Economia

Benguela tem disponíveis 700 toneladas de fertilizantes

Júlio Gaiano | Lobito

Jornalista

Cerca de 700 toneladas de fertilizantes estão disponíveis na província de Benguela para serem distribuídos às famílias do meio rural, informou, ontem, na povoação do Kulango, a vice-governadora para a área Política, Económica e Social, Deolinda Chocondoca Valiyangula.

20/10/2020  Última atualização 17H10
As feiras de Gastronomia e do Feijão serviram para a mulher rural mostrar as suas potencialidades © Fotografia por: Júlio Gaiano
A governante disse que, ainda no decurso desta se-mana, o governo, por intermédio do Gabinete Provincial da Agricultura Pecuária e Pesca vai planificar a distribuição dos adubos e outros imputes agrícolas às mulheres do meio rural, para aumentarem a produção. Deolinda Chocondoca Valiyangula discursava por ocasião do Dia Mundial da Mulher Rural, celebrado a 15 deste mês, e que culminou com as Feiras de Gastronomia e do Feijão, organizadas, ontem, naquela povoação, localizada a 25 quilómetros do Lobito,
"Os administradores municipais devem facilitar o processo de distribuição, retirando a burocracia excessiva para que as mulheres rurais possam ter acesso a esses produtos para melhor desenvolverem a sua produção e reduzir a fome e a pobreza no seio das comunidades. Pois, é do interesse do Governo que as mulheres tenham um nível económico capaz de proporcionar uma vida melhor para os filhos, netos e, por fim, a toda a sua família”, disse.
Deolinda Valiyangula enalteceu o papel da mulher rural no trabalho do campo, sendo responsável pelo equilíbrio e harmonia nos lares, pelo que defende serem elas merecedoras do devido respeito e consideração.
"A par de cuidarem dos filhos e dos maridos, 80 por cento daquilo que nos chega à mesa é produzido por mulheres camponesas. As provas estão aqui representadas nas feiras do Feijão e da Gastronomia. Não sei o que seria de nós sem estes produtos, como frutas, cereais, legumes, hortaliças e outros cultivos saudáveis à nossa alimentação”, referiu.

Créditos bancários
Sem precisar os montantes, a vice-governadora para a área Política, Económica e Social encorajou as mulheres rurais a organizarem-se em cooperativas e associações agrícolas no sentido de usufruírem do direito a créditos bancários, estando às administrações municipais e comunais orientadas a facilitarem o referido processo.
"No quadro da política de diversificação da economia, 54 produtos da cesta básica adoptados pelo Executivo provêm do campo. Assim sendo, encorajamos as famílias camponesas a associarem-se em cooperativas agrícolas para beneficiarem de crédito financeiro para desenvolverem mais e melhor a actividade de produção. É um processo que deve ser facilitado pelas administrações municipais e comunais, no que tange ao tratamento de documentos para o efeito”, salientou.  
Benguela é uma das províncias da região Centro-Sul de Angola mais ricas em produção de milho, feijão, ananás, massambala, massango, batata-doce, ginguba e citrinos, para além de hortaliças e legumes. Por razões das circunstâncias do tem-po, viu-se ultrapassada pelo Bengo na produção da bana-na. A cana-de-açúcar, o café e o sisal foram pura e simplesmente "extintos” do mapa, apesar dos esforços das autoridades da província na sua reactivação.
 Camponesa aposta na produção de arroz no Cubal

Uma família camponesa  do município do Cubal, província de Benguela, está a apostar no cultivo de arroz, iniciada há quatro anos, com resultados satisfatórios, apesar de o clima predominante na região ser inapropriado para este tipo de cultura. Adriana Jamba, mentora do projecto, disse ao Jornal de Angola que a ideia partiu de um estudo feito no local em 2010, e que teve a sua materialização seis anos depois, isto em 2016.
A escassez do produto que se fazia sentir a nível da província acelerou o processo. Começou com 10 quilos, adquiridos nos mercados paralelos, no valor de  duzentos e cinquenta kwanzas, por cada quilograma.
"Para quem não dispõe de material de rega mecanizada, as águas das chuvas que se fazem sentir nos meses de Dezembro e Março são aproveitadas e racionalizadas para o processo de rega, já que o cultivo do arroz exige água em abundância. Os resultados são encorajadores”, disse.
Adriana Jamba mostrou-se satisfeita com a iniciativa do governo da província, que incentivou as mulheres camponesas a associarem-se em cooperativas agrícolas, condição exigida para a obtenção de créditos para a agricultura familiar.
Segundo isse, pretende explorar quatro hectares de terra que possui para a lavoura. "Só estamos a explorar 1,5 hectares. Com esse dinheiro, poderia comprar charruas e juntas de bois (de tracção) ou mesmo alugar um tractor para aumentar os níveis de produção. Espero que os líderes desse processo sejam céleres e nos ajudem a realizar o sonho de nos tornarmos eficientes no cultivo do arroz”, augurou.
Sobre a problemática do escoamento do produto do campo para a cidade, Adriana Jamba entende tratar-se de um assunto que as autoridades administrativas devem resolver para evitar que os produtos continuem a deteriorar-se nas lavras, com perdas avultadas.
A plantação do arroz é, geralmente, feita em solos ligeiramente ácidos e argilosos. Para além da luz e temperatura natural, na faixa de 21º C, é fundamental, para o cultivo do arroz levar-se em conta a estação do ano. O período propício ao crescimento e floração do cereal dura de três a seis meses. O período coincide com a época mais quente do ano, que, no caso de Angola, vai de Dezembro a Março.
Nas províncias do Bié, Malanje, Cuando Cubango, Huambo, Huíla, Moxico,  Lundas Norte e Sul, devido às condições climatéricas predominantes, os solos favorecem o cultivo do arroz. Já na província de Benguela, o processo é dificultado pela característica do clima quente e húmido, para além das chuvas irregulares, próprias da região do litoral sul.

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