Política

Defendida maior divulgação da história da Baixa de Cassanje

Venâncio Victor | Malanje

Jornalista

A historiadora Rosa Cruz e Silva defendeu, na última quinta-feira, no município do Quela, província de Malanje, uma maior promoção e divulgação da história do bárbaro massacre da Baixa de Cassanje, ocorrido a 4 de Janeiro de 1961.

18/01/2021  Última atualização 08H27
Historiadora Rosa Cruz e Silva © Fotografia por: Edições Novembro
Rosa Cruz e Silva falava durante a 5ª edição do encontro intergeracional, que juntou nacionalistas e sobreviventes do massacre da Baixa de Cassanje, em que milhares de camponeses dos campos de algodão, da extinta Companhia Cotonang, foram mortos com bombardeamentos aéreos pelo exército colonial português por reclamarem os seus direitos.

O encontro  teve como objectivo fundamental transmitir aos jovens os factos e feitos da geração da Luta Armada de Libertação Nacional, que durou cerca de 14 anos. Rosa Cruz e Silva considera haver um certo desinteresse por parte dos investigadores e historiadores nacionais sobre o assunto.
A história do 4 de Janeiro, acrescentou, tem a sua importância, apesar de não ser um feriado nacional, por isso, urge homenagear sempre os Mártires da Repressão Colonial para que a data não caia no esquecimento.

Rosa Cruz e Silva disse que já existem textos de alguns historiadores portugueses e americanos sobre a Baixa de Cassanje. Agora, acrescentou, chegou a hora de a história ser narrada pelos próprios angolanos, com relatos dos sobreviventes.
A historiadora lembrou que o sacrifício, dedicação, convicção e amor à Pátria  caracterizou a bravura dos Mártires da Repressão Colonial. "É preciso valorizar o Teka-dia-Kinda, não só o que foi escrito, mas transformando a zona da Baixa de Cassanje num espaço para a realização de estudos”, defendeu.

Rosa Cruz e Silva recordou que o então Ministério da Cultura iniciou, entre a década de 90 e princípios dos anos 2000, um projecto que permitiu criar um arquivo oral, com depoimentos de sobreviventes do 4 de Janeiro de 1961 e do 4 de Fevereiro do mesmo ano, mas que não foi concluído por falta de recursos financeiros.
"Essas entrevistas encontram-se actualmente no Arquivo Histórico Nacional. Foram entrevistadas certas pessoas que estavam em Luanda, que haviam fugido da guerra. Não foi possível ouvir, naquela altura, os mais velhos que vivenciaram os acontecimentos em primeira mão, porque o país estava ainda em guerra”, revelou.

O município do  Quela dista 115 quilómetros a nordeste da cidade de Malanje. Possui uma superfície territorial de 5.830 quilómetros quadrados e conta com  25 mil habitantes. É composto pelas comunas de Xandel, Missão dos Bangalas e Moma.

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