Sociedade

Crianças órfãs são retiradas de ruas de Mbanza Kongo

Fernando Neto | Mbanza Kongo

Jornalista

Pelo menos 11 crianças órfãs foram retiradas, há dias, das ruas da cidade de Mbanza Kongo, província do Zaire, pelo Instituto Nacional da Criança (INAC).

18/04/2021  Última atualização 18H58
Muitas crianças no Zaire foram abandonadas por familiares © Fotografia por: Garcia Mayatoko | Edições Novembro | Mbanza Kongo
Segundo o representante local do INAC, Rafael Kidiwa, está em curso um trabalho conjunto com o Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e o Serviço de Investigação Criminal (SIC) para se encontrar os familiares das referidas crianças, para uma possível reunificação.

"Este trabalho conjunto permitiu localizar, até agora, a avó de três crianças, no bairro Bela Vista, que explicou que a mãe delas faleceu em 2020, tendo deixado a seu cuidado cinco crianças, uma das quais com apenas seis meses”, explicou Rafael Kidiwa.
Acrescentou que, caso não seja possível a reunificação familiar, o INAC vai entregar as crianças ao Centro de Acolhimento Frei Jorge Zullianelo, com quem tem parceria.

"O que nós queremos é amparar as crianças, fazer com que tenham um tecto condigno, alimentação, vestuário e oportunidade de estudar. Também vamos continuar a trabalhar no sentido de sensibilizar as famílias a assumirem as suas responsabilidades, para diminuir o número de crianças de e na rua”, referiu.

O adolescente Sadi Manuel Nguinamau, 14 anos, o mais velho dos irmãos, disse que fugiu de casa porque, após a morte da mãe, em 2020, um dos tios acusou-os de feitiçaria e começou a torturá-los para confessarem serem os causadores do desaparecimento físico da progenitora.
"O meu tio, depois de consultas ao pastor de uma ceita religiosa, acredita que matamos a nossa mãe, por esta razão nos espancava todos os dias. Algumas vezes pegava faca para nos ameaçar, a única solução que encontramos foi fugir de casa, porque outros parentes também não aceitam ficar connosco”, contou.

A chefe do Departamento Provincial de Atendimento à Criança em Conflito com a Lei do Serviço de Investigação Criminal (SIC), inspectora-chefe Diassonama Nlando Mbianda, avançou que vai ser instruído um processo contra as respectivas famílias, pelo crime de abandono de criança.
"Os tutores devem assumir as suas responsabilidades quando se trata de crianças órfãs. Os familiares não podem alegar falta de condições financeiras para assumir um filho, sobrinho ou neto. Por isso, vai ser instruído um processo-crime às famílias implicadas”, explicou.  

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