Sociedade

Príncipe Harry continua legado da mãe Diana

O Príncipe Harry volta a Angola, seis anos depois de ter estado no país, em 2013, na sequência da visita histórica efectuada pela mãe, a Princesa Diana, em 1997, numa viagem que começa no Dirico e o leva ainda ao Huambo e Luanda.

26/09/2019  Última atualização 12H10
DR

Num “post” na rede social Instagram, na quinta-feira, 29 de Agosto, partilhado pelo jornal “The Daily Mail”, o Príncipe, 34 anos, falou da “ligação” com Angola e realçou a importância do Delta do Okavango e o seu impacto na preservação do ecossistema e da vida animal no planeta Terra.
“Sei que o ecossistema (no Delta do Okavango) é selvagem no seu melhor, jogando um papel crucial absoluto para o Planeta, pessoas e para a vida selvagem. É a nossa única oportunidade para salvar este magnífico e último Éden (na Terra)”, escreveu Harry no “post”, associado a uma imagem sobre uma campanha da National Geographic de recolha de fundos para produzir um documentário sobre a vulnerabilidade do ecossistema crítico do Delta do Okavango e os seus rios afluentes em Angola.
A nota refere que “Sua Alteza Real está grato” em ver uma parceria entre a National Geographic, o Governo angolano e a Organização Não-Governamental The Halo Trust, na protecção do habitat natural e apoio à gestão sustentável dos rios. “Milhões de pessoas, segurança alimentar e a geração de energia na região dependem do fluxo livre dos rios” do Delta do Okavango, acrescentou o Príncipe, ao falar dos perigos da destruição do ecossistema.
“Conhecido pelos habitantes locais como ‘Fonte da Vida", este ecossistema é intacto no seu melhor, desempenhando um papel absolutamente crucial para o planeta, as pessoas e os animais selvagens. Esta é a nossa única possibilidade de salvar este magnífico Éden”, acrecentou.

O legado da Princesa

A primeira visita do Príncipe Harry a Angola, há cerca de seis anos, esteve focada num projecto de desminagem hu-manitária, o mesmo propósito que trouxe a mãe ao país, em 1997.
Durante a sua visita, em Janeiro desse ano, Diana de Gales, das maiores defensoras da retirada das minas terrestres dos antigos campos de guerra, deslocou-se à província do Huambo. As imagens da Princesa com crianças mutiladas e a percorrer um campo mi-nado colocaram o assunto na agenda internacional.
Seis anos após a visita da mãe, Harry, quinto na linha de sucessão ao trono inglês, veio a Angola com o mesmo propósito. Em 2013, esteve cá no âmbito da campanha para remover minas terrestres em algumas partes do país.
Harry e a mulher disseram estar ansiosos por realizar esta visita, por encontrar no terreno muitos dos que ali trabalham e continuar a sensibilizar a comunidade internacional para o impacto do trabalho que as comunidades locais fazem pela Commonwealth e não só.
Angola deu a conhecer, no ano passado, o interesse em aderir à organização, que junta 53 países no mundo, a maioria, antigas colónias britânicas, os quais recebem visitas regulares de representantes da Rainha Isabel II, nomeadamente do príncipe.

Áreas minadas
Recentemente, Harry participou no anúncio de um projecto para limpar os campos minados dos parques naturais de Mavinga e Luengue-Luiana, da bacia do rio Okavango, na província do Cuando Cubango, para o qual o Governo angolano anunciou o investimento de 60 milhões de dólares. O projecto é dirigido pela Organização Não-Governamental britânica Halo Trust, que apelou a mais donativos para tornar seguras as terras em redor dos parques naturais.
O chefe do Gabinete de Intercâmbio e Cooperação da Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNI-
DAH), Adriano Gonçalves, disse, recentemente, à imprensa, à margem do Workshop sobre a Estratégia Nacional do Sector de Acção Contra as Minas em Angola, que o país tem 1.220 áreas afectadas por esses artefactos. As províncias mais afectadas são o Cuando Cubango, Moxico, Cuanza-Sul e Bié e o país precisa de 300 milhões de dólares para estar livre de minas até ao ano de 2025, como estipulado na Convenção de Ottawa, de 2014.
As áreas afectadas somam um total de 105 milhões de metros quadrados. Em 2007, o país tinha 1.600 áreas minadas e, fruto de um grande empenho do Governo e das ONG, esse número foi reduzindo, havendo províncias que já se encontram livres de minas, como Malanje, Namibe e Huambo. Porém, nos últimos 10 anos, os apoios para a desminagem em Angola têm decrescido.
Só no Cuando Cubango, segundo a operadora de desminagem humanitária Halo Trust, existem 227 campos minados catalogados, que precsiam de 90 milhóes de dólares para a sua desactivação. A província enfrenta muitas dificuldades de financiamento, que provocaram a redução significativa das actividades de desminagem.

