Economia

Risco de uma nova crise

A estação televisiva norte-americana CNN ouviu especialistas que alertaram para o risco de uma nova crise no continente europeu, caso não sejam tomadas medidas de revitalização económica para contrariar a estagnação que se vive há uma década.

21/07/2019  Última atualização 10H14
DR © Fotografia por: Mario Draghi sai do BCE depois de oito anos sem subir os juros

“Dez anos após a crise financeira global, a economia da Europa conseguiu uma recuperação, mas não uma revitalização. Baixa inflação, baixas taxas de juros e baixo crescimento tornaram-se o novo normal”, é sublinhado.
Os efeitos “podem ser perigosos” e o “desperdício” de mais de uma década “aprofundaria a crescente divisão entre a Europa urbana e a rural, privaria mais jovens do trabalho e alimentaria a instabilidade política”.
Um dos peritos ouvidos pela CNN é Carsten Brzeski, economista-chefe do banco holandês INF, na Alemanha. No seu entender, o actual cenário pode levar a que se quebre o bloco da Zona Euro, constituído por 19 países.
“O risco é alto de simplesmente acordarmos tarde demais e percebermos que perdemos muito tempo”, disse Brzeski.
A CNN diz que “as condições na Europa atraíram comparações com a década perdida do Japão, um período de crescimento lento e inflação fraca na década de 1990, da qual o país nunca emergiu de forma convincente”. Desde o final de 2018, a inflação na Zona do Euro está abaixo da meta dos 2,00 por cento estabelecidos pelo Banco Central Europeu (BCE). Em Junho, chegou a 1,3 por cento.
O crescimento do PIB foi de 1,8 por cento em 2018 e a previsão é de desacelerar para 1,2 este ano. O próximo ano pode ser ainda pior se a União Europeia (UE) tiver de enfrentar o Brexit no Outono, destaca o canal norte-americano.
Por outro lado, as taxas de juros permanecem em mínimos históricos e Mario Draghi, presidente do BCE, deixa o cargo em Outubro sem nunca as ter subido, em oito anos no cargo. A última vez que o BCE aumentou as taxas (em 2011) a dívida de Portugal tinha acabado de ser cortada para o nível de “lixo” e a Grécia estava a aguardar outro resgate. A Irlanda tinha aceite um pacote de resgate no ano anterior. Muitas áreas “só começaram agora a recuperar”, escreveram os economistas do ING Bert Colijn e Joanna Konings em Maio. “A recuperação foi tépida o suficiente para justificar muitos anos de taxas de juros extremamente baixas e até negativas”, afiança a CNN.