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Centro Mbembwa à espera de legalização

A madre Ana Rita Araújo solicitou, em Menongue, a intervenção do juiz presidente do Tribunal Supremo, para ajudar o centro de acolhimento Padre João Bosco, denominado Mbembwa, “paz" em português, a encontrar mecanismos para a sua legalização e publicação em Diário da República, para que possa ser inscrito no Orçamento Geral do Estado (OGE), como uma unidade orçamentada. 

13/10/2018  Última atualização 08H00
Nicolau Vasco | Menongue | Edições Novembro © Fotografia por: Parte frontal do centro de acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade que enfrenta muitas dificuldades

Durante a visita de Rui Ferreira ao centro Mbembwa, a irmã Ana Rita Araújo disse que a instituição que dirige tem capacidade para acomodar condignamente 100 pessoas em situação de vulnerabilidade, mas, devido ao elevado grau de dificuldades que enfrenta, sobretudo na falta de bens alimentares, atende apenas 32, entre crianças e adultos.
De acordo com a madre, a província do Cuando Cubango regista muitos casos de crianças que vivem em situação de vulnerabilidade acentuada, mas o centro Mbembwa não pode fazer mais nada porque não tem como alimentá-las, por falta de apoios.  Além de bens alimentares, o centro debate-se também com o problema da falta de energia e de um orçamento próprio para fazer frente às despesas e manutenção do recinto.
Ana Rita Araújo realçou que o centro Mbembwa é uma instituição vocacionada para acolher crianças órfãs, abandonadas e em conflito com a Lei. Actualmente, entre as 32 crianças ali internadas, cinco já atingiram a maior idade e agora se ocupam de alguns serviços administrativos e outras actividades do centro, enquanto aguardam pela sua reintegração no convívio familiar.
Ana Rita Araújo explicou que a reintegração dos meninos que atingem a maior idade no seio familiar depende muito da abertura da sociedade, porque o centro Mbembwa preocupa-se fundamentalmente pela criação de condições de trabalho e a continuação da formação académica, para se evitar que a criança que foi recebida com sete anos, por exemplo, depois de muito tempo e um aturado trabalho volte às ruas como delinquente.
Ana Rita Araújo salientou que o centro Mbembwa precisa  de pessoas para cuidar dos projectos profissionais e especializadas na gestão de comportamentos desviantes das crianças, que se encontram em situação vulnerável, de orfandade, abandono, maus-tratos, negligência e adolescentes em conflito com a lei, que o centro tem vindo a receber, provenientes de vários pontos do país e além fronteiras.
Ana Rita Araújo disse que  o centro acolhe  crianças provenientes da República Democrática do Congo (RDC), das províncias do Zaire, Huíla, Bié, Benguela, Huambo, Cuanza-Sul e Cuando Cubango, que viviam em situação de vulnerabilidade.
De acordo com a directora da  instituição, responder aos desafios para formar as novas gerações constitui um dos objectivos fundamentais do centro de acolhimento Mbembwa, em Menongue, visto que formar o homem é um processo lento e moroso, que requer tempo, paciência e dedicação de todas as partes envolvidas.

                          Formação académica e técnico-profissional está garantida

A madre Ana Rita Araújo salientou que a sustentabilidade do centro Mbembwa é suportada pelo Governo Provincial do Cuando Cubango, Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Igualdade do Género, bem como da solidariedade social de algumas organizações não-governamentais.
Ana Rita Araújo acrescentou que o centro Mbembwa garante às crianças e jovens que lá se encontram formação religiosa, cívica, musical, jardinagem, horticultura, teatro, dança e académica, nas áreas de enfermagem, ciências humanas, jurídica e pedagogia. O centro garante ainda às crianças e jovens formação técnico-profissional, em parceria com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), nos cursos de mecânica, electricidade, informática e corte e costura.
Segundo a madre Ana Rita Araújo, o centro de acolhimento Mbembwa possui uma vasta parcela de terra arável, para a produção de bens diversos, que está subaproveitada, por falta de ferramentas agrícolas, razão pela qual estão a ser encetadas contactos com o Gabinete Provincial da Agricultura, para os devidos apoios, no sentido de se melhorar a dieta alimentar das crianças e funcionários. A madre Ana Rita Araújo entregou ao presidente do Tribunal Supremo, Rui Ferreira, um memorando que espelha  o grau de dificuldades vividas no centro, que foi inaugurado em 2015, pelo então governador provincial Higino Carneiro.
As obras da infra-estrutura foram financiadas pela empresa norte-americana de exploração de petróleo Chevron-Cabinda Gulf Company Limited (CABGOC), que empregou 2,8 milhões de dólares americanos, na construção e apetrechamento de três naves para dormitórios, com capacidade para 50 camas cada, jango pedagógico (biblioteca, sala de leitura e informática), sala de convívio, dois pátios exteriores e área de lazer.
O centro conta  com uma oficina politécnica, para a formação profissional nas áreas de construção civil, soldadura e carpintaria, um armazém, um centro médico, refeitório, lavandaria, área  residencial para os quadros, escola do 1.º ciclo, com 21 salas de aula, área para a produção agrícola e um campo multiusos.

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