Economia

Sinais de voz e de dados satisfazem utilizadores

Isaque Lourenço

Jornalista

A qualidade dos serviços de voz e dados das operadoras Unitel e Movicel, em Luanda, respondem em mais de 90 por cento aos níveis de consumo dos utilizadores.

20/10/2020  Última atualização 06H46
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De acordo com a 1ª edição de um estudo, lançada este mês, por iniciativa do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), na Baixa de Luanda, por exemplo, as duas redes móveis usam a tecnologia 2G para o serviço de voz e fazem-no com qualidade de cobertura estimada em 99,6 por cento para a Unitel e 97,1 para a Movicel.

Neste ponto de Luanda, o serviço de dados, suportado pela tecnologia 3G, tem uma cobertura de sinal avaliada em 98,9 e 99,8 por cento para ambas as redes móveis.

Já para o serviço de dados "FTP Downlink Throughput", ainda na Baixa de Luanda, a tabela de velocidade divulgada no estudo do Inacom mostra uma cobertura lenta, quer de uma quer de outra, fixada nos 90,3 e 92,8 por cento, respectivamente.

Centralidade do Kilamba

A medição do nível de recepção de sinal foi também efectuada na Centralidade do Kilamba, onde o estudo estimou em 98,6 por cento a qualidade do serviço 2G de voz usado disponibilizado pela Unitel. A Movicel, por sua vez, foi apurada com uma cobertura de 99,4 por cento. Os números muito próximos do absoluto indicam que no Kilamba existem poucas zonas com dificuldade de cobertura.

Quanto ao sinal de dados (Internet), a Centralidade do Kilamba, servida com tecnologia 3G, regista uma cobertura de 96,4 por cento para a Unitel e 100 por cento para a Movicel, de acordo com os dados obtidos da monitorização do serviço.

Contudo, mesmo no Kilamba, é ainda lento os serviços de dados da tecnologia "FTP Downlink Throughput", para as redes Unitel (82,2 por cento) e Movicel (66,7 por cento).

Nas conclusões apresentadas, através de tabelas na 1ª edição do estudo de avaliação da qualidade dos serviços de telefonia móvel, refere-se que em Talatona, Distrito Urbano do município de Belas, na província de Luanda, a cobertura de voz e dados, nas tecnologias 2 e 3G, ficam com taxas de 97,3 e 99,3 por cento, para a Unitel, e 95,1 e 91,4 por cento, para a Movicel.

Também é lenta a velocidade de acesso de dados por via do serviço "FTP Downlink Throughput", reservando-se a taxas de 58 por cento para a Unitel e 68,5 por cento, para a Movicel. Estes indicadores revelam a existência de desafios contínuos às operadoras, sobretudo no que diz respeito à melhoria dos respectivos serviços.


Município de Viana

Por último, o levantamento do INACOM avaliou também o município de Viana. Neste, a conclusão foi de que a operadora Unitel, nos serviços de voz (2G) e dados (FTP Downlink Throughput) cobre com qualidade a taxas de 97,6 e 89,3 por cento, sendo que a segunda representa a taxa de lentidão com que o serviço é disponibilizado.

A Movicel, por sua vez, ainda em Viana, opera no serviço 2G de voz com uma taxa de 90,4 por cento. A rede de dados "FTP Downlink Throughput", considerada lenta, reserva uma taxa de 89,9 por cento, segundo o levantado na maior parte da rota monitorizada.

Com o estudo, que deverá ter publicações regulares, o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, que tutela o Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), pretende colocar à disposição do mercado e investidores nestes e outros segmentos informação actualizada, fundamental para a tomada de decisão.

Crescimento visível

No último discurso sobre o Estado da Nação, o Presidente da República, João Lourenço, disse que os serviços de telefonia móvel em Angola registaram, no último ano, um acréscimo de 60 mil e 801 subscritores, elevando para 14 milhões, 937 mil e 350 utentes. Neste sector, estão registados seis milhões, 714 mil e 252 subscritores com acesso à Internet, o que representa um acréscimo de 74 mil e 458 subscritores.

