Política

Isabel dos Santos processa consórcio

A empresária angolana Isabel dos Santos informou ontem através de um comunicado enviado à agência Lusa que vai processar o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e os órgãos de comunicação social envolvidos na divulgação do “Luanda Leaks”.

28/01/2020  Última atualização 18H41
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Isabel dos Santos lamenta o que considera "acções irresponsáveis de alguns jornalistas que desencadearam uma tragédia humana e negligenciaram o respeito pelo direito à privacidade".
A empresária, que depois das revelações da investigação jornalística tem anunciado a intenção de alienar as suas participações em várias empresas portuguesas, garante que nenhum desses investimentos foi feito com "fundos de origem ilícita".
Entre os investimentos, destacou a relação empresarial com a Portugal Telecom Ventures, adiantando que a parceria em Angola gerou mais de mil milhões de euros em dividendos.
Isabel dos Santos considerou ainda que a lei do repatriamento de capitais de Angola “não se aplica a fundos lícitos” e “devidamente licenciados pelas autoridades”, antes visa “fundos de proveniência criminal”.
De acordo com a investigação jornalística, Isabel dos Santos terá montado um esquema que lhe permitiu desviar mais de 90 milhões de euros para uma empresa sediada no Dubai, a Matter Business Solutions.
Sobre esta acusação concreta, Isabel dos Santos adianta, no comunicado, que a referida empresa funcionou como responsável pela coordenação das várias consultoras internacionais que trabalharam na reestruturação da Sonangol, incluindo, entre outras, a BCG, PWC, McKinsey e VdA.
A empresária adianta ainda que os trabalhos de consultoria e apoio à reestruturação da Sonangol decorreram ao longo de 18 meses em mais de 20 empresas do grupo, tendo “contribuído para gerar resultados positivos” no grupo. No comunicado, Isabel dos Santos diz que irá tomar “os passos necessários”, e detalha ainda que será representada pela Schillings Partners — uma sociedade de advogados internacional que respondeu ao CIJI em nome do seu marido, no âmbito do “Luanda Leaks.”

Rui Pinto assume

O hacker português Rui Pinto confirmou ontem, através dos seus advogados, ser a única fonte do material que deu origem ao caso “Luanda Leaks”, dando razão a suspeitas divulgadas este domingo pela Polícia Judiciária de Portugal.
Num comunicado distribuído à imprensa, Francisco Teixeira da Mota e William Bourbon, os dois advogados que estão a defender o hacker nos processos que este tem pendentes com a justiça lusa e pelos quais se encontra em prisão preventiva, confirmam que o seu cliente é responsável pelas revelações sobre os negócios de Isabel dos Santos.
À Rádio Observador, o advogado Francisco Teixeira da Mota explicou mais tarde que “desde o princípio que era intenção de Rui Pinto revelar a autoria da entrega à plataforma de defesa da luta contra a corrupção um disco rígido com esta documentação”.
O advogado acrescentou que essa informação foi entregue por Rui Pinto “há mais de um ano” e acrescenta que o hacker “aguardava que o trabalho jorna-
lístico ficasse concluído para assumir que tinha sido ele o denunciante das alegadas irregularidades cometidas por Isabel dos Santos e outros”.
Os advogados dizem que Rui Pinto procurou, com a divulgação, “ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola.

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