Economia

Governador considera novidade os “meandros” do Luanda Leaks

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) declarou ter tomado conhecimento “como a maior parte das pessoas”, das revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação sobre o enriquecimento indevido da empresária Isabel dos Santos, considerando-as novidades, pois não conhecia os “meandros” dos esquemas.

28/01/2020  Última atualização 17H01
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José de Lima Massano falava numa conferência de imprensa realizada para anunciar as decisões da reunião do Comité de Política Monetária do BNA, realizada ontem, em Luanda, para decidir sobre a evolução dos juros.
O governador afirmou que, em relação às revelações, cabe aos órgãos de justiça “fazerem o seu trabalho”, sublinhando que o BNA “tem em curso um conjunto de acções que visam melhorar todo o processo que tem a ver com idoneidade dos que investem” no sistema financeiro angolano “e dos que se encarregam da sua gestão”.
O BNA, adiantou, “actuou sempre que houve sinais” e está a melhorar os processos relativos à idoneidade de quem investe no sistema financeiro.
O governador indicou que esta actuação “tem regras”, explicando que no caso dos bancos comerciais qualquer operação considerada suspeita obriga a uma declaração transmitida à unidade de informação financeira.
Assinalou que foi feito “um progresso assinalável” na preparação da banca co-mercial angolana no que se refere ao branqueamento de capitais, anunciando a continuidade dessa actuação em 2021 e 2022, quando o Grupo de Acção Financeira realiza uma avaliação da resiliência do sistema financeiro no combate a práticas que violem estes princípios.
“Os regulamentos, as práticas que temos vão nesse sentido, protegermos as nossas instituições financeiras contra crimes financeiros da mais variada ordem”, destacou o responsável.

Manutenção dos juros

O Comité de Política Monetária do BNA manteve a Taxa BNA em 15,5 por cento no fim de reunião bimensal, realizada ontem para analisar a evolução da economia ao longo dos meses de Novembro de Dezembro.
A reunião decidiu também manter as taxas de juro das facilidades permanentes de absorção de liquidez overnight e a sete dias em 0,00 e 10 por cento, respectivamente, bem como os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda nacional e estrangeira em 22 e 15 por cento.
O comunicado final da reunião, lido pelo governador do BNA em conferência de imprensa, refere, como explicação para as decisões que, no mês de Dezembro, o Índice de Preços no Consumidor apresentou uma variação homóloga de 1,91 por cento, mantendo a trajectória de desaceleração e fixando-se em 16,9 por cento, o nível mais baixo desde 2015.
“Constata-se a manutenção do processo desinflacionista que permitiu o alcance do objectivo de inflação anual, não obstante o aumento de tarifa de energia a introdução do IVA, do Im-posto Especial de Consumo, bem como da depreciação cambial ocorrida particularmente no último trimestre de 2019”, afirmou José de Lima Massano.

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