Economia

Fábrica de jóias inaugurada em Luanda

Uma fábrica de jóias em ouro e diamantes da companhia de capitais angolanos, Pedra Rubra foi inaugurada ontem, em Luanda, depois de ter absorvido investimentos de cinco milhões de dólares, apurou o Jornal de Angola no local.

03/09/2019  Última atualização 15H50
Dr © Fotografia por: Fábrica também se ocupa da lapidação, sendo a terceira a operar nesse domínio em todo o país

A unidade está implantada numa área de 1 500 metros quadrados e emprega 144 trabalhadores, dez por cento dos quais expatriados, de acordo com informações prestadas durante o acto de inauguração pelo director-geral da Pedra Rubra, Hélder Milagre.
A estratégia de implantação da fábrica tem, de acordo com Hélder Milagre, uma dimensão económica alinhada às metas de diversificação, com a adição de valor à matéria-prima produzida no país.
A ideia é a de levar o país a produzir jóias, o suficiente, para que a grande parte dos angolanos que as compra no exterior passe a fazê-lo no país, um mercado assinalável, mas a perspectiva é a de exportar grande parte da produção.
A Pedra Rubra vai lapidar e incrustar as jóias, de forma a vender o produto acabado com toda a mais-valia subjacente. Numa primeira fase, parte dos diamantes são incrustados às jóias angolanas, com a exportação da maior parte, invertendo o quadro actual, em que Angola vende o diamante bruto.
Helder Milagre acredita ser possível a transformação do diamante e do ouro em Angola, exportando-se produtos acabados, o que além da criação de emprego, aumenta as receitas do Estado. Há dois anos, referiu, a exploração, exportação e comercialização de diamantes brutos gerou, no mundo, um comércio de 12 mil milhões de dólares, onde Angola figura com 1,2 mil milhões de dólares. Depois de lapidados, incrustados e passarem a jóias, a venda ao público gerou cerca de 140 mil milhões de dólares.
“É motivo para os empresários decidirem de que lado querem ficar: se é apenas na exportação do produto bruto ou exportar o produto acabado. Já tomei a iniciativa de fazer parte dos 140 mil milhões de dólares, de forma tímida, mas é neste mercado que quero competir no futuro”, declarou o empresário numa tirada de humor e de alguma profundidade teórica.
Hélder Milagre considerou que, para a sustentabilidade do negócio, é necessário que o mercado observe alguns pressupostos como a venda regular e não especulativa de diamantes, já promovida, de forma incipiente, pelo Governo.
Os regulamentos vigentes ainda impõem que os produtores de jóias comprem o diamante bruto em dólares, ao contrário dos lapidadores, não havendo, também, acesso regular ao ouro extraído no país, de modo a dar sustentabilidade ao negócio, lamentou, solicitando legislação nesse domínio ao ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo.

Pólo de Saurimo fica concluído em 2020

O ministro dos Recursos Minerais e Petróleos anunciou que o pólo de lapidação de diamantes em edificação em Saurimo, Lunda-Sul, fica pronto no próximo ano, agrupando todos os serviços públicos e empresariais que intervêm no processo da comercialização de diamantes.
Neste pólo, apontou, estão instaladas duas escolas, uma técnica e profissional construída pela Endiama e outra para avaliadores e lapidadores de diamantes a ser construída pela Sodiam, que dá início ao processo de formação antes da escola estar concluída.
Diamantino Azevedo respondeu à questão do acesso aos diamantes levantada pelo director-geral da Pedra Rubra, revelando estar previsto um estudo profundo ao papel da Sodiam, o qual poderá determinar outro modelo para a comercialização que tenha em conta a forma como ocorre noutros países e a criação de uma bolsa de diamantes em Angola, no futuro.
Esse trabalho está em curso e é decidido “em breve”, para que os operadores possam concentrar-se na actividade de prospecção, exploração, transformação e comercialização de diamantes.
A Endiama, insistiu para ilustrar os projectos do pelouro, é transformada numa sociedade anónima, com a dispersão de uma parte minoritária do capital em bolsa. Diamantino Azevedo assegurou que, nesse processo, os trabalhadores da Endiama e outros pequenos subscritores que demonstrem intenção e queiram investir na empresa, deverão ter acesso às acções.

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