Economia

Projecto cria incentivos para produtores nacionais

O Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial (PDAC) acolheu mais de trezentas manifestações de interesse para financiamento de projectos. Destas, 46 já possuem planos de negócios que estão a ser analisados e melhorados pela equipa técnica, segundo dados fornecidos ao Jornal de Angola pelo coordenador do PDAC, Pedro Valentim Dozi.

30/10/2020  Última atualização 13H25
© Fotografia por: DR
Mais de 400 produtores já foram visitados nas províncias de Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul, tendo o responsável garantido que a equipa está a trabalhar com os produtores que ainda não elaboraram planos de negócios.
"Tudo isto resulta das intervenções que temos realizado nas províncias de Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul.
Não posso também deixar de referir o importante apoio que temos recebido dos Governos de Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul, ao qual têm facilitado o nosso trabalho e conferido alguma celeridade ao processo de instalação”, disse Pedro Valentim Dozi, tendo encorajando o estabelecimento de alianças produtivas.

O projecto pretende identificar oportunidades de mercado mutuamente vantajosas para os potenciais beneficiários dentro das cadeias de valor mais  prioritárias como do milho, soja, feijão, café, ovos e frangos.
As alianças produtivas irão também promover o processamento de valor agregado, a conformidade com os padrões sanitários e de certificação e uma resposta em escala à procura verificada do mercado.
"Vamos iniciar esta primeira experiência com a  criação de condições para o estabelecimento de alianças produtivas e, a partir do dia 3 de Novembro, iniciar a trabalhar directamente com os produtores de Malanje e Cuanza Sul. Para tal, já temos uma equipa de assistência técnica instalada nos dois corredores”, assegurou.

Disponibilidade

O pacote global do financiamento do projecto é de 230 milhões de dólares norte-americanos dos quais 13 milhões dólares por via do Banco Mundial e os restantes 100 milhões pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
Os financiamentos se destinam à execução de quatro componentes, nomeadamente a promoção e apoio ao desenvolvimento do agro-negócio avaliado em  80 milhões de dólares, em infra-estruturas de produção e comercialização no valor de 95 milhões, assim como o fortalecimento institucional e melhoria do ambiente de negócios em 40 milhões, gestão, monitoramento e avaliação de projectos em 15 milhões de dólares.
O projecto abrange o cofinanciamento e assistência técnica, a recuperação de infra-estruturas de apoio à agricultura, assim como a melhoria do ambiente de negócios.

Abrangência

O PDAC será implementado em duas fases. Na primeira, que decorre até 2021, que contempla os primeiros três anos do projecto, serão abrangidas as províncias do Cuanza Sul, Cuanza Norte e Malanje.
"Temos um caso especial de Luanda por causa do perímetro irrigado de Bom Jesus, onde a nossa intervenção vai abranger a recuperação de infra-estruturas agrícolas para beneficiar aproximadamente 250 agricultores”, revela Pedro Dozi.
Após avaliação desta primeira experiência, o PDAC vai abranger sete províncias, no caso do Uíge, Benguela, Huambo, Bié, Huíla, Bengo e Luanda.  

Destinatários

Os beneficiários directos do projecto incluem a agricultores individuais e organizados (cooperativas e associações) nas áreas do projecto, as PME do sector do Agronegócios, organizações de mulheres e jovens rurais dentro das cadeias de valor seleccionadas, o Ministério da Agricultura e Pescas, bem como as instituições financeiras e garantidoras de crédito para actividades vinculadas ao sector da Agricultura.

Além disso, o projecto incide indirectamente na reabilitação de estradas rurais, populações residentes nas áreas de intervenção do projecto, empresas a montante ou a jusante das cadeias de valor do agronegócio que também vão beneficiar através de novas políticas e regulamentações agrícolas, associações empresariais, instituições académicas e de pesquisa.

 O PDAC tem como objectivo principal criar as condições para que exista um caminho claro e relativamente simples para realização de investimentos no sector da Agricultura Comercial em Angola. Isto inclui reduzir (ou eliminar) os obstáculos para que esta actividade seja realizada de forma célere e eficiente.
Em termos específicos, a expectativa é que o PDAC ajude a aumentar a produção agregada por unidade padrão nas cadeias de valores selecionadas.
Espera-se também que ajude a aumentar as vendas brutas médias por atividades agrícolas/não-agrícolas dos agricultores beneficiários e PME e, finalmente, aumentar a carteira de agricultores alcançados com activos ou serviços técnicos e financeiros.

Valor agregado

Sendo o primeiro projecto deste tipo em Angola, o PDAC está a envidar esforços para  melhorar o acesso ao capital necessário para impulsionar a acumulação de activos agrícolas para os Pequenos e Médios Empreendimentos (PME) do agronegócio - físicos, financeiros, humanos e sociais através de assistência técnica, cofinanciamento e garantias de crédito parcial, infra-estrutura produtiva melhorada - estradas rurais, irrigação, conexões eléctricas de última milha, gestão pós-colheita e mercados de inputs e outputs, inovação tecnológica - processo do produto e organização - reduzindo os riscos negativos que afectam a produtividade, incluindo perdas de produção e instituições sectoriais fortalecidas.
"Estamos atentos a situação de pandemia que atravessa o mundo e que de certa forma também afecta os produtores angolanos. Para fazer face aos efeitos da Covid- 19, temos aberta uma linha de financiamento, visando reduzir as interrupções nas cadeias de abastecimento agrícola”, adiantou Pedro Dozi, para quem o PDAC vai propor a extensão das linhas de financiamento comercial e de capital de giro a potenciais beneficiários até 31 de Dezembro do corrente.
Junta-se a esta iniciativa, um programa de assistência directa a empresas privadas, como cooperativas e PME nas províncias de Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul.  

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