O Presidente da República informou, igualmente, estar em curso negociações para a assinatura do contrato com a Africel, vencedora do concurso público para a atribuição do Título Global Unificado, para uma nova operadora de telefonia móvel.

A telefonia móvel em Angola arrancou no ano de 1993, com a primeira célula da rede analógica instalada pela multinacional "Motorola". Entre 2001 e 2002, o número de utilizadores de telefonia móvel celular cresceu de 20 mil para mais de 70 mil utilizadores.

O Instituto Angolano das Comunicações previa então que entre 2003 e 2004 o número de linhas móveis ligadas passasse de 90 mil para 150 mil, referindo que em países de baixa penetração da rede fixa, se torna mais rápido e económico promover o acesso ao serviço telefónico a partir de redes de telefonia móveis.

De acordo com a pesquisa, em Novembro de 2003, os clientes da Unitel eram mais de 170 mil e os da Movicel 110 mil. Um ano depois, a Movicel estimava em 400 mil, prevendo atingir os 700 mil em 2005.

Em Novembro de 2005 a Unitel tinha atingido a marca de um milhão de clientes.


Comunicações pelas redes móveis recebem nota positiva

A avaliação dos utilizadores sobre a qualidade dos serviços de telefonia móvel na cidade de Luanda é bastante positiva, sobretudo no que diz respeito à melhoria do sinal de voz e dados em pontos anteriormente tidos como críticos.

Para a utente Ana Paula de Carvalho, proprietária do espaço de lazer Cantinho do Bancário, sito no interior do Instituto de Formação Bancária de Angola (IFBA), as redes Unitel e Movicel apresentam-se bastante melhores se comparadas há alguns anos.

Utilizadora das duas redes móveis, Ana Paula de Carvalho diz que, até 2018, as comunicações eram de baixa qualidade e com bastante dificuldade de conseguir-se falar de uma rede para a outra sem cortes.

A empreendedora diz ser, realmente, positivo notar-se esta evolução, pois permite também melhor comunicação com familiares e amigos, sobretudo os que residem noutras localidades.

Jaime Isaac, funcionário público, garante não ter nenhum constrangimento com a rede móvel Unitel. Comparando-a aos últimos dois anos, reconhece grandes mudanças no sector.

Segundo ele, em alguns locais fechados, como estacionamentos das caves dos edifícios, continuam os telemóveis a não funcionar na totalidade. Ainda assim, afirma que na Baixa de Luanda a comunicação é excelente e fora do Centro da Cidade tem-se, na maioria das vezes, o mesmo resultado, o que não acontecia há muitos anos.

Jaime Isaac defende, por outro lado, que as operadoras nacionais têm capacidade de melhorar as comunicações das respectivas redes a todos os níveis, e isso representaria um enorme ganho para a segurança da população.

“É um risco não termos comunicações nas áreas de difícil acesso, pois caso aconteça uma emergência, não conseguimos buscar por socorro, porque a rede não é funcional”, disse.

Outra utilizadora de telemóveis, Odete Magalhães, gerente comercial, prefere a rede Unitel por considerar facilitar mais e ter maior rapidez na comunicação seja por voz e dados, seja por mensagens.

Quanto à rede Movicel, admite que os planos são atractivos e juntam muitos usuários, pelo menos até há bem pouco tempo.

Conforme argumenta, esta situação pode vir a mudar e provocar uma diminuição dos utilizadores da rede Movicel como resultado da recente actualização efectuada nos preços, que Odete Magalhães diz ter sido brusca, alta e descontextualizada.

Na conversa com o Jornal de Angola, os três detentores de telefones móveis disseram, de forma unânime, que as comunicações em Angola ainda são caras. Consideram-nas estratégicas e de uma importância económica só mensurada pelos desafios das empresas e das próprias famílias.

Ana Paulo

Especial