Economia

Crescimento superior à previsão do Governo

A consultora IHS Markit prevê que o crescimento da economia angolana ronde os 0,5 por cento este ano, acima das projecções assumidas pelo Governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 0,3 e 0,4 por cento, respectivamente.

27/05/2019  Última atualização 05H53
Jaimagens | Edições Novembro

Em comunicado sobre a economia angolana enviada aos investidores citada ontem pela Lusa, os analistas também prevêem um crescimento de 0,5 por cento em 2020, numa projecção situada muito abaixo da preconizada pelo Governo (3,2 por cento) e pelo FMI (2,9 por cento).
Os consultores prevêem que a dívida pública ascenda a 90,7 por cento do PIB no final deste ano, considerando mesmo que “o peso do sector da dívida pública é maior que o estimado anteriormente, devendo ter chegado aos 90,7 no final do ano passado”.
A IHS Markit indica que este valor surge na sequência da profunda depreciação do kwanza em 2018 “e à divulgação de dívidas atrasadas no valor de 2,1 mil milhões de dólares a credores financeiros estrangeiros, tal como está apontado no relatório de Dezembro do FMI”.
O peso da dívida, acrescentam, “vai continuar a crescer e a colocar pressão nas obrigações do Governo, na necessidade de liquidez externa e esforços de consolidação orçamental a médio prazo”, que serão sustentados também pela diminuição da despesa pública para garantir as metas estipuladas no acordo de assistência financeira assinado no final do ano passado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Os esforços de tributação das receitas não petrolíferas, juntamente com cortes na despesa, devem garantir a consolidação orçamental durante este ano, em linha com os objectivos do programa do FMI”, escrevem os analistas, prevendo que “a despesa de Angola vai ser diminuída nuns 8,0 por cento, cerca de 1,7 mil milhões de dólares, para garantir os objectivos orçamentais”.
Entre os principais riscos para a economia angolana, a IHS Markit aponta a descida dos preços do petróleo, o aumento do risco bancário devido à eventual subida do crédito malparado e um eventual abrandamento nas reformas do Governo.

Peso do petróleo
A IHS Markit considera que o sector do petróleo não vai continuar a ser o principal motor do crescimento económico de Angola a longo prazo, devido à descida dos níveis médios de produção.
“A IHS Markit assume que os níveis gerais de produção de petróleo não devem chegar ao objectivo de dois milhões de barris diários que o Governo tinha; ao invés, assumimos que a produção de petróleo em Angola vai continuar relativamente estagnada à volta dos 1,5 milhões de barris no longo prazo, desde que alguns programas de expansão da capacidade petrolífera sejam implementados”, escrevem os analistas.

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