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Oposição na Bielorrússia vence Prémio Sakharov

A oposição democrática na Bielorrússia venceu, esta quinta-feira, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento de 2020, anunciou o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.

23/10/2020  Última atualização 08H10
União Europeia atribuiu distinção a representantes do movimento divergente bielorrusso © Fotografia por: DR
 "É com grande honra que informo que a conferência de presidentes decidiu atribuir o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento aos representantes da oposição na Bielorrússia”, afirmou David Sassoli.
 "Queria congratular os representantes da oposição da Bielorrússia pela  coragem, resiliência e determinação, já que encarnam no quotidiano a defesa da liberdade de expressão e pensamento que o Prémio Sakharov gratifica, e continuam a mostrar-se fortes perante um adversário muito potente. Aquilo que os ajuda é que a violência nunca poderá ganhar”, salientou o presidente do Parlamento Europeu.
 O prémio distingue o Conselho de Coordenação da Bielorrússia, qualificado pelo PE como uma "iniciativa de mulheres corajosas e figuras da sociedade civil e política”, e que engloba diferentes personalidades, como a recente candidata à presidência do país, Svetlana Tikhanovskaya, ou a laureada com o Prémio Nobel da Literatura em 2015, Svetlana Alexijevich.
 Referindo que "os grandes protestos nas ruas da Bielorrússia comoveram o mundo e já estão em curso há 11 semanas”, o presidente do PE sublinhou também que "à medida que aumenta a admiração perante a população bielorrussa”, aumenta também a "condenação das represálias violentas de Lukashenko (presidente da Bielorrússia), os  actos de tortura e de negação da verdade”.
 "Caros laureados deste prémio, mantenham-se fortes, não renunciem às vossas batalhas, e nós estaremos do vosso lado”, apontou.
 A UE reitera a condenação à violência e apela às autoridades da Bielorrússia para que libertem todos os detidos e se empenhem num diálogo nacional inclusivo.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também reagiu ao anúncio através da sua conta oficial na rede social Twitter. "O Prémio Sakharov deste ano recompensa a coragem da oposição na Bielorrússia e homenageia a sua luta pela democracia e liberdade”,  afirmou Charles Michel no 'tweet'. O Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, também congratulou os laureados em nome da Comissão.
 "O Prémio Sakharov vai para todos aqueles na Bielorrússia que defendem destemidamente a democracia e os direitos fundamentais face à repressão. A UE saúda a coragem e apoia totalmente as suas ambições”, salientou Borrell na mensagem no Twitter.
A entrega do prémio está prevista para 16 de Dezembro, durante a sessão plenária que deverá ocorrer em Estrasburgo, França, e tem o valor de 50 mil euros.
 Além da oposição bielorrussa, eram também finalistas a ambientalista hondurenha Berta Cáceres e os activistas de Guapinol, e o arcebispo de Mossul (Iraque), Najib Mikhael Moussa.
 O grupo de activistas ambientais de Guapinol encontra-se detido pela participação num acampamento de protesto pacífico contra uma companhia mineira, cuja actividade provocara a contaminação dos rios Guapinol e San Pedro, na Guatemala.
 Berta Cáceres, incluída na categoria dos activistas Guapinol, foi assassinada em 2016, nas Honduras, após ter protestado contra a extracção ilegal de madeira e a apropriação de terras das populações indígenas. Já o arcebispo da cidade iraquiana de Mossul, ajudou à retirada de cidadãos cristãos, sírios e caldeus para o território iraquiano reclamado pelos curdos e, desde 1990, contribuiu para a salvaguarda de mais de 800 manuscritos históricos que datam dos séculos XII e XIX.
 A União Europeia (UE) recusa-se a reconhecer os resultados eleitorais de 9 de Agosto na Bielorrússia, que deram como vencedor Aleksander Lukashenko, com 80 por cento dos votos, tendo aprovado um pacote de sanções a várias personalidades do regime, incluindo o próprio Lukashenko.

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