Cultura

Dançarinos no Huambo clamam por mais apoios

Estácio Camassete | Huambo

Jornalista

A falta de meios financeiros para suportar os gastos com os grupos de dança e a difícil condição social de muitos fazedores de arte está a preocupar dançarinos e coreógrafos da província do Huambo, que clamam por mais apoios do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente.

13/05/2021  Última atualização 08H10
Danças tradicionais têm sido referência em certas actividades © Fotografia por: DR
Os dançarinos estão a encontrar dificuldades na materialização das inúmeras iniciativas que têm em carteira, sobretudo nesta fase de pandemia da Covid-19, que está a diminuir, diariamente, o poder aquisitivo dos criadores do Planalto Central.

Elves Inglês, dançarino e coreógrafo, há mais de 10 anos, apela para uma maior valorização dos profissionais da dança no Huambo, pois "muitos investem para terem uma carreira séria, igual a de qualquer fazedor de cultura, mas a dança ainda não é levada com seriedade”.


Dançarino de vários estilos, há mais de 13 anos,  Adilson Lau considera "não ser fácil viver da dança”, por se tratar de uma actividade que "leva muito tempo para ser convidado” para participar em eventos, de carácter lucrativo.
Actualmente, a pandemia de Covid-19 tem agravado a situação da classe artística, pelo facto de as medidas restritivas colocarem os criadores no desemprego temporal. "As festas de casamento às vezes ajudavam a angariar alguns tostões. Temos uma escola para desenvolver a capacidade de dança e algumas pessoas que nos contactam, mas devido à pandemia estamos limitados e os candidatos nem aparecem como antes”, lamentou.

O professor de dança José Belchior afirmou que a maior parte dos grupos, tanto antigos como recentes, está "a desaparecer por falta de incentivo”, sustentando que "o mundo das artes está actualmente apagada”, pois não há espaços para os profissionais. "A dança antigamente tinha mais valor e podia competir de igual com as demais manifestações artísticas. Hoje, há muitos obstáculos aos bailarinos”.


Expressão de sentimento
O chefe do departamento da Acção Cultural do Huambo, Pascoal Nhãnga, afirmou que "a dança expressa um sentimento profundo da nossa tradição”, pelo que defende ser necessário "as novas gerações preservarem os traços culturais”.
Pascoal Nhãnga anunciou que caso não surjam impedimentos, em virtude da Covid-19, realizar-se-á em Novembro, deste ano, um festival de dança e música tradicional no Huambo, tendo avançado que com este festival, o sector pretende dar sinal de "motivação aos fazedores de cultura, para os dançarinos possam ressurgir”.

A Covid-19, frisou, está a atrapalhar os programas culturais na província, assegurando que de momento, "não temos despesas a fazer e os apoios directos aos dançarinos escasseiam”, mas pediu aos grupos organizados a apresentarem "projectos exequíveis” para que sejam avaliados e no próximo ano serem contemplados com alguns apoios para suprirem as dificuldades.  O Departamento da Acção Cultural do Huambo controla mais de mil dançarinos, integrados em grupos e individualmente, para além de associações de Carnaval.

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