os problemas derivados das chuvas.

Não faz qualquer sentido que, de ano para ano, continuemos a assistir aos mesmos problemas quando, na verdade, deveríamos já testemunhar a efectivação de um plano que previsse, entre outros,  "zero mortes por causa da chuva”.

O que seria válido para Luanda e a sua periferia, seria igualmente útil para todas as zonas periféricas das sedes provinciais, na medida em que o crescimento das capitais provinciais, por força da "desertificação humana” no interior de algumas províncias agrava e tende agravar os problemas. Esperemos que as chuvas em todo o país, tal como ocorria no passado não matem mais angolanos e para o feito urge a tomada de consciência das famílias, a sensibilização para que respeitem as linhas de água e a tomada de medidas por parte de quem de direito.

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