Cultura

Cultura cria projecto para reaver máscaras

O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, informou, terça-feira, em Luanda, que o ministério está a preparar um projecto para o retorno ao país de máscaras do século XIX, como forma de incentivar a recuperação simbólica e triunfal do património angolano, disperso pelo mundo.

22/04/2021  Última atualização 12H42
Ministro (ao centro) criticou a apropriação ilegal de arte © Fotografia por: DR
O projecto, revelou, vai incluir numa primeira fase uma escalada negocial, de dimensão internacional. "Este processo vai levar à restituição do património escultural, caracterizado por um espólio de incalculável valor cultural e de grande magnitude estética e mercadológica”.
A guerra e a ausência de infra-estruturas em Angola, continuou, foi, durante muito tempo, o argumento para a apropriação indevida do património angolano, "uma justificação que o tempo e a história fizeram perder a validade”.

"De facto, os negociadores ou coleccionadores internacionais de Arte Clássica Africana quiseram justificar a sua indevida apropriação invocando quer o perigo que a guerra representava para a preservação de tão importante património, quer a falta de infra-estruturas adequadas para as proteger e manter. Agora, estes argumentos caem totalmente pela base”, reiterou.

Por isso, destacou, o ministério vai desenvolver acções no sentido de retornar o património cultural e arquivístico ao país. O dirigente chamou ainda particular atenção à importância e simbolismo de algumas máscaras, com realce às tchokwe, que têm um papel predominante na generalidade dos rituais culturais deste povo.

"Há uma tradição ancestral dos tchokwe de esculpir máscaras, estatuetas e objectos que desempenham uma função estética e utilitária, representativa da vida em comunidade, caracterizada por ocorrências do quotidiano, ritos que celebram mitos, contos e preceitos filosóficos”, justificou o ministro.

Jomo Fortunato anunciou o projecto no acto de abertura da exposição fotográfica "Máscara Oculta”, do belga Kristof Degrauwe, patente até dia 31 de Agosto, no Museu Nacional de Antropologia, em Luanda. Para o ministro, esta mostra, de 30 fotografias, vale pelo valor simbólico e reforça os laços culturais e parceria entre o ministério e a Embaixada da Bélgica.

"A República Democrática do Congo, Angola e Nigéria juntam-se numa semântica artística reveladora da força anímica da África, transfigurada nesta prestigiada exposição”, disse, acrescentando que expressividade, simbolismo e impacto artístico caracterizam a mostra.

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