A Ucrânia e os separatistas pró-russos realizam, amanhã, a primeira troca de prisioneiros de guerra desde 2017, em consonância com o que foi acordado no passado dia 9 de Dezembro na cimeira de Paris, noticiou, ontem, a Efe.
A cimeira sobre o conflito no Leste da Ucrânia contou com a presença dos Presidentes russos, Vladimir Putin, e o ucraniano Volodymyr Zelenski, que se encontraram pela primeira vez, e do Presidente francês, Emmanuel Macron, e da chanceler alemã, Angela Merkel.
"Kiev e Donbas ( região ucraniana onde os separatistas pró-russos se enfrentam com as forças ucranianas) concordaram que a data da troca de prisioneiros (…) será domingo, 29 de Dezembro, antes do Ano Novo, conforme acordado pelos líderes do Quarteto da Normandia", afirmou Daria Morózova, defensora da autoproclamada República Popular de Donetsk, num comunicado difundido pelas agências russas.
Daria Morózova explicou que os separatistas entregarão hoje a Kiev 55 prisioneiros, enquanto a parte ucraniana deve libertar 87 pessoas.
"Quanto ao número de pessoas que a parte ucraniana nos deve entregar, este só será especificado depois da verificação que está a cargo do coordenador (da Organização para Segurança e Cooperação na Europa, OSCE), Tony Frisch", acrescentou.
A representante ucraniana Valeria Lutkovskaya avançou, há alguns dias, que entre os soldados ucranianos libertados estarão os presos nas batalhas de Ilováisk e Debáltsevo, de Agosto de 2014 e Janeiro de 2015, as mais sangrentas deste conflito armado, que fez mais de 13 mil vítimas mortais, segundo a ONU.
De acordo com a imprensa, a troca dos prisioneiros terá lugar no posto de controlo de Mayorsk, que liga a área de Donetsk, controlada pelos separatistas, com o território sob o controlo do Exército ucraniano.
O último intercâmbio entre as duas partes ocorreu em Dezembro de 2017 e foi considerado o maior desde que o conflito eclodiu em 2014.
Esta questão foi tratada em numerosas ocasiões nas negociações em Minsk, capital da Bielorrússia, mas não foi desbloqueada até à recente cimeira de Paris, onde foi também acordado replicar as tropas de ambos os lados em três outros locais da linha de separação de forças na região ucraniana de Donbas, onde separatistas pró-russos enfrentam as tropas de Kiev.
No princípio do mês, os Presidentes russo e ucraniano, Vladimir Putin e Volodymyr Zelenski, reuniram-se pela primeira vez, em Paris, durante conversações para relançar o processo de paz na Ucrânia, sob a liderança da França e da Alemanha, e comprometeram-se a implementar um cessar-fogo "total" na zona Leste da Ucrânia antes do final do ano.
No fim da reunião, foi emitido um comunicado conjunto dando conta que "todas as partes comprometem-se na implementação de um cessar-fogo total, reforçado pela adopção de todas as medidas necessárias para o conseguir, até ao final do ano de 2019", segundo a Reuters.
Ficou ainda acordado que se fariam esforços para que haja troca de "todos" os prisioneiros de guerra no mesmo prazo.
Após três anos de paralisia nas negociações para tentar pôr fim à guerra no Leste da Ucrânia, o encontro entre o homem forte do Kremlin e o inexperiente comediante ucraniano era muito esperado, apesar dos sectores nacionalistas ucranianos se manifestarem contra a reunião, ao verem qualquer acordo como uma capitulação.
O início da retirada das tropas de duas aldeias situadas perto de Donetsk, no dia 9 de Novembro, contribuiu também para facilitar as relações entre a Ucrânia e as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, mas também com a Rússia. Cerca de dez dias depois, Moscovo anunciou que os três navios da Marinha ucraniana apreendidos por terem alegadamente violado as águas territoriais russas no estreito de Kerch, em Novembro de 2018, foram devolvidos a Kiev.
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