Independência financeira e económica, mercado livre e parcerias foram as palavras chave que dominaram os discursos dos líderes africanos ontem, na cerimónia de abertura da primeira edição da Feira Comercial Intra-Africana (IATF) 2018, que decorre na cidade do Cairo, capital do Egipto.
O ex-Presidente da Nigéria Olesegun Obassango, o primeiro a discursar no evento, apelou à implementação “urgente” da Zona de Livre Comércio Continental (ZLCC) com objectivo de acelerar as trocas comerciais.
Para o também comissário da União Africana (UA) para o Comércio, “a África já não será a mesma a partir de hoje, pois, vamos tornar essa feira num dos instrumentos para colocar em prática o acordo de ZLCC, assinado por 44 Estados membros em Março deste ano, em Kigali”.
De acordo com o ex-líder nigeriano, a implementação do ZLCC pode transformar os negócios e gerar riqueza e prosperidade para o continente.
“Precisamos de trabalhar juntos para que sejamos verdadeiramente fortes e unidos", disse, lembrando que "falamos muito que temos potencial A ou B, quando devíamos agora falar em acções concretas, ser mais competitivos e proactivos,”
O presidente do Afreximbank, Benedict Oramah, declarou que África está a inaugurar “uma nova era” com objectivos comuns para um compromisso que vai alterar o curso da sua história.
Às “divisões impostas pela História ao continente e que o colocaram na miséria”, Be-nedict Oramah disse “nunca mais”. Para o responsável, enquanto os outros continentes olhavam para as suas fronteiras em busca de parcerias, “nós olhávamos para fora do continente, buscando e comprando tudo”.
Segundo o presidente do Afreximbank, é preciso que os empresários africanos olhem para dentro do continente em busca de novas oportunidades de negócio, “ para desmantelar as estruturas coloniais, que desintegraram o continente durante séculos”.
O banqueiro manifestou a disposição da sua institui-ção em financiar projectos empresariais em África, que promovam o comércio intra-continental. “O acesso à in-formação comercial é fundamental. Mas não vale a pena romper as barreiras comerciais se não houver nada para vender”, alertou.
“Se for para abrirmos as fronteiras e as empresas africanas não conhecerem as oportunidades de comércio que existe no continente, não vale a pena estarmos aqui”, afirmou.
Sublinhou que o Afreximbank mantém firmemente a crença de que a Feira Intra-Africana é ideal para envolver tanto o comércio, a media e partes interessadas em esforços contínuos para mudar a narrativa de um único cenário de que muitas vezes somos alimentados sobre este continente. O Primeiro-Ministro egípcio, Mostafa Madbouly, que representou o Chefe de Estado do seu país, Abdul Al-Sisi,disse ser obrigação dos Estados membros da UA criar um ambiente de negócios para que os empresários africanos consigam progredir, no âmbito do acordo ZLCC.
O Egipto quer desempenhar o seu papel no desenvolvimento do continente, duplicando os seus investimentos. Nos últimos anos, declarou, o investimento egípcio no continente atingiu os oito mil milhões de dólares, nos sectores da construção, comércio, tecnologias de informação e infra-estruturas.
Angola participa com 24 empresas numa área de 600 metros
Ontem, o ministro do Comércio, Joffre Van-Dúnem, inaugurou o pavilhão de Angola, numa área de 600 metros quadrados, onde 24 expositores angolanos dos sectores da banca, comércio, indústria, telecomunicações, mineiro, divulgam os seus produtos.
Na ocasião, Joffre Van-Dúnem lembrou que a feira é uma oportunidade para os expositores mostrarem os seus produtos e serviços, estabelecer contactos e criar uma plataforma para a entrada no mercado único, que vai movimentar mais de um bilião de pessoas em África.
Para o ministro, que representa o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, a feira é uma oportunidade para os empresários africanos reunirem e trabalharem em conjunto para o sucesso de África. O presidente da Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEEIA) e embaixador de Angola na Feira Intra-África, Agostinho Capaia, sublinhou que a classe empresarial presente no evento espera estabelecer vários contactos de negócios e conhecer o que hoje se produz em África.
A representante da Federação das Mulheres Empreendedoras de Angola (FMEA), Ana Cristina Costa, garantiu que vai fazer esforços para estabelecer canais de importação de “know how” para o micro e pequeno comércio.
Entre as empresas angolanas presentes no evento estão o Grupo OPAIA, AIBA, ANIMA, Banco BAI, Federação de Mulheres Empresárias (FMEA), Grupo AA, BMP, Banco de Desenvolvimento de An-gola (BDA), Banco Sol, CNC, AE Energy, Logipharma, FILDA e Expo-Indústria, Angola Cables, BDM, CEEIA, Grupo Areias, Arena Eventos, IMEX, Miracel, Refriango, Zona Económica Especial (ZEE), Fergelia e Anglobal.
Diário da Feira
A Feira conta com 1.100 expositores e cerca 300 oradores para as diversas conferências. Tem 42 pavilhões, representando 80 países, incluindo europeus e asiáticos. Ontem foi o dia do país anfitrião, que organizou uma conferência sobre “oportunidades de investimento e comércio no Egipto”.
Foram ainda realizadas conferências sobre o“Alinhamento de interesses entre governos e indústrias em torno do comércio e investimento em África, “ e uma mesa-redonda, que juntou vice-presidentes e Chefes de Governo africanos. Hoje é dia do Zimbabwe. À margem da feira decorre a VII reunião de peritos dos Ministérios do Comércio dos países africanos, que vão preparar a reunião de amanhã dos ministros do Comércio da União Africana.
Mais de 900 famílias no bairro Kikolo, município de Cacuaco, em Luanda, estão privadas do normal fornecimento de energia eléctrica, desde terça-feira, devido ao derrube de um poste de média tensão, provocado por um camião desgovernado.
Uma delegação angolana chefiada pelo embaixador de Angola no Quénia, Sianga Abílio, participa na 4.ª sessão de Negociações Internacionais sobre o Banimento de Plásticos a nível mundial (INC-4), que decorre, desde domingo até terça-feira, 30, em Ottawa, Canadá.
A directora-geral do Instituto das Comunidades Angolanas no Exterior e Serviços Consulares, Maria Filomena António, defendeu, esta terça-feira, em Luanda que a abertura do consulado da Indonésia, em Angola significa maior aproximação e estímulo nas trocas comerciais.
A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, considerou positivos os resultados da prestação de Angola durante as Reuniões de Primavera, que tiveram lugar de 15 a 21 de Abril, em Washington D.C, nos Estados Unidos da América (EUA).
Um Programa de Formação de Recursos Humanos em Saúde Brasil-Angola será lançado, esta terça-feira, no Instituto Rio Branco, na cidade de Brasília, Brasil, pela ministra da Saúde Sílvia Lutucuta, e a sua homóloga brasileira, Nísia Trindade.