Reportagem

Lunda-Norte: Demora na reabilitação das estradas atrasa desenvolvimento no Lubalo

Decorridos seis anos desde o acto de consignação, as obras de reabilitação da Estrada Nacional 170 continuam por concluir para desagrado dos munícipes do Lubalo.

29/10/2020  Última atualização 16H45
No troço que liga a sede municipal às comunas do Camaxiloe Xinge, nos municípios do Caungula e Capenda-Camulemba, respectivamente, os trabalhos encontram-se paralisados, alegadamente devido ao agravamento da crise financeira.

Em termos práticos, dos 10 municípios que compõem a Lunda-Norte, apenas Lubalo está desprovidode estradas asfaltadas, o que tem dificultado a circulação rodoviária com as demais localidades da província.
Com uma população estimada em 22 mil habitantes, predominante envolvida na agricultura de subsistência,no passado, Lubalo enfrentou a carência extrema de estruturas sociais básicasde saúde, educação, entre outras.
Embora muito ainda há por fazer, contudo, paulatinamente, a situação regista mudanças significativas. Residente há anos no Lubalo, Tadeu André reconhece que o município revela sinais de melhorias na oferta de serviços públicos, acrescido a expectativa com o início das obras inseridas no Plano Integrado de Intervenção nos Municípios(PIIM).

Um senão, salienta, tem sido a demora na conclusão das obras na Estrada Nacional170 e, consequentemente, os embaraços na circulação rodoviária de modo geral.
"Para que haja um desenvolvimento harmonioso, é necessário que se preste especial atenção aos acessos. O avançado estado de degradação nas vias que ligam o município com outras localidades tem sido um autêntico calvário para os automobilistas”, lamentou.

Entre a cidade do Dundo, e o município do Lubalo, num percurso de aproximadamente 300 quilómetros,segundo Tadeu André, não existe serviço de transporte de passageiros e mercadorias.
Segundo consta, a partir da comuna do Camaxilo, município do Caungula,até ao Lubalo, na Estrada Nacional 170, a via está em péssimas condições.

Para se ter acesso a um meio de transporte, de ou para o Lubalo, os passageiros são obrigados a deslocar-se à cidade Saurimo, na vizinha província da Lunda-Sul."Por causa do trajecto, os custos da viagem acabam sendo adicionais.
Significa que para sair ou entrar no Lubalo, temos necessariamente que ir até a Lunda-Sul”, disse Tadeu André, sublinhando que o preço da passagem de Saurimo ao Lubalo varia entre sete a oito mil kwanzas.

Receio de isolamento

Devido a longa demora na retoma da reabilitação da Estrada Nacional 170, e das demais vias de circulação, o  receio de isolamento com outras localidades aumenta entre os habitantes do município do Lubalo. Leonardo Manuel, outro munícipe abordado, manifesta com alguma mágoa este sentimento. Reconhece que,em termos de impacto, a reabilitação das estradas vai melhorar a qualidade de serviços e o escoamento de produtos agrícolas, das zonas de cultivo para as principais redes de comercialização.

"Por causa dos problemas na circulação rodoviária, a população vê-se, cada vez mais privada da interacção social e cultural com outros municípios”, disse.
Leonardo Manuel considera fundamental a construção e requalificação da Estrada Nacional 170, com vista a assegurar a fluidez das trocas comerciais, interacção social, cultural e desportiva entre as diferentes localidades do país. Sugeriu, por isso, que a referida estrada deve constar das prioridades do Executivo.

"Além de criar bases para que as mercadorias cheguem com maior facilidade, no sentido de se evitar a escassez de bens essenciais de consumo e outros produtos, a reabilitação desta importante via de comunicação vai facilitar a vida dos munícipes do Lubalo”, salientou.  Leonardo Manuel afirmou também que as vias de ligação entre a sede municipal do Lubalo às comunas do Luangue e Muvuluege apresentam níveis acentuados de degradação.

Impacto negativo nas obras do PIIM

A par da Estrada Nacional 170, os constrangimentos na circulação estendem-se fundamentalmente a Estrada Nacional 230, no percursoMalanje/Lunda-Norte, o que tem provocado um impacto negativo no avanço das obras inseridas PIIM.
João Cahungo, encarregado de obra da empresa responsável pela construção de uma escola de sete salas de aula no Lubalo, no âmbito do PIIM, explicou que, por culpa dascondições das estradas, os materiais chegam com imensas dificuldades ao município.

"Os materiais utilizados na construção, saem do estaleiro central no município do Cuango. Do Cuango até a comuna do Camaxilo, no município do Caungula, o percurso é feito sem problemas pela Estrada Nacional 225.  As dificuldades surgem no troço da EN170, que dá acesso à sede do Lubalo, onde os buracos colocam tudo e todos à prova”,disse.
Não obstante asrestrições na circulação, João Cahungo prometeu envidar esforços para cumprir com o prazo de entrega da escola.

Jordão Salvador, fiscal de obra de uma outra estrutura pública enquadrada no PIIM, queixa-se do mesmo problema. Com base no cronograma estabelecido, depois do início das obras emJunho do corrente ano, afirma que era suposto a empreitada estar com um grau de execução em torno dos 25 por cento, contrariamente aos actuais 17.
"O processo de transportação dos materiais de construção não tem sido favorável devido as condições das estradas”, disse.

Eixos rodoviários interligados

A retoma das obras do troço Camaxilo/Lubalo até ao Xinge, reveste-se de capital importância por ser o ponto de partida previsto para interligar os eixos rodoviários entre as estradas nacionais 230 e 225.
Em resposta às reclamações dos munícipes e empreiteiros, relativamente ao estado das vias de circulação, o administrador municipal do Lubalo, Silvestre Cheleca, afirmou que a retomada das obras de reabilitação na Estrada Nacional 170 vai acontecer tão logo haja disponibilidade financeira.

"O mais importante é que a obra já foi consignada e consta da carteira de projectos estruturantes de investimentos do Ministério das Obras Públicas e Ordenamento do Território”,disse.
Segundo Silvestre Cheleca,um dos primeiros passos dados pelas autoridades tem a ver com o facto de a estrada ter sido enquadrada com o estatuto de troço de categoria nacional. Deste ponto de vista, antevê a busca de soluções para contornar oproblema.  em termos de recursos financeiros para sua a reabilitação e asfaltagem.

O administrador municipal do Lubalo garantiu que, enquanto se aguarda a remoção dos constrangimentos que condicionam o reinício das obras, o Governo da Província vai, em breve,movimentar as máquinas da Brigada de Manutenção de Estradas, para dar início a um trabalho paliativo com vista a reduzir o impacto da degradação.
"Estamos conscientes do perigo. Então, enquanto aguardamos que se criem condições financeiras para a retoma das obras, o governo provincial vai movimentar os equipamentos da Brigada de Manutenção de Estradas para o início das obras que visam reduzir o impacto da degradação das estradas”, afirmou SilvestreCheleca, assegurando, entretanto, que tudo está a ser feito para que a via seja completamente reabilitada.

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