Política

Destacado patriotismo de Isaías Jaime Vilinga

André Sibi

Jornalista

Políticos e o corpo diplomático acreditado em Angola renderam, ontem, a última homenagem ao embaixador de carreira Isaías Jaime Vilinga, que faleceu, no sábado, em Luanda, vítima de doença.

21/10/2020  Última atualização 12H42
Agostinho Narciso| Edições Novembro © Fotografia por: Políticos, corpo diplomátio, familiares e amigos renderam a última homenagem ao diplomata
O diplomata, que foi a enterrar ontem, no Cemitério de Sant' Ana, em Luanda, serviu como embaixador em Moçambique, Grécia e Reino da Suécia.
Numa mensagem de condolências, o Presidente da República, João Lourenço, referiu que o "finado diplomata Jaime Vilinga foi um patriota que durante grande parte da sua vida se dedicou, com empenho e firmeza, à realização da causa da independência nacional e da projecção da imagem de Angola no exterior”. 
O Chefe de Estado reconheceu que o malogrado desempenhou as suas funções com zelo e dedicação nos vários países em que representou Angola na qualidade de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário.
Em declarações à impren-sa, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, indicou que a tradução do nome "Vilingue” na língua nacional Umbundo significa actos. E os actos do embaixador Isaías Jaime Vilinga, disse, "constituem um verdadeiro exemplo de pessoa que colocou, acima de tudo, a Pátria, o amor ao próximo e a reconciliação nacional”.
Téte António assegurou que a sua contribuição para o processo de paz e reconciliação nacional, enquanto pessoa e diplomata de carreira nas diferentes missões diplomáticas por onde passou, representam um grande exemplo de empenho e dedicação à Pátria.
Para o ministro, "2020 é um ano para esquecer, porque a diplomacia angolana, e não só, perdeu muitos funcionários de carreira diplomática de grande craveira, que deram um grande contributo para que Angola esteja no mapa mundial”.
"O que conforta os angolanos, nesta altura, é sobretudo o aprendizado e as lições transmitidas pelos mais velhos ao longo dos últimos anos”, sublinhou.
Para a presidente da 3ª Co-missão da Assembleia Nacional, Josefina Pitra Diakité, "o momento é de muita tristeza, dor e consternação, mas, também de celebração da vida que ele bem viveu”. 
O embaixador Vilinga, acrescentou, deixa uma família bem constituída, representou o país condignamente e fez muitos amigos, que fizeram questão de render-lhe a homenagem merecida.
A ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves, disse que a família perdeu um pai, irmão e amigo dedicado à resolução dos problemas de todos, sempre que fosse chamado."Somos abençoados ao ter familiares que atingem os 80 e 90 anos. Mas fica o exemplo para os nossos filhos e netos que colheram, dele, os bons exemplos na relação familiar, no diálogo, amor e partilha”, sublinhou. 
"Gostaria que os nossos descendentes primassem pela união familiar e que ficassem longe da violência e da delinquência”, salientou a ministra.
O secretário para os Assuntos Internacionais do MPLA, Manuel Chaves, disse que conheceu Isaías Vilinga na missão diplomática de Angola na Grécia e mais tarde em Moçambique. "Foi um verdadeiro patriota, que dedi-cou toda a vida à democracia e desenvolvimento de Angola”, sublinhou.
Nascido a 4 de Março de 1939, na província do Huambo, Isaías Vilinga foi nomeado em 2002 vice-governador de Benguela, no âmbito do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN). Depois foi embaixador na Grécia, Moçambique e Reino da Suécia. Em 2017, Isaías Vilinga foi nomeado embaixador de carreira do quadro diplomático do Mirex. 
Adalberto Costa Júnior fala em "biografia trocada”
O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, manifes-tou-se indignado com a supressão de aproximadamente 20 anos do percurso histórico e político do embaixador Isaías Jaime Vilinga. 
"Infelizmente, ouvimos, aqui, uma biografia trocada, o que não dignifica Angola”, disse, em declarações à imprensa.
Segundo Adalberto Costa Júnior, "ocultar 20 anos do percurso histórico e político de alguém é deseducar a juventude”. "Sei que não é o momento, mas faço esta reflexão porque estou a falar para vários angolanos que precisam conhecer a verdadeira história de cada um de nós”, sublinhou.
O presidente da UNITA considerou a homenagem ao malogrado embaixador de carreira como tributo merecido. "Vilinga foi um companheiro durante o percurso de luta política revolucionária. 
Foi um amigo, uma pessoa que partilhou comigo alguns anos da sua vida. No âmbito dos Acordos de Paz, abraçou a diplomacia”, disse.
O elogio fúnebre dos filhos e netos foram apresentados por Isaías Vilinga e Elma Vilinga.