Economia

Líderes africanos apostados no mercado intercontinental

Independência financeira e económica, mercado livre e parcerias foram as palavras chave que dominaram os discursos dos líderes africanos ontem, na cerimónia de abertura da primeira edição da Feira Comercial Intra-Africana (IATF) 2018, que decorre na cidade do Cairo, capital do Egipto.

12/12/2018  Última atualização 17H51
DR © Fotografia por: O empresário Agostinho Capaia, à esquerda, é o embaixador de Angola na Feira Intra-Africana

O ex-Presidente da Nigéria Olesegun Obassango, o primeiro a discursar no evento, apelou à implementação “urgente” da Zona de Livre Comércio Continental (ZLCC) com objectivo de acelerar as trocas comerciais.
 Para o também comissário da União Africana (UA) para o Comércio, “a África já não será a mesma a partir de hoje, pois, vamos tornar essa feira num dos instrumentos para colocar em prática o acordo de ZLCC, assinado por 44 Estados membros em Março deste ano, em Kigali”.
De acordo com o ex-líder  nigeriano, a implementação do ZLCC pode transformar  os negócios e gerar riqueza e prosperidade para o continente. 
 “Precisamos de trabalhar juntos para que sejamos verdadeiramente fortes e unidos", disse, lembrando que "falamos muito que temos potencial A ou B, quando devíamos agora falar em  acções concretas, ser mais competitivos e proactivos,”
O presidente do Afreximbank, Benedict Oramah, declarou que África está a inaugurar “uma nova era” com objectivos comuns para um compromisso que vai alterar o curso da sua história.
Às “divisões impostas pela História ao continente e que o colocaram na miséria”, Be-nedict Oramah disse “nunca mais”. Para o responsável, enquanto os outros continentes olhavam para as suas fronteiras em busca de parcerias, “nós olhávamos para fora do continente, buscando e comprando tudo”.
Segundo o presidente do Afreximbank,  é preciso que os empresários africanos olhem para dentro do continente em busca de novas oportunidades de negócio, “ para desmantelar as estruturas coloniais, que desintegraram o continente durante séculos”.
O banqueiro manifestou a disposição da sua institui-ção em financiar projectos empresariais em África, que promovam o comércio intra-continental. “O acesso à in-formação comercial é fundamental. Mas não vale a pena romper as barreiras comerciais  se não houver nada para vender”, alertou.
“Se for para abrirmos as fronteiras e as empresas africanas não conhecerem as oportunidades de comércio que existe no continente, não vale a pena estarmos aqui”, afirmou.
Sublinhou que o Afreximbank mantém firmemente a crença de que a Feira Intra-Africana é ideal para envolver tanto o comércio, a media e partes interessadas em esforços contínuos para mudar a narrativa de um único cenário de que muitas vezes somos alimentados sobre este continente. O Primeiro-Ministro egípcio, Mostafa Madbouly, que representou o Chefe de Estado do seu país, Abdul Al-Sisi,disse ser obrigação dos Estados membros da UA criar um ambiente de negócios para que os empresários africanos consigam progredir, no âmbito do acordo ZLCC.
O Egipto quer desempenhar o seu papel no desenvolvimento do continente, duplicando os seus investimentos. Nos últimos anos, declarou,  o investimento egípcio no continente atingiu os oito mil milhões de dólares, nos sectores da construção, comércio, tecnologias de informação e infra-estruturas.

       Angola participa com 24 empresas numa área de 600 metros

Ontem, o ministro do Comércio, Joffre Van-Dúnem, inaugurou o  pavilhão de Angola, numa área de 600 metros quadrados, onde 24 expositores angolanos dos sectores da banca, comércio, indústria, telecomunicações, mineiro, divulgam os seus produtos.
Na ocasião, Joffre Van-Dúnem lembrou que a feira é uma oportunidade para os expositores mostrarem os seus produtos e serviços, estabelecer contactos e criar uma plataforma para a entrada no mercado único, que vai movimentar mais de um bilião de pessoas em África.
Para o ministro, que representa o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, a feira é uma oportunidade para os empresários africanos reunirem e trabalharem em conjunto para o sucesso de África. O presidente da Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEEIA) e embaixador de Angola na Feira Intra-África, Agostinho Capaia, sublinhou que a classe empresarial presente no evento espera estabelecer vários contactos de negócios e conhecer o que hoje se produz em África.
 A representante da Federação das Mulheres Empreendedoras de  Angola (FMEA), Ana  Cristina Costa, garantiu que vai fazer esforços para estabelecer canais de importação de  “know how” para o micro e pequeno comércio.
Entre as empresas angolanas presentes no evento estão o Grupo OPAIA, AIBA, ANIMA, Banco BAI, Federação de Mulheres Empresárias (FMEA), Grupo AA, BMP, Banco de Desenvolvimento de An-gola (BDA), Banco Sol, CNC, AE Energy, Logipharma, FILDA e Expo-Indústria, Angola Cables, BDM, CEEIA, Grupo Areias, Arena Eventos, IMEX, Miracel,  Refriango, Zona Económica Especial (ZEE), Fergelia e Anglobal.
 
Diário da Feira
A  Feira conta com 1.100 expositores  e cerca 300 oradores para as diversas conferências. Tem  42 pavilhões, representando 80 países, incluindo europeus e asiáticos. Ontem foi o dia do país anfitrião, que organizou uma conferência sobre “oportunidades de investimento e comércio no Egipto”.
Foram ainda realizadas conferências sobre o“Alinhamento de interesses entre governos e indústrias em torno do comércio e investimento em África, “ e  uma mesa-redonda, que juntou vice-presidentes e Chefes de Governo africanos. Hoje é dia do Zimbabwe. À margem da feira decorre a VII reunião  de peritos dos  Ministérios do Comércio dos países africanos, que vão preparar a reunião de amanhã dos ministros do Comércio da União Africana.