Reportagem

População com assistência médica perto de casa

Deolinda Rodrigues e Manuel Goma, residentes no município madeireiro de Buco-Zau, tal como centenas de populares, estavam felizes, sábado passado.

10/02/2012  Última atualização 07H12
Rafael Tati © Fotografia por: Hospital Alzira da Fonseca tem uma capacidade de internamento de cem camas e está apetrechado com equipamentos modernos

Deolinda Rodrigues e Manuel Goma, residentes no município madeireiro de Buco-Zau, tal como centenas de populares, estavam felizes, sábado passado. Motivo: a inauguração do Hospital Regional Alzira da Fonseca. A rede de infra-estruturas sanitárias do município, situado a 120 quilómetros a Norte da cidade de Cabinda, foi reforçada com este empreendimento totalmente reabilitado e apetrechado, no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP).
“É isso que o povo quer. Demorou mas chegou. Já temos o nosso hospital. Agora já não vamos precisar de ir à cidade para receber assistência médica”, disse, emocionada, Deolinda Rodrigues.
O governador provincial de Cabinda Mawete João Baptista ouviu o “desabafo” da cidadã e referiu: “Estamos aqui para servir o povo.
O Executivo tem projectos ambiciosos para toda a população, de Cabinda ao Cunene”.A nova unidade hospitalar, cujo corte de fita coube ao governador provincial, vai prestar assistência às populações dos dois municípios do interior da província – Buco-Zau e Belize –, que por falta de um hospital com diversidade de serviços tiveram, durante longos anos, de se deslocar à sede provincial, Cabinda, para receber os cuidados médicos sempre que deles necessitavam.
Inaugurado por ocasião do 4 de Fevereiro, o Alzira da Fonseca tem 100 camas para internamento e possui, entre outras áreas de serviço, a de medicina interna, cirurgia, ortopedia, pediatria, maternidade, bloco operatório, RX. ecografia, estomatologia, hemoterapia, laboratório de análises clínicas, farmácia, oftalmologia e seis gabinetes para actividade administrativa.
A unidade dispõe ainda de lavandaria, cozinha, refeitório e uma casa mortuária com capacidade para conservar 15 corpos. Os serviços são assegurados por 115 funcionários entre os quais 14 médicos, nacionais e estrangeiros.
O governador considerou o novo hospital um empreendimento de elevado valor na vida das populações dos dois municípios, ao suprir as dificuldades com que se debateram durante muito tempo, no que se refere à assistência médica.
Mawete João Baptista garantiu que o seu governo vai continuar a melhorar as condições de trabalho nos hospitais, centros e postos médicos, para que os profissionais exerçam a sua actividade com eficiência. Referiu-se, ainda, à formação de quadros básicos e superiores, como outra aposta das autoridades da província.
Além dos projectos governamentais existentes para o sector da saúde, a nível dos municípios esta tarefa passa a ser assumida ao abrigo do Programa de Municipalização da Saúde, concebido pelo Executivo, que confere a descentralização de poderes da gestão financeira às Administrações Municipais.
“Os problemas da saúde a nível dos municípios passam a ser resolvidos pelos administradores municipais. O Executivo concebeu um programa de municipalização da saúde que prevê a atribuição directa de recursos financeiros às Administrações Municipais” disse o governador, reiterando a obrigatoriedade dos administradores municipais tratarem dos investimentos locais, sobretudo no que se refere à compra de medicamentos, ambulâncias e outros meios indispensáveis para os serviços de saúde.
O vice-ministro da Saúde para a área hospitalar, Carlos AlbertoMasseca, que representou o titular da pasta na inauguração do hospital, corroborou das palavras do governador e considerou a unidade como sendo de referência.
“O hospital Alzira da Fonseca é um hospital de qualidade, que corresponde aos esforços do Executivo”, disse Carlos Alberto Masseca, que pediu aos profissionais do sector para prestarem um serviço de qualidade, que vá ao encontro dos propósitos do Executivo de reduzir a mortalidade entre a população.


Um pouco de história


A administradora municipal de Buco-Zau, Marta Lelo, ao descrever a importância do novo hospital, começou por esclarecer a origem do nome Alzira da Fonseca. Segundo elucidou, e recorrendo à história local, surgiu em 1925, por iniciativa de um casal português, cujo marido se chamava Fonseca e a mulher Alzira, que construiu no local onde se encontra o actual empreendimento hospitalar, uma unidade sanitária que atendia os trabalhadores da fazenda cafeícola pertencentes à antiga companhia de Cabinda.
Devido ao cultivo de café e demais potencialidades existentes na região, em termos de recursos naturais, muita gente oriunda de várias zonas do país e de África chegava regularmente ao município à procura de emprego, o que motivou o casal português a construir um hospital, não só para prestar assistência a forasteiros, mas principalmente para atender os cultivadores de café, que garantiam a sua fonte financeira.
”Daí a atribuição do nome Alzira da Fonseca, a maior unidade sanitária do maiombe” sublinhou.  Ao falar especificamente sobre a nova unidade hospitalar, referiu que ela vai permitir que sejam assistidos perto da sua residência pacientes com várias doenças, outrora apenas observadas no hospital central de Cabinda. No entanto, a administradora confessou a sua preocupação pela falta de residências para os enfermeiros e médicos que vão trabalhar no hospital e sobre o estado degrado em que se encontra a via que lhe dá acesso.


Satisfação da população
 

A inauguração do Alzira da Fonseca, cujas obras de reabilitação estiveram paradas durante cerca de seis anos, é motivo de enorme satisfação para muitos populares do município madeireiro de Buco-Zau. O coordenador do bairro Deolinda Rodrigues, Francisco Goma, não escondeu a sua alegria, salientando que o hospital fazia muita falta: “O governo resolve, assim, parte dos problemas sociais da população, garantindo uma assistência médica de qualidade”, realçou.
Madalena Puna, habitante do município de Belize, que se junto ao acto de inauguração para testemunhar o corte de fita e a entrada em funcionamento do hospital regional, disse à reportagem do Jornal de Angola que a alegria que lhe vai na alma é tanta, que nem consegue exprimir o que significa saber que, doravante, deixa de percorrer longas distâncias em busca de assistência médica.
O regedor da sede do município de Buco-Zau, Filemo Toco Boma, salientou que “a população está satisfeita porque o hospital era um monstro adormecido, mas com a lamentação do povo e a própria vontade do governo, foi reabilitado como se fosse um empreendimento construído de raiz”. 

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