Política

Ministro defende união para solução dos problemas do país

As dificuldades com que se debatem os angolanos serão ultrapassadas se todos estiverem unidos, trabalharem no mesmo sentido e pensarem no bem comum, defendeu, ontem, na cidade de Benguela, o ministro do Interior.

05/02/2020  Última atualização 08H11
DR © Fotografia por: Ministro Eugénio Laborinho exortou à contribuição no combate à corrupção e ao nepotismo

Eugénio Laborinho, que discursava no acto central que marcou a passagem do 59º aniversário da data do Início da Luta Armada de Libertação Nacional, garantiu que, se todos agirem como uma verdadeira comunidade e irmanados nos mesmos objectivos, “venceremos, seguramente, as dificuldades actuais”.
“Estamos em crer que com a mesma determinação que os heróis do 4 de Fevereiro tiveram, também saberemos dignificar, contribuindo no combate à corrupção e ao nepotismo, males que prejudicaram os angolanos, atrasando o tão esperado desenvolvimento do país”, disse o ministro.
Eugénio Laborinho mostrou-se confiante na diversificação da economia, factor que vai propiciar a melhoria do ambiente de negócios. Acredita que Angola terá mais investimento estrangeiro e na sequência o surgimento de um maior número de postos de trabalho para os angolanos, com particular realce para a juventude.
O facto de os festejos dos 59 anos do Início da Luta Armada de Libertação Nacional coincidirem com a celebração dos 45 Anos da Independência Nacional foi aproveitado pelo ministro do Interior para anunciar a abertura oficial das festividades do 45º aniversário do alcance da liberdade, programada para decorrer em todo o território nacional até 31 de Dezembro.
As actividades alusivas aos 45 anos de Independência Nacional vão decorrer sob o lema “Unidade, estabilidade e desenvolvimento”. Para Eugénio Laborinho, a estabilidade como elemento essencial para o alcance de qualquer objectivo e o desenvolvimento como a expressão máxima da luta para o bem-estar dos angolanos só serão possíveis com união.
Em face disso, o ministro recomenda que as festividades dos 45 anos da Independência Nacional devem constituir um elemento de reflexão sobre o percurso histórico do país, bem como de reconhecimento da validade das acções desenvolvidas, de renovação da esperança e da crença no presente, com os olhos postos num futuro de desenvolvimento e de progresso.
De acordo com Eugénio Laborinho, todo esse processo decorre na base das técnicas da lavoura: “lançar a semente à terra e esperar que germine, cuidar da planta, vê-la crescer, eliminar as ervas daninhas para que se possa, no momento adequado, usufruir dos seus saborosos frutos”.
Segundo o ministro do Interior, a escolha da província de Benguela para albergar os festejos do 59º aniversário da data do Início da Luta Armada de Libertação e de lançamento dos festejos dos 45 anos da Independência Nacional deve-se ao reconhecimento pelo contributo da sua população nas mais variadas fases da História de Angola, no domínio político, económico, artístico, cultural e social.

Apoio ao Executivo
Numa mensagem lida no acto, os antigos combatentes e veteranos da Pátria solidarizam-se com os esforços do Exe- cutivo angolano pela forma como tem estado a dirigir a reorganização de todos os sectores da sociedade e pelo combate à corrupção, à impunidade e ao nepotismo, que consideram o marco da estabilidade e desenvolvimento socioeconómico, financeiro e produtivo do país.
Entretanto, os ex-militares aproveitaram a oportunidade para solicitar ao Governo mais apoios e acesso aos diferentes serviços. “Ainda é deficitário o acesso dos descendentes dos antigos combatentes e veteranos da Pátria às instituições de ensino do II ciclo e do ensino superior”, queixam-se os ex-militares, que clamam igualmente pelo aumento da percentagem para as vagas existentes em outros sistemas de ensino.
Os antigos combatentes lamentam, também, os subsídios irrisórios que não lhes permitem suportar as propinas no ensino privado, nem tão-pouco se candidatarem à compra de um apartamento nas centralidades. Com efeito, exigem aos órgãos competentes a revisão da Lei do Antigo Combatente e o reajustamento da pensão.

Apelo da UNITA
Em nota endereçada ao Jornal de Angola, a UNITA apela à Nação, em especial às novas gerações, para beber do exemplo de coragem dos nacionalistas para a reflexão e, sobretudo, para a acção, face aos desafios do futuro.

General na reserva defende a criação de “Fundação 4 de Fevereiro”

O Executivo angolano deve
trabalhar na criação de uma “Fundação 4 de Fevereiro”, com estatuto de instituição de utilidade pública, para honrar melhor os iniciadores da luta de libertação nacional, sugeriu, em Luanda, o general na reserva José Fragoso.
Em declarações à Angop, a propósito do Dia do Início da Luta Armada de Libertação Nacional, assinalado ontem, o general considerou urgente que se transforme o actual Comité 4 de Fevereiro em Fundação, como instituição de utilidade pública autónoma, em termos administrativos e financeiros.
O também presidente do Conselho de Administração da “Fundação 27 de Maio” sugeriu que a fundação possa ter, entre outros desafios, a construção de uma universidade em Catete, município de Icolo e Bengo, em Luanda.
José Fragoso encorajou, por outro lado, os actores políticos e académicos a fazerem maior divulgação do valor histórico da data, junto da juventude angolana. Lembrou que este feito de coragem e determinação foi o primeiro grito patriótico “de facto” dos angolanos, cansados da repressão e da exploração colonial portuguesa, que culminou com a proclamação da Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975.
O general considerou fundamental que a data, em que patriotas angolanos desencadearam um ataque à Cadeia de São Paulo e à Casa de Reclusão, em Luanda, venha a ser comemorada sem rótulos políticos. Afirmou que “a história do 4 de Fevereiro de 1961 ainda é omissa” e devia aproveitar-se melhor os participantes desse feito ainda vivos, para transmitirem uma ideia mais próxima do que se passou.
Para José Fragoso, os combatentes iniciadores da luta armada de libertação nacional devem ter um estatuto especial e transmissível aos seus descendentes.

Só restam 20 sobreviventes
Em 1961, passavam das centenas, hoje são apenas 20 os bravos que ousadamente “eternizaram” o 4 de Fevereiro, uma das datas mais importantes da história secular de Angola.
Estes resistiram à saga do 4 de Fevereiro e continuam sobreviventes… Foram os precursores da Independência. Com excepção da general reformada Engrácia Cabenha, dos 20 sobreviventes, ninguém é tão conhecido como Paiva Domingos da Silva, Imperial Santana e Neves Bendinha.

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