“Não se esqueça de mim”

O Príncipe Harry, que visita Angola, tem como nome completo Henry Charles Albert David e nasceu em Londres, a 15 de Setembro de 1984. É o filho mais novo de Carlos e Diana. Aos 19 anos de idade, após um período de pausa na Austrália e Lesotho, optou por seguir cerreira militar. In-gressou na Real Academia Militar de Sandhurst, onde terminou o treino militar e foi a seguir integrado no Blues and Royals do Regimento de Household Cavalary, como segundo-tenente.
Em 2007 e 2008, prestou 77 dias de serviço em Helmand, no Afeganistão, mas foi retirado do local, quando uma publicação australiana divulgou a sua presença naquele país. Regressou ao Afeganistão entre 2012 e 2013, para uma missão de 20 semanas com a Força Aérea.
Em Fevereiro de 2015, abandonou o Exército, para dedicar-se ao trabalho que desempenha com militares incapacitados e doentes. Casou-se a 19 de Maio de 2018, com Meghan Markle, com quem tem um filho, Archie Mountbatten-Windsor, nascido a 6 de Maio deste ano.
Desde a saída do exército, Harry tem-se dedicado ao trabalho humanitário a tempo inteiro. Algumas das causas que apoia incluem a luta contra a Sida, o apoio a militares feridos e às suas famílias e à saúde mental.
No que diz respeito à luta contra a Sida, Harry fundou, em 2006, com o Príncipe Seeiso, irmão mais novo do rei Letsie III, do Lesotho, a Sentabale (“Não se esqueça de mim”, no idioma local), uma instituição de caridade que tem como objectivo auxiliar crianças daquele país que ficaram órfãs em consequência de HIV/Sida.
A Sentabale é uma forma de perpetuar o trabalho começado pela Princesa Diana. “Gostaria de continuar o trabalho dela o melhor possível e não haveria lugar melhor”, afirmou Harry a esse respeito, acrescentando que a mãe sentir-se-ia orgulhosa, se pudesse ver a sua iniciativa.
Além dessa instituição, o Príncipe Harry é benfeitor da Well Child, Walking with the Wounded, London Marathon Charitable Trust, Heads Together, Map Action, Dolen Cymru, 100 Women in Hedge Funds' Philanthropic Initiatives, Rugby Football Union, Rugby Football Union Injured Players Foundation, Rugby Football Union All Schools Programme, Henry Van Straubenzee Memorial Fund,The RoyalFoundation of The Duke and Duchess of Cambridge and Prince Harry, School’s Games, Invictus Games, England Rugby 2015 e da HALO Trust.

“Ela sentir-se-ia orgulhosa”

Os Príncipes Wiliam e Harry mantêm viva a obra da mãe, Lady Di, “a Princesa do Povo”, falecida na madrugada de 31 de Agosto de 1997, num acidente de carro, em Paris.
William, de nome completo William Arthur Philip Louis Windsor, é o filho mais velho de Diana e do Príncipe Carlos, tem 37 anos e é Duque de Cambridge, o segundo na linha de sucessão ao trono inglês.
Membro da Casa de Windsor, graduou-se como oficial militar pela Real Academia Militar de Sandhurst e entrou no Regimento de Cavalaria Blues and Royals da Household Cavalry, do Exército Britânico, assim como Harry, Duque de Sussex. Possui ainda formação na Defence Helicopter Flying School, obtida em 2010.
Quando a mãe morreu, William tinha apenas 15 anos. Casado com Kate Middleton, desde 29 de abril de 2011, mora numa propriedade rural na cidade de Anglesey, no País de Gales. A sua redisência oficial é o Palácio de Kensignton, no centro de Londres.
O Príncipe William e Kate Middleton têm três filhos: George, Charlotte e Louis.

A Halo Trust no país

Estabelecida em 1988, a Halo Trust é uma organização sem fins lucrativos, especializada na limpeza de escombros de guerras, tais como minas terrestres e armamentos que não explodiram, em zonas de pós-conflito. Actua em vários países, como o Afeganistão, onde está a sua maior operação, Camboja, Moçambique, Somália, Sri Lanka, Eritreia, Kosovo, Chechénia, Nagorno Karabach, Abecásia e Angola.
A visita da Princesa Diana ao nosso país, em 1997, ocorreu no quadro do seu trabalho na campanha mundial de proibição e remoção de todas as minas anti-pessoais. Desde 1995, mais de 120 unidades da Halo Trust desenvolvem, em todo o mundo, trabalho de limpeza de minas mecânicas.
Em Angola, a Halo Trust limpou, desde 1994, acima de 850 campos minados e retirou 95 mil minas terrestres. Em Dezembro do ano passado, a ONG anunciou, no Huambo, a conclusão de 15 projectos de clarificação de igual número de áreas minadas, financiados pelo Governo do Japão.
Ao confirmar o facto à im-prensa, o gestor de programas da The Halo Trust, Gerhard Zank, disse que as actividades de desminagem começaram em Março do ano passado. Os projectos foram desenvolvidos nos municípios do Huambo, Caála, Mungo e Chinjenje, abrangendo uma superfície de 248.732 metros quadrados de área, entre campos de cultivo, zonas de projectos sociais, estradas e florestas.
Foram retirados, no total, 459 minas anti-pessoal, 10 anti-tanque e 65 engenhos explosivos diversos não detonados, que representavam sério perigo para a população.

Especial