Sociedade

Testes rápidos vão ajudar África a ultrapassar “enormes necessidades”

A directora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África anunciou ontem que os testes rápidos ao novo coronavírus, com resultados em minutos, estão a chegar ao continente e ajudarão a superar as “enormes necessidades” da região.

24/10/2020  Última atualização 16H14
Na conferência online semanal sobre a Covid-19 em África, ontem dedicada aos testes rápidos de diagnóstico, Matshidiso Moeti anunciou que os países africanos estão a preparar-se para introduzir em grande escala os testes de diagnóstico rápido, baseados em antigénios.

"Isto será uma mudança na nossa luta contra a Covid-19. Estes testes rápidos de alta qualidade irão ajudar a satisfazer as enormes necessidades não satisfeitas em África”, afirmou.
Em África, disse, "a maior parte dos testes utilizados são os PCR (Polimerase Chain Reaction, que verifica se o vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19, está presente numa amostra), o que implica laboratórios, reagentes e especialistas”.

E sublinhou a "lacuna significativa” que continua a existir em África, em matéria de testes: "Por exemplo, o Senegal aumentou significativamente a sua capacidade de testes, mas continua a testar 14 vezes menos do que os Países Baixos e a Nigéria está a testar 11 vezes menos que o Brasil”.

"Os novos testes rápidos são fáceis de utilizar, mais baratos que a reacção em cadeia da polimerase (PCR) e fornecem os resultados em menos de 30 minutos, permitindo aos países descentralizar os testes e acelerar o tempo de resposta para que os resultados cheguem rapidamente”, adiantou.
Um avanço bem-vindo pelas autoridades do Uganda, que se debatem com as necessidades laboratoriais que os testes PCR exigem, além do transporte.

 Susan Ndidde Nabadda, responsável pelo Laboratório Nacional de Saúde e Serviços Centrais de Saúde Pública do Uganda, congratulou-se com a chegada destes testes rápidos, que, acredita, vão possibilitar um maior número de testes.
"Usamos os testes PCR, porque é o recomendado”, disse, durante a sua intervenção da conferência virtual.

Para Susan Ndidde Nabadda, como o país tem poucos laboratórios, a realização dos testes envolve frequentes deslocações, o que atrasa o processo de identificação dos casos.
"Os novos testes permitem acelerar o acesso aos resultados e a imediata actuação junto do doente”, referiu.
O Uganda registou até ontem 10.933 casos de infecção pelo novo coronavírus, 98 dos quais mortais, e contabiliza 7.154 doentes recuperados.

Também o director-geral do Instituto Nacional de Saúde Pública da Guiné-Conacri, Abdoulaye Toure, congratulou-se com a possibilidade que estes testes oferecem, nomeadamente ao nível do acesso e da rapidez.
Os testes rápidos são "uma oportunidade. Vão facilitar a segurança da doença e ajudar a gerir a epidemia”, disse o responsável do Instituto Nacional de Saúde Pública da Guiné-Conacri, país que contabiliza 11.635 casos, 71 mortos e 10.474 doentes recuperados.

No encontro virtual com a Comunicação Social, Matshidiso Moeti disse ainda que a OMS está a trabalhar em conjunto com os países que vão receber os testes rápidos, "enviando documentos-chave de orientação política e operacional, desenvolvendo um pacote de formação e destacando peritos no terreno para apoiar a realização destes testes”.

O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou, no passado dia 28 de Setembro, que a organização vai disponibilizar, para países mais pobres, 120 milhões de testes rápidos de Covid-19, com resultados em 30 minutos.
Na altura, o responsável lembrou o papel que a organização já teve na disseminação dos reagentes PCR, para que os países pudessem testar a presença do vírus, tendo vindo a trabalhar para desenvolver testes mais rápidos e simples de utilizar em qualquer local.