Economia

Moody’s prevê crescimento e queda do peso da dívida

A agência de notação financeira Moody’s considera que Angola cresce 0,3 por cento este ano, a mesma previsão que a prevista pelo Governo, no Orçamento Rectificativo, antecipando também uma descida do nível de dívida pública face ao produto interno bruto (PIB), de 80 para 70,9 por cento em 2019.

17/05/2019  Última atualização 21H06
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De acordo com o relatório anual da agência, que não altera o “rating” B3, “o perfil de crédito de Angola reflecte a sua estrutura económica, que continua altamente vulnerável aos choques do preço do petróleo e à capacidade institucional muito fraca”, salientando que há, este ano, uma descida das necessidades de financiamento, de 23 para 15 por cento do PIB, um valor considerado “ainda elevado.”
O documento explica que o “rating” em terreno negativo, ou seja, sem recomendação de investimento, “reflecte a deterioração da capacidade de crédito nos últimos anos, em que a dívida pública saltou de 28,2 por cento do PIB, em 2014, para 79,6 em 2018”, e o facto de o “stock” e o custo de servir a dívida continuarem “vulneráveis a desvalorizações adicionais da moeda nacional.”
“A implementação do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) e os esforços do Governo para limpar dívida, melhorar a liquidez em dólares e melhorar a implementação do orçamento vão ajudar a economia angolana”, comentou o vice-presidente da Moody’s e co-autor do relatório.
“Ao mesmo tempo, a flexibilização da taxa de câmbio ajudou a restaurar a estabilidade macroeconómica e esperamos que a inflação vá descer nos próximos dois anos”, acrescentou Aurelien Mali, citado no comunicado de imprensa que acompanha o relatório.
No relatório, a Moody’s refere que entre os pontos fortes de Angola estão as “melhorias no ambiente macroeconómico, apoiadas por uma subida dos preços do petróleo e um ambicioso plano para diversificar a economia, alicerçado num abrangente programa do FMI.”
A perspectiva de evolução estável, ou seja a percepção da Moody’s de que não vai mudar o “rating” nos próximos 18 meses, é sustentada “na gradual recuperação apoiada pelo aumento da produção de petróleo e por novos projectos no gás.”
“A subida dos preços do petróleo vai sustentar a posição externa do Governo e dar algum alívio às pressões de liquidez e de sustentabilidade da divida”, adianta.
Na quarta-feira, a Fitch Solutions, associada da agência de “rating” Fitch, considerou que as reformas lançadas pelo Governo vão colocar o país em bom plano a médio e longo prazo, numa nota enviada aos investidores, citada pela agência Lusa.
“Estes esforços são cruciais para melhorar as perspectivas de crescimento económico a médio e longo prazo, limitando o risco de perturbações sociais”, escrevem os analistas da Fitch Solutions.

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