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Democratas apostam tudo para controlar o Senado

Se Jon Ossoff e Raphael Warnock, os candidatos democratas aos dois lugares no Senado pela Geórgia, conseguirem ambos uma vitória, amanhã, os democratas passam a controlar a Câmara Alta do Congresso dos EUA, onde já controlam a Câmara de Representantes, dando maior margem à estratégia política do Presidente eleito, Joe Biden.

04/01/2021  Última atualização 11H46
Os democratas procuram, amanhã, na Geórgia, contrariar a maioria dos republicanos na Câmara Alta © Fotografia por: DR
As sondagens dizem que está tudo em aberto para a eleição de amanhã, na véspera de Biden ver a sua eleição confirmada pelo Congresso, mas a verdade é que o Estado da Geórgia não tem sido generoso com os democratas e, por outro lado, basta que um dos dois candidatos republicanos, Kelly Loeffler e David Perdue, vença a corrida para que os conservadores mantenham o controlo do Senado, dificultando a vida a Joe Biden.

Nesta segunda volta, que procura resolver o impasse da eleição de 3 de Novembro, já que os candidatos dos dois partidos ficaram separados por margens mínimas, os republicanos apostam tudo na derrota de Jon Ossoff, 33 anos, o mais jovem e inexperiente dos democratas, que já perdeu em votos na primeira volta, de dia 3 de Novembro, e que tem um sério problema de notoriedade eleitoral.
Contudo, Ossoff tem recuperado terreno nas sondagens e os analistas dizem que basta que ele consiga levar para o seu campo os 2 por cento de votos que foram para o candidato do Partido Libertário nas eleições de Novembro para conseguir ultrapassar Perdue.

Por outro lado, Ossoff já se tornou o candidato a senador que mais dinheiro reuniu para uma campanha (só entre Outubro e final de Dezembro angariou mais de 100 milhões de euros, ficando 40 milhões à frente da verba de Perdue) e tem mostrado uma resiliência que levou vários dirigentes republicanos locais a insistir para que o seu candidato mostre mais assertividade no combate eleitoral.
Mas os dois candidatos republicanos preferem centrar os ataques em Raphael Warnock, o pastor da Igreja Baptista de Atlanta, que acusam de desvalorizar o papel da Polícia na manutenção da lei e ordem no país, limitando-se a acusar Ossoff de estar refém da ala mais à esquerda do Partido Democrata.

Por sua vez, os democratas dizem que Loefler não passa de um "yes man” do Presidente cessante, Donald Trump, e estão a fazer uma dura campanha contra Perdue, dizendo que ele esteve envolvido em negócios pouco claros, que tiraram proveito da pandemia da Covid-19.

Os quatro candidatos não têm poupado nos gastos de campanha (gastaram, ao todo, cerca de 400 milhões de dólares), procurando mostrar a importância do resultado final para o desempenho do Presidente eleito: os republicanos tentam mobilizar os eleitores chamando a atenção para os riscos de os democratas ficarem a controlar a Casa Branca, a Câmara de Representantes e o Senado; os democratas tentam demonstrar que, sem o controlo do Senado, Biden dificilmente conseguirá fazer impor o seu programa eleitoral.
Num recente tempo de antena, Joe Biden dirigiu-se aos eleitores de uma forma muito directa, repetindo uma mensagem que já tinha transmitido nos comícios em que participou, no mesmo tom da vice-Presidente eleita, Kamala Harris.

"Deixem-me ser claro: preciso de Raphael Warnock e de Jon Ossoff no Senado dos Estados Unidos”, disse o Presidente eleito,  tentando contrariar o discurso do  cessante republicano, que tem insistido na ideia do risco de eleger dois candidatos democratas que Donald Trump acusa de serem "verdadeiros socialistas”.

"Não me surpreende os ataques republicanos sobre o carácter socialista dos candidatos democratas. Foi a táctica usada por Trump na corrida presidencial. Veremos se funciona ou se volta a falhar”, concluiu Kelly Gibson, um dos estrategos políticos que colabora com o Partido Democrata.

  Grupo de senadores republicanos pode atrasar certificação de Biden

Um grupo de onze senadores republicanos anunciou, no sábado, que se vai opor à certificação que o Congresso deve fazer do resultado das eleições nos Estados Unidos, decisão que pode atrasar a confirmação da vitória de Joe Biden, embora não a impeça.
Até agora, apenas um senador, Josh Hawley, havia expressado a intenção de questionar formalmente a vitória do democrata, um acto incomum que ameaça expor as tensões dentro do Partido Republicano.

"O Congresso deve nomear imediatamente uma Comissão Eleitoral, com autoridade total para investigar” possíveis "fraudes eleitorais”, disseram sete senadores em exercício e quatro senadores recém-eleitos num comunicado, fazendo eco das acusações feitas pelo Presidente cessante Donald Trump, lançadas ao longo de quase dois meses sem apresentar evidências.

Essa comissão "vai fazer uma auditoria de emergência de 10 dias sobre os resultados nos estados” em que os dois candidatos lutaram por uma vitória muito apertada, propôs o grupo, liderado pelo influente senador Ted Cruz, representante do Texas. Sem essa auditoria, "votaremos a 6 de Janeiro para rejeitar os eleitores desses estados disputados”, acrescentou.
Nos Estados Unidos, o Presidente é eleito por sufrágio universal indirecto.
O Colégio Eleitoral, que funciona como intermediário, ratificou a vitória de Biden a 14 de Dezembro, com 306 votos a favor e 232 contra.

A Câmara dos Deputados e o Senado reúnem-se, na quarta-feira, para certificar esses resultados, procedimento que costuma ser uma mera formalidade. Mas Donald Trump ainda se recusa a reconhecer a derrota e pediu aos seus apoiantes que se manifestassem em Washington nesse dia.

Na Câmara dos Deputados (Baixa), com maioria democrata, mais de uma centena de republicanos pretendem votar contra a certificação, segundo a CNN.
Mas em nenhum caso haverá votos suficientes para que a estratégia seja bem-sucedida. "Não somos ingénuos. Sabemos que a maioria, se não todos os democratas, e talvez alguns republicanos, votarão de outra forma”, reconheceram os onze senadores no comunicado de sábado.

Trump tem regularmente instado os legisladores republicanos a apoiá-lo na cruzada de desafio aos resultados da eleição presidencial de Novembro, tentativas que falharam totalmente em tribunal até agora.
O recurso legal mais recente, apresentado pelo congressista republicano Louie Gohmert, foi rejeitado, na sexta-feira, no Estado de Texas por falta de provas suficientes.

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