Cultura

Ministério da Cultura assina acordos com parceiros

Victorino Joaquim

Jornalista

A continuidade de projectos ligados a antiga cidade histórica de Mbanza Kongo, o Palácio de Ferro e a Bienal de Luanda vão receber, nos próximos dois anos, um financiamento especial, no âmbito do programa de responsabilidade social da petrolífera francesa Total Angola E.P.

21/09/2019  Última atualização 21H23
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Esse compromisso foi assumido sexta-feira, em Luanda, durante a assinatura de um acordo entre o Ministério da Cultura e a Total Angola E.P. Pela parte angolana assinou a coordenadora nacional da Bienal de Luanda, Alexandra Aparício, enquanto pela Total, o director-geral da petrolífera, Olivier Jouny.
Para Alexandra Aparício, a Total torna-se um parceiro estratégico importante no desenvolvimento de projectos ligados a restauração do património cultural nacional. Agora, continuou, há um novo compromisso para financiar projectos como Mbanza Kongo até a bienal de 2021.
Ao longo deste tempo, explicou, vão ser desenvolvidos vários projectos. “Vamos procurar dar continuidade aos projectos ligados ao dossier de Mbanza Kongo e melhorar as condições sociais das populações locais”, disse.
O director da Total considerou importante reforçar o compromisso da empresa com a sociedade angolana, como o primeiro operador no país. O programa social da empresa, realçou, é dirigido à juventude, ao património, à educação, ao empreendedorismo e ao desporto. “Vamos ajudar a reabilitar o sítio de Mbanza Kongo e o Palácio de Ferro”, destacou Olivier Jouny.

Inovações
A empresa Mult Eventos e o Ministério da Cultura reforçaram a parceria, com a assinatura de um acordo assente na montagem da estrutura técnica da bienal, no intuito de promover a imagem do país no estrangeiro através de programa que permitam atrair parceiros internacionais.
O Presidente do Conselho de Administração da empresa, Leonel Pinto, disse que, como mecenas, o objectivo é trabalharem, com antecedência, para diminuírem os custos de actividades como a bienal.
A assinatura do acordo foi testemunhado pela ministra da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, que na ocasião fez também o lançamento oficial dos selos produzidos pelos Correios de Angola, com a insígnia do Museu das Forças Armadas, Igreja Nossa Senhora dos Remédios - Antiga Sé Catedral de Angola e Congo (1655), Marginal de Luanda e Marimbeiros, no valor de 300 kwanzas. O selo do Monumento do Soldado Desconhecido é o único dos lançados que custa 500 kwanzas.

Criador explora matéria-prima reciclada

A responsável da empresa Mama África, Aminata Gourgel, apresentou, nesta edição, uma gama de produtos ligados a cestaria, como balaios feitos da mateba, crochés e bordados manufacturados a rendas, a maioria adaptados á roupas africanas e utensílios como carteiras.
A fabricação de produtos artísticos, como bonecos, feitos de garrafas recicláveis, pintadas com símbolos da cultura nacional, é uma das actuais apostas da empresa, cujo objectivo é desenvolver projectos culturais em defesa dos valores nacionais. “É uma ocasião para mostrar que os produtos angolanos tem qualidade” , disse.
O país, adiantou, está a recuperar gradualmente alguns hábitos culturais, por isso incentivou o estudo das línguas nacionais, de forma a valorizar e despertar a sociedade, principalmente a juventude, para a valorização e resgate da angolanidade. “Hoje se usa muito a reciclagem e por isso procuramos apresentar trabalhos com este material”, adiantou, além de considerar a bienal um local onde a interacção geracional está a permitir obter novas experiências.

Electrónica
Ao longo dos cinco dias, a bienal está a ser um palco de oportunidades, partilhas, comunicações e inovações. Entre as atracções constam projectos na área electrónica. Pedro Paris, responsável pela iniciativa “Kandegues cientistas”, disse que estão a desenvolver programas ligados a electrónica, automação, programação (aplicativos e jogos) e tecnologia sustentável.
O objectivo, explicou, é trabalhar com jovens, entre os 5 e 25 anos, de forma a despertar e descobrir talentos ligados aos mais variados segmentos da electrónica. “Os jovens podem desenvolver projectos com financiamento baratos, mas capazes de ajudar as comunidades”, realçou.
Ambiente
A brasileira Malaquize Bertulucci, mentora do projecto Lox Recicla, disse que está no mercado há dois anos e trabalha fundamentalmente na educação ambiental e sustentabilidade nas escolas do país. Nesta bienal, disse, tem realizado palestras para sensibilizar o público, no espaço “Árvore da Palavra”, sobre a importância da preservação do meio ambiente.
Mais do que transmitir experiência, explicou, que a iniciativa pretende criar um espaço de interacção, para a criação de parcerias e maior conhecimento da cultura de outros povos africanos. Malaquize Bertulucci chamou ainda atenção para a importância dos objectivos da agenda da ONU sobre o desenvolvimento sustentável em protecção do ambiente. “A bienal é uma oportunidade de mostrar que é possível desenvolver vários programas sustentáveis em defesa do ambiente”, concluiu.

Literatura angolana na exposição
A literatura angolana também teve o seu espaço na bienal, que encerra amanhã. O responsável do espaço do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INIC), Venâncio Kalitangue, disse que tem sido uma oportunidade de divulgar mais a literatura nacional, a preços baratos, embora reconheça que ainda é preciso sensibilizar as pessoas sobre a importância do livro e da leitura na vida sociocultural. O objectivo do INIC é, entre outros, promover mais os autores angolanos, através dos 70 títulos disponíveis. Numa parceria com a União dos Escritores Angolanos (UEA) e a Biblioteca Nacional, explicou, foram colocados também livros de literatura infanto-juvenil.

Teatro pela Paz
O grupo de Teatro Miragem Teatro exibiu uma peça sobre a importância da cultura da paz dentro do relacionamento conjugal, que levou a plateia a uma reflexão sobre o assunto que tem criado muita estabilidade entre as famílias actualmente.
A peça, que atraiu as atenções de nacionais e estrangeiros, foi encenada em aproximadamente 15 minutos e serviu para os actores mostrarem as consequências da violência no lar. A comédia dramática destacou ainda o impacto das diferenças sociais entre casais e os eventuais actos de violência e perda de confiança que podem advir desta disparidade.

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