Política

Interesse japonês em investir no país aumenta com a TICAD

O embaixador do Japão em Angola, Hironori Sawada, afirmou, em Luanda, que a participação do Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD 7), em Agosto do ano passado, permitiu aumentar o interesse do sector privado japonês no mercado angolano.

23/02/2020  Última atualização 12H50
Dombele Bernardo | Edições Novembro © Fotografia por: Embaixador Hironori Sawada


Hironori Sawada, que falava, sexta-feira, por ocasião da comemoração do 60º aniversário do Imperador japonês, que hoje se assinala, referiu que o encontro entre o Presidente João Lourenço e o Primeiro-Ministro Shinzo Abe, durante a TICAD 7, marcou um passo importante para os dois países entrarem numa nova era de cooperação.
Durante um acto em que foram convidados membros do Executivo, do corpo diplomático e empresários, Sawada realçou que, desde o estabelecimento das relações, há 40 anos, os dois Estados têm se empenhado em dinamizá-las, tendo como testemunho os resultados alcançados nos últimos anos, graças aos esforços incansáveis dos sectores público e privado.
O embaixador japonês lembrou, igualmente, que o ano passado foi extremamente marcante, pelo facto de ter sido assinado o Acordo para a Implementação do Projecto Integrado da Baía do Namibe, a ser desenvolvido pela Toyota Tsusho e TOA Corporation. Trata-se de um projecto avaliado em 600 milhões de dólares para o desenvolvimento de infra-estruturas portuárias da Baía do Namibe.
Caberá à empresa Nippon Export and Investment Insurance (NEXI) assegurar esse projecto, que comporta a expansão do Terminal de Contentores do Porto do Namibe e a reabilitação do Terminal de Minérios de Saco-Mar.
A empresa japonesa acredita que o projecto na bacia do Namibe, cuja conclusão está prevista para 2022, irá “reduzir a dependência de Angola do petróleo” e “reconstruir infra-estruturas afectadas pela guerra civil”.
O projecto contribuirá para a criação de empregos, revitalização económica e diversificação de indústrias, além de potenciar o Porto para se tornar numa janela para a importação e exportação, através da linha ferroviária.
O Terminal de Minérios de Saco-Mar foi construído em 1967, com o objectivo de ex-portar minério de ferro explorado nas minas de Cassinga, província da Huíla, tendo funcionado durante oito anos.
Além das infra-estruturas portuárias, os dois países avançaram para a cooperação no domínio das telecomunicações, precisamente no desenvolvimento da televisão digital, tendo em Março de 2019 o Go-verno angolano determinado a adopção do sistema japonês de TV Digital. A par destes sectores, destaque para o cabo submarino que liga Angola ao Brasil, através da Angola Cables, cujo parceiro tecnológico é a empresa NSI, do Japão. O projecto está avaliado em 400 milhões de dólares.
Em Março de 2016, o Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC) aprovou o financiamento para a empresa Angola Cables S.A, para a aquisição de equipamentos e serviços de empresas japonesas (NEC, OCC), que serviram para a execução do projecto de instalação de cabo submarino óptico no Atlântico Sul.
O empréstimo foi co-financiado com a Sumitomo Mitsui Banking Corporation (SMBC), com um seguro comercial através da Nippon Export and Investment Insurance (NEXI).
O projecto é chave no sector das Telecomunicações de Angola e África, representando o primeiro cabo submarino no hemisférico Sul, no Oceano Atlântico, que liga Angola e o Brasil, permitindo melhorar a conectividade do continente africano ao resto do mundo.

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