Economia

Preços caem em Malanje e disparam no Moxico

Os principais produtos alimentares comercializados na província de Malanje, principalmente os da cesta básica, registam uma queda ligeira de preços. Já na província do Moxico a realidade é diferente, com o aumento de preços a criar algum desconforto no seio dos consumidores.

27/11/2019  Última atualização 08H44
Samuel António e Daniel Benjamin | Luena © Fotografia por: Na província do Moxico, um saco de arroz de 25 quilos está a ser comercializado a 13 mil kwanzas e o de fuba de milho a 8 mil

Ahmodinohamed Lenine um comerciante mauritano que desenvolve os seus negócios no Luena, província do Moxico, afirmou que para além da desvalorização do kwanza face ao dólar, também a aplicação do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) tem contribuído para o aumento de preços de muitos produtos.

Segundo o comerciante, alguns estabelecimentos não estão licenciados a cobrar o IVA. Mas na aquisição de alguns produtos junto dos fornecedores são obrigados a pagar este imposto, situação que se reflecte no preço final.
Um saco de arroz de 25 quilos está a ser comercializado a 13 mil kwanzas, um saco de fuba de milho a 8 mil, uma caixa de massa alimentar custa 4 mil e uma caixa de óleo está nos 9 mil kwanzas. Maria Tumba, de 55 anos, afirmou que no passado gastava cerca de 50 mil kwanzas para comprar de tudo um pouco. "Hoje só tem servido para garantir uma refeição por dia e aguentar até ao próximo salário", disse.
“O Governo deve agir com máxima urgência, porque isto não é uma comédia, trata-se de vidas de muitos cidadãos que estão em risco, principalmente as crianças e pessoas idosas”, lamentou Maria Tumba.
O Jornal de Angola contactou, ainda, o comerciante Domingos Paulo que apontou o mau estado da via entre Malanje e Saurimo como um dos principais factores para o aumento de preços nos bens de consumo e do material de construção.
O director do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) no Moxico, Jacob Catchipa disse que a instituição que dirige tem sido rigorosa na fiscalização, para evitar especulação de preços por parte dos agentes económicos.
O responsável lembrou que o INADEC encerrou temporariamente um estabelecimento comercial e aplicou uma multa por transgressão às normas comerciais.

Inspecção Nacional
passa por Malanje
Até dia 30 de Novembro decorre uma visita multi-sectorial de inspecção pedagógica nacional. O Jornal de Angola tem acompanhado as visitas inspectivas realizadas em onze estabelecimentos comerciais da província de Malanje.
A título de exemplo, a caixa de massa esparguete está a ser vendida entre os 3.600 e os 4.345 kwanzas. Os preços são variáveis em quase todos os estabelecimentos visitados. Alguns produtos nacionais estão mais caros que os importados, como é o caso do açúcar da marca Kapanda, que é produzido em Malanje.
Relativamente ao cabaz de Natal, há lojas com três tipos de cabazes disponíveis, cujos preços variam de 11 a 44 mil kwanzas.
O subinspector geral das actividades comerciais do Ministério do Comércio, Andrónico da Costa, considerou como satisfatória a colaboração dos agentes comerciais com as equipas de inspecção.
“Nesta manhã já visitámos onze estabelecimentos comerciais, dos quais quatro de média superfície e sete de pequena superfície”, afirmou o responsável, que apontou o registo de algumas infracções relacionadas com a má arrumação dos produtos e certificados de habitabilidade com prazos vencidos.
Relativamente aos preços, o inspector do Ministério do Comércio disse ter havido uma redução significativa comparando aos que eram praticados há 15 dias. Andrónico da Costa exemplificou que o saco de arroz, que custava a 12.500 kwanzas baixou para 10 mil kwanzas, enquanto a farinha de trigo permanece a rondar os 16 mil kwanzas.

Imposto sobre o Valor Acrescentado vai a seminário em Malanje

O Ministério do Comércio está a promover, em Malanje, um seminário de capacitação sobre técnicas e tácticas de inspecção, boas práticas comerciais e a aplicação do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).
O seminário, com a duração de dois dias, vai incidir em acções de inspecção pedagógica junto dos agentes económicos e mercados informais, de acordo com o inspector geral do Comércio, Fernando Kambila.
A iniciativa visa inverter e levar os agentes económicos às boas práticas no exercício da actividade comercial, à luz da Lei 01/07 de 14 de Maio. “O Ministério do Comércio está preocupado com aquilo que é comercializado nos mercados informais", referiu.
Considerando que “o homem é aquilo que come”, Fernando Kambila realçou a necessidade de garantir a segurança alimentar em todas as regiões do país.

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